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Benicio Zegarra, o “Pipoquita”, pioneiro na pipoca em Cruzeiro do Sul, é mais uma personalidade do Juruá lembrada pelo Acrenews
Por Eré Hidson
Benicio Victor Raul Herera Zegarra (Pipoquita) nasceu em 23/08/1932, em Punta Del Bomom/Peru. Chegou em Cruzeiro em 1969. Veio na condição de refugiado, para não morrer, juntamente com mais dois compatriotas Peruanos, fugindo do Sendero Luminoso (“Sendeiro Lulinoso” ou “Caminho Ilumlinado”, em espanhol), oficialmente Partido Cumunista Del Perú (PCP), uma organização de inspiração Maoísta, fundada no fim da década de 1960 pelos corpos discentes e docentes da Universidade do Peru (especialmente da província de Ayacucho). É classificada pelos Estados Unidos e pelo Estado Peruano como organização terrorista.
O golpe de estado no Peru, de 3 de outubro de 1968, denominado pelos militares como o início da “Revolução Nacionalista”, foi uma ação militar realizada por um grupo de oficiais do Exército Peruano, liderado pelo General, Juan Velasco Alvarado, para derrubar o presidente eleito constitucionalmente, Fernando Belaúnde Terry.
Passagem interessante da vinda do Benicio para Cruzeiro, vindo pelo meio da floresta Amazônica peruana, nos caminhos e varadouros, e depois de barcos e canoas. Nesse traçado, chegou a encontrar o Irmão José da Cruz (Profeta), que passou em Cruzeiro do Sul exatamente em 1969.
Coincidentemente, um estava de subida e outro de descida e se encontraram mais ou menos na Pucallpa do senhor Ezique (in memorian)
Chegando em Cruzeiro do Sul, trabalhou como auxiliar de serviços gerais, no então 7° BEC, atual 61° BIS, juntamente com seus compatriotas, Oscar e o outro por nome desconhecido. Dona Alda José Romão, Viúva de Pipoquita, conta que conheceu Benício Victor, ainda no final dos anos 1960.
Quando o conheceu, morava no bairro Cruzeirão. Muitos não sabem, mas, naquela época, gastava-se, em média, de 55 minutos a uma hora, pelo caminho, porque não tinha estrada ainda.
Com a benção do pai da noiva, casaram e ganharam como dote um terreno do pai da Dona Alda José Romão, onde construíram a primeira casa. Casa essa, construída pelo Cazuza, de formação empírica.
Começaram uma vida simples, mas conseguiram triunfar pela força do trabalho.
Juntamente com os filhos
Francisco Eullis Romão, músico completo;
Jean Carlos Romão Zegarra, que trabalha no setor privado; Erleian Romão Zegarra, professora.
Em tempos de dificuldade de comercialização de produtos, devido ao isolamento histórico de Cruzeiro do Sul, o nosso homenageado, Pipoquita, percebeu que não tinha pipoca, nem milho de pipoca em Cruzeiro. Sendo que no Peru, há inúmeras variedades de ‘maíz’, milho em espanhol.
Então veio a ideia da comercialização da pipoca, e também militos, vindo do Peru, que virou febre na época, e foi a sua grande marca registrada nas ruas e mercados do Cruzeiro do Sul, e também no Novenário de Agosto.
Certamente, quem viveu em Cruzeiro do Sul nas décadas de 70, 80 e 90, lembra com saudosismo do nosso querido Pipoquita, que faleceu em Rio Branco, em 2014, aos 82 anos, levando consigo um capítulo importante da região mais rica do Acre, a bacia do Juruá.