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Carlinhos do Pelado, uma figura carismática que acaba de surgir pra política no Alto Acre, fala da difícil tarefa de substituir Fernanda Hassem em Brasiléia

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Jorge Natal, especial para o AcreNews

Segundo historiadores brasileiros e bolivianos, a região que viria a ser Brasiléia era ocupada, até o final do século XIX, por dois povos originários, os Katianas e os Maitenecas. Depois, a localidade foi colonizada por imigrantes nordestinos, que vieram em busca de riquezas prometidas com a extração do látex. Era o primeiro ciclo da borracha.

De acordo com a professora Gislene Salvatierra da Silva, de 88 anos, mestra em Ciências do Ensino Superior pela Universidade de Pando, durante os primeiros 30 anos de ocupação não havia uma cidade organizada, mas vários seringais que dividiam o espaço. Entre os maiores estavam o Carmem, o Nazaré, o Vermont, o Canindé e o Baturité.

A localidade era um distrito do Departamento do Alto Acre, que tinha como capital Rio Branco. Nesse período o território era dividido em quatro departamentos, cada um com uma capital. Em 1912 foi incorporado ao município de Xapuri, criado naquele ano e assim ficou até dezembro de 1938, quando foi, enfim, elevado à categoria de município.

Durante esses mais de cem anos de existência, passou por várias transformações, sendo a mais marcante o fim do ‘boom da borracha’, ocorrida após o fim da Segunda Guerra Mundial. De opulenta e até extravagante economia do “ouro negro”, passou a ser uma região tão pobre quanto àquela de onde vieram os bravos arigós.

A partir da década de 70, a agropecuária foi introduzida na região, que passaria por novas transformações econômicas e sociais. O saudoso e visionário governador Francisco Wanderley Dantas, professor oriundo de uma família de seringalistas, sonhou em transformar as terras acreanas num celeiro de grãos e em campos com boi que gerariam produtos para exportação.

A fertilidade, a abundância e o preço ínfimo de terras atraíram ao Acre centenas, em alguns momentos milhares, de fazendeiros e outros empresários ligados ao agronegócio. Oriundos de diversos estados da federação, no Acre, logo ficaram conhecidos como “paulistas”, numa clara alusão ao contraste entre os recém-chegados e a população cabocla.


A introdução do novo viés econômico provocou lutas sociais e mortes por causa da posse da terra. Agruras à parte, o povo de pele clara e olhos azuis, uniu-se aos descendentes de nordestinos, aos sírio-libaneses, aos turcos, a alguns patrícios e assim formou-se a nossa gente. E aquilo que é o melhor: Brasiléia, nos próximos anos, ficará apenas atrás da capital em se falando de PIB. A região tem as terras mais valorizadas do Acre e o agronegócio trouxe as agroindústrias e estas a exportação desses produtos.

Para falar dos cem dias de governo, a reportagem foi à Brasiléia e conversou com o prefeito Carlos Armando de Souza Alves, o Carlinhos do Pelado, de 51 anos. Vereador por dois mandatos (2004 a 2008), presidente da Câmara por duas vezes, vice-prefeito também por duas oportunidades (2017 a 2024) e secretário de Obras, ele quer ficar conhecido como um dos prefeitos que mais trabalhou pelo desenvolvimento do município. Veja a entrevista:

Acre News – Qual o balanço que o senhor faz nesses primeiros cem dias de governo?

Carlinhos – Nesses cem dias passamos por vários desafios, principalmente porque, pela primeira vez, assumi um cargo no executivo. É preciso dar continuidade ao trabalho já deixado pela ex-prefeita Fernanda Assem. Mas conseguimos dar uma melhorada na infraestrutura, com a troca da iluminação pública em vários bairros da cidade; fizemos vários serviços de tapa buraco; estamos dando acesso às escolas, melhorando os ramais; fizemos dez pontes na zona rural; fizemos a capina e a raspagem de doze bairros, ação que reduziu a dengue; fizemos um processo seletivo na educação; implantamos mais um posto de saúde noturno, com atendimento odontológico; colocamos para funcionar uma farmácia noturna; recuperamos algumas escolas do município; abrimos uma escola integral; e fizemos o primeiro campeonato internacional de pesca.

