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Chandless: a complexa missão de integrar homem e natureza com cidadania, dignidade e sustentabilidade

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Agência AC / Foto: Odair Leal/Secom

Em momento histórico para o Acre, o governo Gladson Cameli leva, pela primeira vez, serviços públicos a uma das comunidades mais isoladas do planeta, a Floresta Estadual Chandless, na fronteira do Brasil com o Peru. Nesta reportagem especial, saiba mais sobre como essas ações vêm sendo realizadas

Barcos levando a equipe do governo singram o rio Chandless já ao anoitecer, em direção à sede do Parque Estadual Chandless, numa viagem de 12 horas desde Manoel Urbano; localidade recebeu a primeira edição da Ação Humanitária Itinerante, do Governo do Estado do Acre Foto: Odair Leal/Secom

É tempo de conciliação, de cidadania e de esperança numa das regiões mais isoladas do planeta. Em meio ao berçário de aves raras, répteis gigantescos e felinos vistosos, a expectativa de dias melhores renasce para 16 famílias, por meio do programa Ação Humanitária Itinerante, idealizado pelo governo Gladson Cameli para levar dignidade ao povo do Parque Estadual Chandless, a 233 quilômetros por água desde Manoel Urbano, numa viagem de mais de 12 horas de barco pelo Purus e, depois, pelo mesmo rio que empresta o seu nome ao parque.

Garotinho em preparação para soltar ave que acabara de ser capturada para estudos no Parque Estadual Chandless, por jovens mestrandos em biologia; integração da população local com a natureza é automática dentro da reserva de conservação Foto: Odair Leal/Secom

A área, que foi palco de conflitos épicos entre brasileiros e peruanos exploradores do caucho nos idos de 1903 e 1904, há mais de um século clama por um olhar humanizado das instituições nacionais, algo que se concretiza agora, graças à sensibilidade do governador Cameli em criar um programa para melhorar a vida das pessoas que moram no local – e em outros rincões do Acre.

Lancha do parque navega quase que silenciosa em apoio à equipe do governo pelo rio Chandless com a paisagem de grandes árvores sobre os altos barrancos do lugar; Floresta Estadual do Chandless recebeu a primeira edição do programa Ação Humanitária Itinerante, do governo do Estado do Acre Foto: Odair Leal/Secom

No último sábado, 29 de maio, pela primeira vez em 11 anos, 16 famílias, compostas por 76 homens, mulheres e crianças do Chandless receberam um governador de Estado, assim como uma primeira-dama, Ana Paula Cameli. A última vez que um chefe do Poder Executivo havia ido até a região foi em novembro de 2010, quando Binho Marques inaugurou a sede do parque.

Aranha é fotografada em árvore; Parque Estadual do Chandless concentra uma das maiores biodiversidades da Amazônia Foto: Odair Leal/Secom

Mais de uma década depois, a ação foi, desta vez, muito mais prática, objetiva e substancial: levar a primeira edição do programa Ação Humanitária Itinerante, um conjunto de serviços que vão desde consultas médicas e odontológicas, passando por exames laboratoriais e distribuição de medicamentos e de vacinação contra a Covid-19, à entrega de 16 placas fotovoltaicas que irão permitir a redenção energética para os moradores da região, possibilitando à comunidade mais qualidade de vida.

Odontólogos do programa Saúde Itinerante trabalham na recuperação da dentição de criança no Parque Estadual Chandless; carinho e dedicação pela população local Foto: Odair Leal/Secom

Nas palavras do governador, a garra e a coragem dos moradores da comunidade, por viverem em um dos lugares mais inóspitos do mundo, “os credenciam a ser muito mais valorizados pelo Estado brasileiro”.

Indígenas moradores do entorno do parque fazem uma pausa para o almoço à margem do rio Purus; área de conservação do Chandless é rodeada de aldeias indígenas, em sua maioria da etnia Kulina Foto: Odair Leal/Secom

“Na minha opinião, vocês são heróis, homens e mulheres que tanto necessitam da mão do Estado, mas que, apesar disso, sofreram muito tempo pela omissão dele. Todo o nosso esforço de chegar até aqui é por vocês. É para reafirmar que este governo tem compromisso com as pessoas, tanto com as das cidades quanto com as das áreas mais longínquas do nosso lindo estado”, afirmou Gladson, para uma plateia de ribeirinhos tradicionais, todos vivendo da economia de subsistência no Chandless.

