ESPORTE
Canhões, vampiros, capetas e sacis
Por esses dias ando a descobrir e me divertir com a origem de alguns apelidos de futebolistas brasileiros famosos. Alguns desses apelidos dizem respeito às qualidades dos caras enquanto boleiros. Mas tem outros apelidos que aludem às características físicas do sujeito alvo do tal epíteto.
A maioria dos jogadores que chuta com muita violência, por exemplo, ganha um “canhão” como apelido. São os casos do Nelinho, que escreveu uma bela história com as camisas de Cruzeiro-MG e Atlético-MG; e do Roberto Carlos, que jogou no Palmeiras-SP e no espanhol Real Madrid.
O Nelinho, cujo nome de registro é Manoel Rezende de Matos Cabral, carioca do Rio de Janeiro, além dos dois times mineiros famosos, foi atleta também do português Barreirense, do venezuelano Anzoátegui, do guanabarino Bonsucesso e do paraense Clube do Remo. Um atleta rodado!
O apelido “Canhão das Américas” ele ganhou logo depois das primeiras exibições pela seleção brasileira, no ano de 1974. E não se diga que ele se valia apenas da violência do chute. Além da força, ele imprimia tanto efeito na bola que esta costumava descrever “trajetórias impossíveis”.
Já o Roberto Carlos, de sobrenome “da Silva Rocha”, que nasceu no município paulista de Garça, no dia 10 de abril de 1973, este foi um personagem de poucos clubes. Além de Palmeiras e Real Madrid, ele jogou apenas por Corinthians-SP, FK Anzhi (Rússia) e Delhi Dynamos (Índia).
Quando chegou à seleção brasileira, em 1992, aos 18 anos, ele já era conhecido pelo apelido de “Canhão Humano”, tal a força que ele imprimia na bola com o pé esquerdo. E tal qual o Nelinho, a bola chutada pelo Roberto Carlos percorria caminhos inimagináveis rumo às traves dos adversários.
Enquanto isso, no que diz respeito ao Vampeta, apelido do volante que nasceu no município baiano de Nazaré da Farinhas, cujo nome de registro é Marcos André Batista dos Santos, e que jogou, entre outros, por Fluminense-RJ e Corinthians-SP, aí o apelido surgiu por razões de ordem não esportivas.
O que dizem as línguas (as boas ou as más?) é que o apelido surgiu quando ele chegou, ainda adolescente, às divisões de base do Vitória-BA. E foi posto pelos colegas de time que o acharam pouco dotado de beleza física e disseram que ele tanto parecia com um “vampiro” quanto com o “capeta”.
É isso. Antigamente, quando não existia a questão do politicamente correto, todo mundo tinha um apelido, fosse jogador de futebol ou não. E quanto mais o alvo se invocasse, mais o apelido pegava. O meu apelido, ainda na infância, como eu era negro e magrinho, era Saci-Pererê. E o seu?

