SAÚDE
Celular no banheiro: um hábito moderno com riscos antigos
Em tempos de hiperconectividade, o celular virou extensão do corpo humano. Está na mesa, na cama, no bolso e, cada vez mais, no banheiro. Mas o que parece uma pausa inofensiva para rolar o feed pode, na verdade, estar colocando sua saúde em risco.
Segundo o pesquisador Adam Taylor, da Universidade de Lancaster, o hábito de usar o celular no vaso sanitário está associado a sete problemas clínicos que vão muito além da etiqueta ou da higiene. A lista inclui desde hemorroidas até desmaios, passando por lesões musculares e neurológicas.
A permanência prolongada sentado no vaso, distraído com o celular, aumenta a pressão sobre os tecidos anais. Isso eleva em até 46% o risco de hemorroidas, condição que afeta até 85% da população mundial em algum momento da vida. Além disso, há o risco de fissuras anais, cortes dolorosos que surgem pela distensão da pele e podem transformar o simples ato de evacuar em um tormento.
Em casos extremos, o tempo excessivo sentado pode enfraquecer os músculos do assoalho pélvico, levando ao prolapso retal, uma condição em que parte do intestino se exterioriza pelo ânus. Embora rara, exige atendimento médico imediato.
Para pessoas com mobilidade reduzida, o risco de úlceras por pressão aumenta. A compressão contínua do tecido reduz o fluxo sanguíneo, gerando feridas difíceis de cicatrizar.
O esforço excessivo durante a evacuação, agravado pela distração do celular, pode contribuir para hérnias de hiato, quando parte do estômago sobe em direção ao tórax, causando azia e desconforto abdominal.
A famosa sensação de “pernas dormentes” pode ser sinal de neuropatia do assento, causada pela compressão de nervos e vasos sanguíneos. Em casos extremos, pode evoluir para gangrena. E o esforço prolongado pode ainda provocar síncope vasovagal, desmaios causados por queda súbita da pressão arterial.
Especialistas recomendam limitar o tempo no banheiro a cinco minutos e evitar distrações como o celular. Uma dieta rica em fibras e boa hidratação ajudam a facilitar o trânsito intestinal. E, para os mais ousados, a posição de agachamento pode ser uma alternativa, embora não isenta de riscos ortopédicos.