Governador Gladson Cameli cumprimenta morador que está sendo atendido por um dos médicos do programa; ideia é valorizar cada um dos ribeirinhos do Chandless com vários serviços Foto: Odair Leal/Secom

No âmbito social, a população recebeu orientações sobre cuidados com a higiene corporal, esclareceu dúvidas em palestras sobre educação sexual e pôde entender mais sobre seus direitos e deveres, entre eles a Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência de homens contra suas companheiras.

Isnailda Gondim, diretora de Política para Mulheres, conversa com o público feminino sobre direitos e deveres como forma de esclarecimento para uma boa convivência com suas companheiras Foto: Odair Leal/Secom

A Floresta Estadual Chandless é uma das cinco localidades que estão sendo contempladas pelo governo do Estado com ações jurídicas, sociais e de saúde. A edição conta também com o apoio do Tribunal de Justiça do Acre e da Superintendência do Ministério da Saúde no estado.

Governador Gladson Cameli posa para a foto com os representantes das diversas instituições que estiveram no Ação Humanitária Itinerante do Chandless; juíza Andreia Brito representou o Tribunal de Justiça do Estado do Acre Foto: Odair Leal/Secom

Por isso, ainda no sábado, como parte da Ação Humanitária Itinerante, as instituições presentes selaram um acordo de cooperação técnica que avalizou mais quatro edições do programa, a serem realizadas ainda no mês de junho nas florestas do Rio Gregório, do Mogno, do Rio Liberdade e do Antimari.

Desse modo, assim como no Chandless, os moradores dessas áreas estaduais, também destinadas à conservação ambiental, serão contemplados pela ação governamental.

Na vastidão verde, amoxicilina é providencial a ataque de arraia

Nascer da Lua sobre a Floresta Estadual do Chandless; missão da equipe governamental navegou por mais de 220 quilômetros para levar atendimento médico, vacinação e outros serviços à comunidade Foto: Odair Leal/Secom

Um bicho cravou o ferrão no pé esquerdo da menina Ivaneide Pacaya, de 10 anos, quando ela brincava com os irmãos numa parte rasa do rio. O esporão de arraia atingiu em cheio o lado interno do pé da garota, dilacerando músculos e nervos e injetando uma dose lancinante de toxinas que a fizeram desmaiar de dor.

Dez dias depois de muito choro, febre e inflamação, e sem tomar praticamente nada que não fosse beberagens caseiras a partir de ervas, a menina finalmente foi atendida por uma médica do programa Saúde Itinerante.

Ela foi ao encontro dos serviços do governo levada pela mãe, Ivanilde Pinho, numa viagem de pouco mais de uma hora, descendo o Rio Chandless até a sede do parque, onde a equipe do Ação Humanitária Itinerante foi assentada.

Ivaneide Pacaya recebe das mãos da servidora da Saúde medicamentos anti-inflamatórios e antibióticos Foto: Odair Leal/Secom

“Está bem melhor agora. Cicatrizou rápido, graças a Deus”, alegrou-se a genitora, enquanto a filha espantava uma nuvem de mosquitos sobre a ferida. A prescrição médica: um frasco de amoxicilina líquida e uma pomada de neomicina para passar sobre o ferimento.

“Sabe, seu menino, quem dera nós tivesse [sic] um atendimento assim aqui de vez em quando. Nos meus 36 anos de idade, nunca tive essa oportunidade”, afirmou Ivanilde, em tom de agradecimento, enquanto pegava a ficha para outro atendimento, com o médico ginecologista Luiz Roberto Vargas. O resultado do exame ela pegará em 30 dias, no Hospital Geral de Manoel Urbano.

José Nunes Pacaya, 83 anos, o morador mais velho do Parque Estadual Chandless, em consulta médica; ele reclama da visão turva e necessitará de uma cirurgia de retirada de catarata Foto: Odair Leal/Secom

Já os gêmeos Naídes e Naísses Peres se queixavam de dores no estômago. Eles têm histórico de gastrite. Descendentes de peruanos, cedo perderam os pais, e os demais familiares voltaram para o Peru. Desde então, vivem numa localidade à margem direita do Chandless, próxima da sede do parque, praticamente como viviam os seus ancestrais, do plantio de arroz, da mandioca e do feijão, e da caça e da pesca.

