EVANDRO CORDEIRO
COLUNA DO CORDEIRO A voz que marcou gerações se cala, mas a emoção permanecerá eterna; adeus meu ‘primo’ Reginaldo Cordeiro
Ele não era meu primo de sangue, mas ele foi permitindo as pessoas acharem que era, para meu deleite. Tinha o maior orgulho de dizer que éramos parentes. Ora, lá no campo onde nasci, a gente ouvida o Reginaldo Cordeiro pelo rádio como se fosse um vuto, inatingível, inacessavel. Um dia disse a meus primos que mais frente falaria no mesmo microfone. Os meninos riram com razão. Era uma meta improvável. Deus fez acontecer. Virei amigo do Reginaldo. Na reta final da vida dele fui falho. Visitei pouco lá na chácara de Porto Acre essa lenda do rádio e alguns pleitos dele e da esposa, a Lenny, talvez eu tenha sido desleixado ao não atender. As agradeço a Deus por ter tudo a amizade correspondida.
Hoje nos despedimos de uma das vozes mais icônicas e queridas do rádio brasileiro. A notícia de sua partida ressoa como um eco de saudade pelos lares e corações que ele tocou ao longo de sua brilhante trajetória. Mais do que um locutor, Reginaldo foi um confidente, um amigo e um pedaço da história de muitas famílias que o sintonizavam diariamente.
A rádio, que para muitos é um simples meio de comunicação, sob o comando de Reginaldo Cordeiro, transformava-se em um palco de sonhos, um refúgio de emoções e um ponto de encontro para milhares de ouvintes. Sua voz, grave e acolhedora, tinha o poder de acalmar em momentos de angústia, de embalar em noites de solidão e de celebrar em instantes de alegria.
A história de Reginaldo no rádio é um testemunho de paixão e dedicação. Desde seus primeiros passos, ele demonstrou um talento inato para a comunicação, uma capacidade ímpar de se conectar com as pessoas através das ondas sonoras. Sua carreira foi construída com tijolos de profissionalismo, carisma e, acima de tudo, um profundo respeito por seus ouvintes.
Reginaldo não se limitava a ler notícias ou tocar músicas; ele vivia cada momento no ar. Suas intervenções emocionadas, suas reflexões perspicazes e seu bom humor contagiante eram marcas registradas que o diferenciavam. Ele tinha a rara habilidade de transformar um programa de rádio em uma conversa íntima, onde cada ouvinte se sentia pessoalmente conectado a ele. Era comum ele compartilhar histórias, desabafar com seus ouvintes e, muitas vezes, oferecer um ombro amigo invisível através do microfone.
Ao longo de décadas, Reginaldo Cordeiro foi a trilha sonora da vida de muitos. Acompanhou manhãs apressadas, tardes tranquilas e noites estreladas. Foi a voz que despertou esperanças, que anunciou novidades e que, em muitos momentos, trouxe a sensação de que não estávamos sozinhos.
Sua ausência deixa um vazio imenso no rádio e nos corações de seus admiradores. No entanto, a semente que ele plantou germinará para sempre. O legado de Reginaldo Cordeiro transcende o som; é um legado de humanidade, empatia e amor pela comunicação.
Hoje, a voz de Reginaldo se calou fisicamente, mas sua melodia ecoará eternamente na memória e na história do rádio. Que sua trajetória inspire novas gerações de comunicadores a exercerem sua profissão com a mesma paixão e o mesmo compromisso com as pessoas. Descanse em paz, nosso querido Reginaldo. Sua voz pode ter silenciado, mas sua emoção e seu carisma permanecerão para sempre no ar.