Acre News – Como é administrar a cidade que enfrenta as piores alegações, ao mesmo tempo em que é o município com a maior taxa de crescimento econômico?

Carlinhos – Brasiléia é uma cidade atípica. Felizmente em 2025 não houve inundações em nosso município. Administrar uma cidade em crescimento é um desafio muito grande. Aqui é um polo industrial e um corredor de exportação. Temos ainda zona franca, que impulsiona outras atividades empresariais. As políticas públicas precisam acompanhar esse desenvolvimento, melhorando a parte infraestrutural como a construção de moradias e trafegabilidade dos ramais. Iremos criar mais empregos e gerar renda, através das agroindústrias, além da garantia dos serviços essenciais. Tenho muito compromisso com a população e vamos construir uma Brasiléia melhor.

Acre News – O grupo do senhor, que veio de duas administrações anteriores, é o mesmo que ganhou as eleições. Por que a população de Brasiléia deu um terceiro mandato consecutivo para o Progressistas?

Carlinhos – Eu sou partidário e leal ao grupo político a que pertenço. Por onde eu passei, sempre fui atuante, ao lado e junto com o povo. Ainda no primeiro mandato da Fernanda, fui secretário de Obra e isso me credenciou. Por ironia do destino, vieram as alagações de 2012, 2015, 2023 e 2024 onde eu estive muito presente. A população viu e acompanhou o meu trabalho. O governador me convidou para vir para o Progressista. Ele encomendou uma pesquisa e o meu nome apareceu como o único capaz de ir para a disputa e ter êxito. Aos 45 minutos do segundo tempo, e já prorrogação, eu fui convidado e entrei na disputa. E tive apenas 45 dias de campanha.

Acre News – Quais foram as suas principais propostas?

Carlinhos – Um dos nossos compromissos foi melhorar o acesso das escolas da zona rural, uma vez que a educação é e sempre será prioridade. Todas as escolas serão reformadas e receberão um kit de energia solar, internet e um freezer para a conservação de alimentos. Vamos também colocar Brasiléia de volta na rota do turismo acreano. Temos parcerias com as empresas Acre Aves e Dom Porquito, que estão aumentando as suas produções. Iremos construir casas populares, pois o déficit habitacional aqui é alto. Quando iniciar o verão, começaremos um pacote de obras, a começar pela nova orla na entrada da cidade. Também iremos asfaltar treze quilômetros de ramais, incluindo pontes de concreto armado, de madeira e mista. Enfim, iremos fazer uma administração participativa, transparente, respeitadora do dinheiro público e altamente comprometida com o desenvolvimento do município. Também nos comprometemos em melhorar a saúde no campo, onde temos três postos de saúde, que funcionavam apenas pela manhã. Fazê-los funcionar durante o dia inteiro é o que estamos providenciando.

Acre News – Há rumores de que o senhor teria dito que ficará na história como o prefeito que mais trabalhou pelo município. Explique isso.

Carlinhos – No período eleitoral, no fervor da campanha, dissemos que, caso a população confiasse em nós, faríamos umas das melhores gestões da história do município. Acredito que vamos deixar o nosso nome na história. E, nesses cem dias, é possível aferir isso, principalmente pelo engajamento e entrosamento da nossa equipe. Eu estou me dedicando, profissional e pessoal, para fazer uma gestão consequente, proativa, inovadora, participativa e principalmente resolutiva. Vamos atrás de recursos e firmaremos inúmeras parcerias. Faremos uma cidade para todos, que é o nosso slogan.

O Acre News – Brasiléia foi vítima de inúmeros escândalos envolvendo malversação de recursos. É possível fazer política com ética?

Carlinhos – É necessário, eu afirmo. Não ataquei ninguém para ganhar a eleição. Tenho adversários, mas nunca inimigos. E eu vou melhorar a vida da nossa gente. Vamos cumprir todos os nossos compromissos de campanha. Por causa disso, fizemos um plano de governo exequível. Eu sou do bem, otimista e trabalhador. Tenho causas e acredito nelas. Eu acordo cedo e durmo tarde para tornar os meus sonhos em realidade. Eu gosto de pessoas, gosto de cuidar de gente. A boa política é moderação, aglutinação e conciliação. Ah, e muita fé em Deus.

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