Médica da família atende moradores do Chandless; oportunidade foi possível por meio do programa Ação Humanitária Itinerante Foto: Odair Leal/Secom

A última endoscopia de Naídes foi há dez anos, numa viagem a Pucallpa, cidade peruana a cerca de 510 quilômetros da área de conservação, em linha reta.

Profissional de Saúde prepara medicamento anti-inflamatório para morador acometido de uma ferida de difícil cicatrização; Ação Humanitária Itinerante levou para a comunidade uma variedade de 76 fármacos para vários tipos de doença Foto: Odair Leal/Secom

A dieta dos dois é à base de carne de animais silvestres salgada e exposta ao sol, farinha de mandioca, feijão e arroz. Os dois primeiros alimentos podem estar contribuindo para potencializar os problemas de acidez no estômago que os aflige, segundo a médica.

“Não temos geladeira e nem luz. Agora é que as coisas estão melhorando por aqui, com as placas de energia solar que recebemos do governo”, afirmou Naídes. Para o incômodo no estômago, os gêmeos receberam cartelas de omeprazol e frascos de Gastrol do programa Saúde Itinerante.

“Fica o orgulho de contribuir para que as pessoas vivam melhor”, diz odontólogo

Os números do programa Saúde Itinerante no Parque Estadual Chandless foram extremamente expressivos, se considerado o total de moradores da região: 76 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. Foram 307 atendimentos no total. Outras 97 doses de vacina foram aplicadas, sendo 64 da Fiocruz/Astrazeneca para Covid-19, 12 contra a influenza e outras 21 de rotina, que são as tetravalentes, para tétano e outras. (Veja os números abaixo).

Coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Renata Quiles, exibe frasco da vacina Astrazeneca, da Fiocruz; doses foram aplicadas na comunidade Foto: Odair Leal/Secom

Os procedimentos odontológicos foram 173. Por dois dias, os odontólogos Télio Wanderley Coelho e João Batista Leite Sobrinho trabalharam na restauração de dentes e em outras ações para melhorar a saúde bucal da população local.

Télio Coelho foi um dos odontólogos do Ação Humanitária Itinerante no Chandless; ele diz ficar feliz com a presença da população no consultório Foto: Odair Leal/Secom

“Mais do que prestar um serviço para a população, fica o orgulho de estar contribuindo para que essas pessoas possam viver melhor, sem o incômodo causado pela falta de cuidados com a saúde bucal”, ressaltou Coelho, com um ar de satisfação, de quem ama o que faz.

Criança da comunidade recebe anestesia para o tratamento dentário por um dos dois profissionais de odontologia escalados para o Ação Humanitária Itinerante; moradores aprovaram a primeira edição Foto: Odair Leal/Secom

De acordo com a coordenadora do Programa Saúde Itinerante, Rosemary Ruiz, foram oferecidos à população do Chandless atendimentos em ginecologia, pediatria, clínica geral, infectologia, medicina da família e comunitária.

Enfermeira Emanuele Nóbrega verifica pressão de paciente, antes da consulta com o médico (ao fundo) do programa Saúde Itinerante Foto: Odair Leal/Secom

“Também ofertamos os serviços de ultrassonografia, de exame preventivo de câncer do colo do útero, o chamado PCCU, e os serviços sociais, além das entregas de medicamentos e dos exames laboratoriais”, explicou.

Distanciamento geográfico, infelizmente, não é barreira para fake news

Na chegada à sede da Floresta Estadual do Chandless, governador Gladson Cameli cumprimenta Ricardo Plácido, gestor do parque; estado vai auxiliar mais de perto a gestão do local Foto: Odair Leal/Secom

Quando o governador Gladson Cameli subiu o barranco para se encontrar com a comunidade, uma das mensagens – entre tantas que ele trazia em sua cabeça para compartilhar com a população do Chandless – era a do risco das fake news, como aliadas da desinformação, e que teimam em prejudicar a imunização das pessoas contra a Covid-19.

Professor James da Silva Xavier, 22 anos, o único educador da Escola Willian Chandless, recebe a vacina contra a Covid-19 da coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Renata Quiles Foto: Odair Leal/Secom

E, mesmo diante de uma longa exposição de motivos apresentada pelo governador, houve aqueles que não quiseram ser imunizados, porque continuam impressionados por um conceito perverso que se formou na comunidade, desde que alguém chegou da cidade com a conversa de que a vacina contra o coronavírus “faz o corpo humano contrair a marca da besta”, contida no livro bíblico do Apocalipse, numa referência ao diabo e ao fim dos tempos na Terra.

