Prevista para começar nesta quinta-feira (4), a paralisação articulada nas redes por caminhoneiros não alcançou consenso entre profissionais do setor. Entre as principais reivindicações, surgem pedidos de mudanças no serviço público e no STF (Supremo Tribunal Federal).
Com propostas distintas das levantadas em 2018, o movimento gerou preocupação entre algumas lideranças. Para o catarinense Luciano Régis, diversas bandeiras divulgadas neste ano pertencem ao campo político e não ao transporte rodoviário.
“Eu não acho justo uma parcela da sociedade usar a categoria, os caminhoneiros, para resolver um problema que talvez seja de todos os brasileiros”, declarou.
O documento amplamente disseminado nas redes reúne 18 demandas atribuídas aos trabalhadores e inclui temas de forte teor político, entre eles anistia total e irrestrita aos condenados pelos ataques do 8 de Janeiro.
Falta de organização
Outros itens tratam de questões específicas da atividade, como reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas, manutenção do piso para 9 eixos e isenção de pesagem entre eixos. Mesmo assim, esses pontos não aparecem com destaque nas convocações virtuais.
Com mobilização limitada, integrantes do setor afirmam que as discussões atuais esvaziam prioridades históricas dos caminhoneiros. Para Hemerson Galdim, presidente da Sindconpetro-PB e representante da Fenttrocar, a paralisação perdeu força antes mesmo de começar, sobretudo pela ausência de etapas essenciais ao processo decisório.
“Para realizar uma greve, ela precisa passar por um ritual, uma assembleia para discutir quais as pautas de reivindicação, coisa que não aconteceu. E vimos que o que aconteceu foi tudo de repente, caracterizando questões políticas”, afirma o caminhoneiro.
Posicionamento de entidades
Em busca de sustentação jurídica, Chicão Caminhoneiro, representante da UBC (União Brasileira dos Caminhoneiros), divulgou vídeo ao lado do desembargador aposentado Sebastião Coelho, do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios). Ambos anunciaram que pretendem protocolar uma ação para formalizar a paralisação em nível nacional.
A gravação circulou entre políticos ligados à direita bolsonarista, como o senador Cleitinho Azevedo (PL-MG), mas não obteve adesão unânime dentro do próprio grupo.
Em sentido oposto, o deputado Zé Trovão (PL-SC), representante da categoria na Câmara e participante das paralisações de 2021, publicou vídeo em que rejeita a proposta.
“Se for em prol do presidente Bolsonaro, esse não é um desejo da própria família, porque isso pode agravar a situação dele”, comentou.
Também figura central na mobilização de 2018, Wallace Landim, o “Chorão”, presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), manifestou oposição à convocação atual.
Em pronunciamento, defendeu o direito de cada cidadão protestar, mas reforçou a necessidade de cautela devido à relevância do transporte rodoviário para o funcionamento de diversos setores do país.
Nota com reivindicações exigidas pelos grevistas
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