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SAÚDE

Casos de dengue no Acre crescem 64% em um ano e atingem 26,8 mil notificações

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O Acre vive em 2025 um dos quadros mais críticos de dengue já registrados no estado. Até o dia 13 de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) notificou 26.852 casos da doença, dos quais 7.120 foram confirmados, 18.488 descartados e 1.244 permanecem em investigação. O volume representa um aumento estimado de 64% em relação a 2024, quando as notificações somaram cerca de 16 mil, e quase o triplo do total de 2023, quando o Acre contabilizara pouco menos de 10 mil registros.

Com pouco mais de 880 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE, o Acre atinge uma taxa de incidência superior a 3.000 casos por 100 mil habitantes, número dez vezes acima do limite considerado epidêmico pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 300 por 100 mil. Em comparação, a média brasileira em 2025 gira em torno de 1.900 casos por 100 mil habitantes, segundo dados consolidados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Isso coloca o Acre entre os estados com maior incidência proporcional do país, superando Amazonas e Rondônia, que registram médias próximas de 2.000 casos por 100 mil habitantes.

O cenário se repete de forma desigual entre os municípios. Quatorze cidades — incluindo Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Manoel Urbano, Rio Branco e Epitaciolândia — apresentam alta incidência, com mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Outros quatro municípios (Sena Madureira, Xapuri, Senador Guiomard e Plácido de Castro) estão na faixa intermediária, enquanto apenas Jordão, Santa Rosa do Purus, Brasileia e Acrelândia mantêm índices baixos.

A região do Juruá concentra boa parte das notificações e também as maiores taxas relativas, impulsionadas por condições climáticas e ambientais favoráveis ao mosquito Aedes aegypti. Já Rio Branco, com maior densidade populacional, responde por cerca de 60% das confirmações, o que reforça o peso da capital na dinâmica estadual da doença.

No contexto nacional, o Brasil soma em 2025 mais de 6 milhões de casos prováveis de dengue, segundo estimativas da OPAS e do Ministério da Saúde. A taxa média para as Américas é de 387 casos por 100 mil habitantes, enquanto o Acre ultrapassa oito vezes esse patamar, o que confirma a situação epidêmica agravada no estado.

Além da alta circulação do vírus, especialistas apontam outro agravante: a presença simultânea de diferentes sorotipos da dengue, o que aumenta o risco de infecções secundárias e de formas graves da doença. O fenômeno é acompanhado de uma escalada de complicações entre gestantes e recém-nascidos, já observadas em outros estados da Amazônia Ocidental.

Mesmo com o reforço das ações de controle, como mutirões e aplicação de larvicidas, os números revelam que o combate ao mosquito permanece insuficiente. A estrutura de vigilância e o saneamento urbano precário em vários municípios dificultam a resposta. Para técnicos da Sesacre, a dengue no Acre deixou de ser uma emergência sazonal e tornou-se um problema estrutural, exigindo políticas permanentes de prevenção e integração entre as prefeituras e o governo estadual.

O Acre vive um ciclo de alta transmissão contínua, com variações sazonais cada vez menos perceptíveis. A doença se tornou endêmica, e o desafio agora é reduzir a velocidade de propagação.
Assim, mesmo em meio ao avanço de novas estratégias de combate, como o uso do mosquito Aedes aegypti com Wolbachia e campanhas educativas, o Acre segue em 2025 entre os epicentros nacionais da dengue, com taxas de infecção superiores às médias da Amazônia e do Brasil.

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