Governador Gladson Cameli fala para a comunidade sobre a importância de se vacinar contra a Covid-19; movidos por mentiras, muitos ainda relutaram a tomar o imunizante Foto: Odair Leal/Secom

Antonio Davi Mamaré da Silva, 42 anos, foi o primeiro a receber o imunizante, aplicado diretamente pela coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Renata Quiles.

Antônio Davi Mamaré da Silva, 42 anos, posa para a foto com a carteirinha de vacinação da Covid-19 com gestores e o secretário de Saúde, Alysson Bestene Foto: Odair Leal/Secom

Para a reportagem, ele disse: “Eu sei que tudo não passa de besteira. Besta é quem não toma e que pode até morrer, mas eu penso assim: quero viver mais, de preferência com essa doença bem longe de mim. Então, por que não tomar?”, analisou.

Profissional de saúde prepara mais uma dose da vacina Astrazeneca, contra a Covid-19, no programa Ação Humanitária Itinerante do Chandless Foto: Odair Leal/Secom

Conforme Renata Quiles, mesmo havendo quem não quisesse aderir à vacinação, o trabalho do PNI no Chandless pode ser considerado significativo. “Foi proveitosa a nossa vinda e lamentamos por aqueles que não querem tomar a dose, mas ficamos felizes por aqueles que entendem a importância da vacinação”, avaliou a profissional.

Os números do Saúde Itinerante no Chandless

Consultas médicas

Medicina da Família: 39

Pediatria: 16

Ginecologia/Obstetrícia: 10

Total: 65

Procedimentos

Serviço Social: 4

Receitas médicas atendidas: 61

Exames

Ultrassonografia : 5

Preventivo do Colo do Útero: 4

Exames laboratoriais:  20

Hemograma: 2

Teste Rápido Covid-19 dos tipos IGG e IGM: 15

Swab Covide-19-Antígeno: 1

Palestras: 5

Entrega de kits diversos para a população: 54

Total: 307

Política para Mulheres acolhe homens e mulheres com o mesmo carinho

Isnailda Gondim, diretora de Política para Mulheres, distribui doces para mulheres da comunidade que participam de palestras educativas Foto: Odair Leal/Secom

Vocês sabiam que o nosso papel aqui é olhar para cada um de vocês na sua individualidade? Sabiam também que existem vários tipos de violência, não somente a violência física? As perguntas foram parte de uma conversa informal entre as mulheres da comunidade do Chandless e a advogada Isnailda Gondim, diretora de Políticas para as Mulheres, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Assistência Social, Direitos Humanos e Política para as Mulheres.

Equipe da Diretoria de Políticas para Mulheres em conversa informal sobre direitos e deveres no seio familiar, com o público feminino do Chandless Foto: Odair Leal/Secom

O grau de entrosamento de Gondim e sua equipe – primeiro com o público feminino, e, num segundo momento, com os homens da região – chegou a impressionar quem apenas participava como observador.

Dona Antônia Marques, 48 anos, (ao fundo) interage com a equipe da Diretoria de Política para Mulheres, em palestra sobre direitos e deveres Foto: Odair Leal/Secom

Ambas as reuniões começaram como uma conversa despretensiosa, e em cinco minutos a impressão que se tinha é que todos já se conheciam há muitos anos.

Isnailda Gondim, ao centro, conversa com homens do Chandless sobre a obrigação de respeitar a esposa e denunciar também quaisquer tipos de agressão contra o sexo feminino na comunidade Foto: Odair Leal/Secom

“E é pra ser assim”, explicou a diretora. “As pessoas precisam sentir que somos amigos delas. Que o governador teve essa sensibilidade de vir até aqui com a sua equipe para olhar para eles e oferecer o melhor que o Estado pode conceder, para que vivam com um mínimo de qualidade de vida e respeito mútuo”, ressaltou.

Moradores do Chandless em palestra sobre violência doméstica e sexualidade; interação foi maior do que com as suas mulheres Foto: Odair Leal/Secom

Por isso, o trabalho da Diretoria de Política para as Mulheres no Chandless foi tão amplo que abrangeu desde a formação de grupos de mulheres para, num futuro próximo, compor grupos de costuras, colchas de retalhos e crochês, por exemplo, até técnicas de leitura psicológica e corporal, a fim de identificar se o marido pratica algum tipo de opressão psicológica. Aliás, sobre esse tipo de violência, é muito comum que a companheira, dependendo do seu nível de escolaridade, entenda ser algo normal, o que não é.

