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EVANDRO CORDEIRO

COLUNA DO EVANDRO Flaviano estabeleceu uma era na política do Acre; Como no futebol, conduziu a transição do amador para o profissional

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Flaviano Melo é um ícone da política no Acre e também no Brasil. Foi um dos líderes daqui mais respeitados no País, sobretudo quando o então PMDB foi protagonista com José Sarney na presidência da República, Ulisses Guimarães presidindo a Constituinte de 1988 e também nos governos seguintes de Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique. Os líderes nacionais adoravam Flaviano, entre outras, pelo estilo diferenciado de não titubear em seus acordos. Falava pouco, mas sua palavra era um tiro. Também era admirado pelo respeito que impunha por meio das urnas no Acre. As lideranças nacionais sabiam o tamanho regional dele e levavam isso ao pé da letra. Aqui ele só perdeu duas eleições em 40 anos de vida pública: 1994 para Orleir Cameli e 2002 em um confronto direto com Jorge Viana, do PT, nas duas oportunidades levado por sua entourage, aperreada por poder. Ele não queria, me confessou certa vez. Fora essa nota distoante, o velho lobo marcou uma era. Merece um busto urgente. Flaviano conduziu o processo de passagem da política amadora para um negócio mais profissional, vanguarda. Quando foi convidado pelo governador Nabor Junior, em 1982, para ser prefeito de Rio Branco, naquela época por nomeação, pôs fim a um período em que os administradores da capital trabalhavam apenas para pavimentar ruas com tijolo pagando empreiteiro com dinheiro vivo carregado em sacos. Estabeleceu licitação, atraiu grandes empreiteiras e deixou a prefeitura direto para o governo, tal foi o sucesso de sua gestão, ampliando a capital da região central para novas regionais. Rio Branco e o Acre foram um antes de Flaviano e outro depois dele. Engenheiro civil com um currículo de fazer inveja no Brasil, com passagem pela Mendes Júnior chefiando obras como a reforma da ponte Rio-Niteroi e conduzindo a empresa em Pernambuco em empreitadas como a contrução de metrô, Flaviano impôs ao Acre um novo ciclo, o das obras importantes, principalmente para atender a população com moradias. Conjuntos como Tucumã, Universitário, Manoel Julião, Xavier Maia e Adalberto Sena são ideias e obras dele. Os mais antigos não esquecem. Minha avó, minhas tias e minha mãe são apaixonadas por ele e votaram nele até o fim, assim como centenas de famílias que reconheciam em Flaviano esse cara que mudou o jeito de governar no Acre. Como todo ser humano,cFlaviano tinha um comportamento que precisava ser compreendido. Era um sujeito de poucas palavras e cometeu, não por isso, alguns erros em sua caminhada. Um desses o de não investir em substitutos, em lideranças novas, mesmo erro de outros líderes. Morreu e o MDB não sabe quem assumirá seu lugar, salvo aquela falsa modéstia de dizer que ele é insubstituível. Da época dele, nos anos 1980, Vagner Sales, João Correia, Mauri Sérgio, Chagas Romão e Aldemir Lopes ficaram sem pai, nem mãe, ante a notícia de sua morte. Com todo o respeito, não tem um nome com a mesma envergadura do velho lobo para chegar na sede do partido e dar as cartas. O futuro do MDB sem Flaviano é um caso para analistas profissionais, entre os quais não me incluo. Flaviano não deixou viúva apenas a mamãe, apaixonada por ele, politicamente falando, mas uma galera toda que vivia em seu cercado. Deixou o MDB sem deputado federal e dos dois estaduais na Assembleia Legislativa, um é novato, Tanizio Sá, e a antigona, Antônia Sales, não passa de uma excelente liderança regional, lá no Juruá. Essas idiossincrasias, no entanto, podem ser resolvidas. Só não há jeito pra morte.

Presidência da Câmara
O PL quer que Raímundo Neném prossiga presidente da Câmara Municipal de Rio Branco, o União Brasil quer Joabe Lira e o PP quer Samir Bestene. Resta saber quem o prefeito Tião Bocalom (PL) quer.

De pai pra filho
Vi a fala do ex-governador Nabor Junior sobre Flaviano Melo. É uma fala de um pai sobre um filho, com muita serenidade. Nabor e Flaviano estão em uma lista pequena de políticos limpos.

Órfãos do Flaviano
O Flaviano Melo tinha ao seu redor algumas pessoas que ficaram órfãos na essência da palavra. Posso citar três aqui: Wânia Farrapo, Branca Mesquita e Pádua Bruzugu.

Força do Campo
Em Cruzeiro do Sul os votos da zona rural, puxados pelo deputado Clodoaldo Rodrigues (Republicano) foram decisivos para reeleição do prefeito Zequinha Lima (PP). No entanto, se ele não valorizar essa parceria, pode perder um grande aliado. É importante lembrar que Zequinha colocou essa aliança em risco ao ter falado no programa eleitoral que “peguei a prefeitura quebrada, desorganizada, falida e sucateada”, desmerecendo o trabalho de Clodoaldo, que foi prefeito e fez muito em pouco tempo, mesmo como tampão.

⁠Apoio do Nicolau
Com presença forte e constante em todos os municípios, o deputado Nicolau Junior (PP) foi fundamental em varias eleições. Em Cruzeiro do Sul, sem seu apoio, a eleição teria sido ainda mais difícil para Zequinha Lima. Nicolau é uma peça-chave no Juruá e Zequinha precisa reconhecer publicamente a importância dessa aliança.

Desgaste Interno
Ainda sobre Cruzeiro do Sul, a relação entre assessores e aliados está tensa. A comunicação anda confusa, e a equipe precisa de unidade e liderança para funcionar bem.

Quase parei
Depois de uma rápida temporada distante da coluna, estou de volta. Nesse ínterim, confesso ter considerado a possibilidade de parar, 35 anos depois de iniciar. As coisas não são mais como antes, principalmente no meio político. É muito risco para pouco prestígio. E mais: não é tempo de serviço que livra a gente de errar. Cometo erros, talvez fui injusto em algum momento e me julgo muito fortemente nesse sentido, por isso pensei em mudar de ares, mas se foi essa a profissão que Deus me deu, Ele garante. Sigamos e prossigamos.

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