SAÚDE
Cobija, na Bolívia, colada em Brasiléia, confirma dois casos positivos da febre oropouche e deixa fronteira em alerta
Doença é transmitida por vírus a partir de picadas de um inseto infectado e causa males parecidos com os sintomas da dengue e da febre amarela, diz Ministério da Saúde do Brasil
Além do aumento de casos de Aids, principalmente entre a população mais jovem, a cidade de Cobija, na Bolívia, na fronteira com Epitaciolândia e Brasiléia, no chamado Alto Acre, acaba de anunciar a notificação de dois casos positivos de febre Oropouche, doença causada pelo um vírus de um mosquito e transmitido pelo inseto. A ciência batizou o vírus como o Culicoides paraenses, que pode pode ser confundido com casos de dengue ou malária. Os dois notificados são cidadãos bolivianos.
O alerta da chegada da doença na fronteira boliviana com o Brasil vem sedo dado pelo epidemiologista do Hospital Roberto Galindo, em Cobijam, Teran, Erick Roca. O médico relatou à TV Universitária de Pando que, nos dois casos notificados, os infectados já estão sob tratamento e conclamou a população local e das cidades vizinhas para procurarem os centros de saúde, para exames. O alerta também vale para a população brasileira na região, cuja relação social com a da Bolívia é intensa no que é chamado de “fronteira viva”.
O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), o vírus causador da doença, foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul.
A transmissão do Oropouche é ocorre pelo inseto identificado como como Culicoides paraensis (maruim). Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no inseto por alguns dias. Quando o inseto pica uma pessoa saudável, pode transmitir o vírus.
De acordo com os alertas médicos, os sintomas são parecidos com os da dengue, com dores de cabeça intensa, dor muscular, náuseas e diarreias. Nesse sentido, é importante que profissionais da área de vigilância em saúde sejam capazes de diferenciar essas doenças por meio de aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e orientar as ações de prevenção e controle.
O diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial. Todo caso com diagnóstico de infecção pelo OROV deve ser notificado. O Oropouche compõe a lista de doenças de notificação compulsória, classificada entre as doenças de notificação imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública.
Os alertas médicos apontam que não há tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.
As recomendações para evitar a doença estão:
– Evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição às picadas dos vetores.
– Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele.
– Limpar terrenos e locais de criação de animais.
– Recolher folhas e frutos que caem no solo.
– Usar telas de malha fina em portas e janelas.
No Brasil, em julho deste ano, o governo federal, através do Ministério da Saúde emitiu duas notas voltadas para gestores estaduais e municipais sobre tratamento da febre do Oropouche. Uma das notas recomenda intensificar a vigilância de casos e alerta para a possibilidade de transmissão vertical da doença, que acontece quando o vírus é transmitido da mãe para o bebê, durante a gestação ou no parto.