Diretora distribui doces para mulheres da comunidade que participam de palestras educativas Foto: Odair Leal/Secom

Com as mulheres, o papo foi assim: “Olha, gente, assim como existem os estudiosos da natureza, existem também os estudiosos do Direito. E é meio assustador quando vemos que os agressores moram dentro de casa. Mas vocês não podem ficar caladas diante de uma agressão, seja um soco no rosto, um puxão de cabelo, seja um xingamento ou uma ameaça”, alertou a titular da Diretoria de Política para as Mulheres.

Goreth Pinto, chefe de Departamento de Políticas Públicas dos Direitos Humanos em conversa franca sobre o dia a dia das mulheres do Chandless Foto: Odair Leal/Secom

Entre os homens, a atividade foi igualmente proveitosa, com destaque para a participação do morador Jerônimo Lostranaud, de 65 anos, um dos mais antigos da área, e o que mais respondeu às dinâmicas apresentadas pelas profissionais.

Jerônimo Lostranaud, de 65 anos, foi um dos homens que mais interagiram com as dinâmicas oferecidas pela equipe da Diretoria de Políticas para Mulheres Foto: Odair Leal/Secom

Ao serem indagados sobre como deveriam tratar uma mulher, Lostranaud foi o primeiro a disparar: “Como uma rosa. As nossas mulheres são como rosas que devem ser regadas com amor a toda hora. Do contrário, elas morrem e vão deixar de ser sua mulher. Então, o seu grande amor seca e morre”. A declaração encantou os presentes que formavam a equipe da Diretoria de Políticas para as Mulheres.

Comunidade deve ganhar selo de certificação de produtos ecologicamente corretos

Barcos da equipe do Ação Humanitária Itinerante navegam pela região, cuja política de gestão do governo Gladson Cameli será a melhoria da qualidade de vida de sua população Foto: Odair Leal/Secom

Da parte da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema), a valorização do homem da Amazônia está na principal pauta das ações da administração Cameli, segundo o entendimento do titular da pasta, Israel Milani; algo que, pelo menos na Floresta Estadual Chandless, há muitas décadas não se dava, ao longo de governos anteriores.

Secretário de Meio Ambiente, Israel Milani também assina termo de cooperação entre entidades governamentais, o Tribunal de Justiça do Estado do Acre e a superintendência do Ministério da Saúde no Acre para realização de outras quatro edições do programa Ação Humanitária Itinerante Foto: Odair leal/Secom

“Dessa forma, o programa Ação Humanitária Itinerante é o início de um projeto que já tem um significado muito grande para todos nós, porque, pela primeira vez, mesmo com a pandemia de Covid-19 tendo atrapalhado um pouco, tivemos odontólogos aqui, só para citar um exemplo, e porque ouvi também um morador me dizer da felicidade de, pela primeira vez na vida, apertar um botão na parede e acender a luz de sua casa”, pontuou o secretário Milani. Ele se referia ao ribeirinho Antônio Iunbato Gonçalves, de 70 anos, um dos contemplados com as placas fotovoltaicas que vão proporcionar energia solar convertida em energia elétrica para a sua família.

E, como prova viva de que as administrações passadas seguiam com as costas viradas para os ribeirinhos do Chandless, estão os gêmeos Naídes e Naísses Peres, que abrem esta reportagem. Afirmou Naídes que, depois da energia solar, “incentivos para a produção, como a aquisição de uma batedeira ou de uma trilhadeira de arroz”, por exemplo, seriam de muita valia para os produtores locais.

Naídes e Naísess, ambos cultivadores de feijão, mostram parte dos produtos ao governo do estado do Acre; incentivo com maquinário está previsto para ainda este ano, com a aquisição de uma trilhadeira por meio de emendas de bancada alocadas pela deputada federal Vanda Milani (Solidariedade) Foto: Odair Leal/Secom

“Nós temos a perfeita noção de que o Chandless é uma área de conservação ambiental, e que não podemos, por força de lei, ampliar nossas áreas de plantio, mas todos deveriam entender que poderíamos ter mais facilidade no pouco que produzimos com o auxílio dessas máquinas”, completou ele, com o pensamento lúcido de quem só quer o melhor para a sua comunidade.

