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GERAL

Cartunista Braga conta histórias protagonizadas pelo maior humorista do Acre, Álvaro Rocha

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em

ÁLVARO ROCHA

  • Francisco Braga

Difícil reproduzir uma estória contada por Álvaro Rocha. Só mesmo ele, com aquele talento sobrenatural capaz de fazer qualquer carrancudo, mau amado, com dor de dente ou de chifres não cair na gargalhada. Alvarozinho foi um grande humorista acreano das redações de jornais, estúdios de rádio e televisão, escritórios governamentais e da Emater, botecos e tudo enquanto coubesse gente disposta ou indisposta a achar muita graça.

Humorista amador, porém genial, que nunca subiu num palco para apresentar seu espetáculo. O palco se fazia ao seu redor ou ao pé do ouvido. Ele era artista apenas de quem o conheceu ao vivo, com as mangas curtas da camisa dobradas (provavelmente para mostrar o muque. O cara era um baixinho musculoso) e de pano passado para dentro das calças jeans. Invariavelmente contava suas anedotas e causos sempre de pé, empunhando sua lata de cerveja tal qual um estiloso microfone sem fio.

Vez por outra… vez por outra não! Era toda sexta-feira mesmo! Por volta do meio-dia, ele chegava sorrateiro, por trás, enquanto eu me concentrava, diante do computador, nas minhas tarefas da assessoria de comunicação do governo do estado, com dedo indicador sobre os lábios fazia gesto para os colegas, e simulava um sussurro de maneira que todos escutassem: “Amiraldo (do famoso Bar do Amiraldo, no Papôco) acabou de me ligar e disse que era pra te avisar que a cerveja já tá gelada e o forró já começou!”. Era uma gargalhada na redação. A frase era sempre a mesma, mas sempre, sempre a gente ria e ria muito!

Para celebrar a alegria de viver e o bom humor deste acreano magnífico que me lembrei de um de seus causos.

Andava praqui, pracolá em um velho automóvel (se não me falha a memória, era um Gurgel) com emblema da Emater-Acre, cumprindo suas obrigações profissionais. Certa vez, no rumo de Xapuri de longe avista alguém acenando do acostamento (se é que havia acostamento naquela época de estrada despedaçada) onde estacionado estava um veículo bem acabadinho. Era um calhambeque mesmo! Pois bem. Álvaro, solidário que era, encostou adiante do homem que gritava “Aleluia! Glória à Deus!” enquanto corria ao seu encontro.

  • Bom dia cidadão! Que houve, amigo? Furou o pneu?
    Álvaro era muito conhecido.
  • Olha quem Deus me envia, Dr. Álvaro! Bom dia Dr. Álvaro! Dei o prego de gasolina ó, Dr. Álvaro?!
  • Num sou doutor não, amigo. Pode me chamar só de Álvaro mesmo. Mas eu posso lhe arrumar um pouco de combustível sim. Sabe usar o torçal?
  • Torçal?
  • Aquela mangueirinha pra puxar a gasolina…
  • Ah! Sim, sim… Sei, sei sim senhor, seu Álvaro! Sei sim!
    E assim se fez. Álvaro afastou-se para fumar um cigarro enquanto o afortunado assoprava e chupava no tubo de borracha até que o precioso líquido jorrou no rumo do recipiente. Parecia que tudo corria bem quando Álvaro percebeu que o cidadão escarrava e cuspia agoniadamente e foi lá saber o que sucedia.
  • Tá tudo bem aí, parceiro?
  • Hum… Ptuz! Ptuz!… Tá-tá, seu Ál- Ptuz! – varo! Ptuz!
  • Se queimou com a gasolina né? É ruim demais isso…
  • Foi não… Ptuz! Foi não, senhor… Ptuz! A gasolina… Ptuz! Que entrou na minha boca… Ptuz! Ptuz!… derreteu a minha chapa… caiu os dente tudo… Ptuz! Ptuz!…

Segundo Álvaro, cada “PTUZ!” daquele era um canino que o coitado cuspia.

Grande beijo, saudoso amigo Álvaro Rocha!

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