GOSPEL
Assembleia de Deus se divide sobre “reteté” e manifestações no culto
Presidente da CGADB afirma que crente tem liberdade para adorar, enquanto outros líderes tentam impor restrições
Uma antiga prática pentecostal reacendeu um debate dentro da Assembleia de Deus: o “reteté” — termo popular que se refere às manifestações mais efusivas durante os cultos, como pulos, corridas e gritos de júbilo. Enquanto alguns líderes defendem essas expressões como legítimas demonstrações espirituais, outros alegam que fogem dos padrões doutrinários da igreja.
O tema voltou à tona após viralizar nas redes sociais um vídeo do pastor Martim Alves da Silva, presidente da Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte. Na gravação, o líder regional repreende o que chama de “exageros” durante a adoração, deixando claro que esse tipo de conduta não será tolerado nas igrejas sob sua liderança.
José Wellington reage: “Nós somos a Igreja do Reteté”
Em resposta indireta à fala do colega, o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), saiu em defesa das manifestações pentecostais durante a 46ª Assembleia Geral Ordinária da denominação, realizada em Novo Hamburgo (RS).
Ao mesmo tempo em que defendeu o “reteté”, Wellington alertou sobre o uso inadequado do altar, criticando a postura de líderes que transformam o púlpito em palco de entretenimento. Ele afirmou que o verdadeiro pregador não precisa de diplomas ou títulos acadêmicos, mas sim de uma vida marcada por santidade e temor à Palavra de Deus.
Conflito revela divisão sobre identidade e tradição
O embate entre os dois líderes escancara uma divisão silenciosa dentro da maior denominação evangélica do país. Enquanto uma ala mais tradicional busca preservar a liturgia contida e reverente, outra abraça com entusiasmo a liberdade expressiva que marca o pentecostalismo brasileiro há décadas.
O debate promete continuar, já que o “reteté”, para muitos, não é apenas uma forma de adoração — é parte da identidade histórica da igreja. Resta saber se haverá consenso ou se cada convenção seguirá sua própria linha de conduta.