Família da comunidade tradicional do Chandless em pescaria para subsistência; governo do estado estará mais presente na região Foto: Odair Leal/Secom

Outro ponto seria a valorização do plantio de feijão, por meio de um selo de certificação de origem e autenticidade, como produto ecologicamente correto. Sobre isso, o selo verde de produto orgânico é visto como muito positivo pelo técnico Celso Nascimento, da Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre.

Sarney Pacaya, morador da região. Produtor de subsistência, ele espera que a partir da visita do governador Gladson Cameli com sua equipe, a vida melhore ainda mais na comunidade Foto: Odair Leal/Secom

“Acredito que todo mecanismo que favorece o produtor sem degradar a floresta é bem-vindo, porque traz vantagens para todos. E a certificação é uma delas. Aqui no Chandless, eles têm um feijão de excelência. Então, por que não o certificar com um selo de origem ecologicamente correta? Com certeza, geraria um valor agregado altíssimo sobre o produto e melhoraria a vida do produtor daqui. Trata-se de algo que podemos levar para análise do próprio governo”, sugeriu Nascimento.

Garças perambulam às margens do Rio Chandless: turismo de observação de pássaros tem intenção de impulsionar o local, justamente por causa da alta concentração de aves raras na região, gerando divisas aos moradores Foto: Odair Leal/Secom

Nesse caso, além do feijão, há ainda a produção de chocolate, a partir do plantio de cacau, que igualmente poderia ser aproveitado.

Ribeirinhos rumam de volta para suas propriedades depois de um dia proveitoso no programa Ação Humanitária Itinerante; o sonho é de que a parceria com o governo seja duradoura Foto: Odair leal/Secom

A boa notícia é que a deputada federal Vanda Milani (Solidariedade) destinará cerca de R$ 10 milhões em emendas de bancada para a compra de implementos agrícolas, como colheitadeiras, aradores e até um trator para os pequenos agricultores e agroextrativistas do Acre.

Deputada federal Vanda Milani garantiu emendas de bancada para beneficiar ribeirinhos do Chandless com uma trilhadeira de grãos Foto: Odair Leal/Secom

Para o Chandless, a reivindicação da trilhadeira de grãos já está atendida pela parlamentar. “Direcionamos alguns recursos diretos para as secretarias, incluindo a trilhadeira, de que eles tanto precisam aqui, e que chegará mais rápido, já que não precisa passar pela Prefeitura de Manoel Urbano, mas pela Sema”, explicou a deputada.

Volume de investimentos na área ainda é muito baixo

Para Ricardo Plácido, coordenador do Parque Estadual Chandless, décadas de descaso com a região fizeram a população perder as expectativas de alguma melhora em suas vidas. “Elas já estavam bastante céticas quanto a alguma possibilidade de mudanças positivas nas suas vidas”, diz. “Então, a vinda do governo Gladson Cameli ao parque dá uma nova injeção de ânimo”, acredita.

Os recursos que chegam para a Floresta Estadual do Chandless são originários do programa Áreas Protegidas da Amazônia, o Arpa, do Ministério do Meio Ambiente.

No entanto, de 2019 até o presente momento, foram executados R$ 408,4 mil, de um total de mais de R$ 1,5 milhão. Plácido explicou que a baixa execução para o que foi planejado para o biênio 2020/2022 se deve à mudança de gestão do parque e aos efeitos da pandemia de Covid-19.

“Esses fatores nos travaram muito em 2020 e 2021. Mas pretendemos executar o recurso ainda neste ano, nas diversas frentes de atividades planejadas para o parque”, afirmou. Os recursos financiados pelo Fundo de Transição do programa Arpa financiam diversas unidades de conservação na Amazônia.

Cartaz de incentivo ao turismo de observação de pássaro colado numa parede da sede do parque; esperança de que setor possa ser ativado Foto: Odair Leal/Secom

Os números de investimentos foram drásticos em gestões anteriores, quando entre 2014 e 2015, por exemplo, foram usados apenas pouco mais de R$ 109,4 mil inicialmente. Entre 2016 e 2017, aumentou para pouco mais de R$ 658,3 mil e, de 2018 a 2019, foram pagos R$ 714,5 mil.  O governo do Estado também é obrigado a fazer uma contrapartida de cerca de R$ 100 mil por ano.

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