EVANDRO CORDEIRO
COLUNA DO EVANDRO | Jorge Viana não tem como se impor pelo voto, talvez por isso partiu para cima de Gladson e Alan Rick
As duras críticas que fez ao governador reeleito Gladson Cameli (PP) e ao agora senador Alan Rick (UB), logo após a vitória de Lula, mostram que Jorge Viana ainda procura uma fórmula para tentar se impor regionalmente. Antes desses ataques ele andou fazendo uns acenos na direção de ajudar o atual governo. Era mera retórica. Talvez Viana ainda demore a descobrir um nicho para uma volta com a qual sonha. Desde 2018 uma coisa está clara: ele está sem aquele produto fundamental para político que quer voltar a se impor, o voto. O ex-senador é vítima de um fenômeno genuinamente acreano, a segregação de algumas figuras, que uma vez apeadas do poder, não tem reza braba que reverta.
Como é bem vaidoso, JV passou a circular enfronhado depois do segundo turno e a vitória de Lula, que parece ter servido para ele como vingança pelas derrotas que sofreu nas três últimas eleições. Reapareceu atacando exatamente suas pedras de tropeço nesse novo momento no Estado, o governador e o senador Alan. Como diria o Luiz Calixto, Jorge é, para a maioria do eleitor, um fusquinha 76, mas o cidadão circula como uma Dodge Ram. Não sai do salto, nem põe a bola para o mato, como diz o ditado.
Pior que até aqui, embora muito cedo ainda, não pintou um burburinho sobre uma possível participação do ex-quase tudo no Acre no primeiro time de Lula. Na reeleição do petista, em 2006, os principais colunistas do país davam ele como certo em algum ministério. Mesmo sendo fenômeno do Norte naquela época, JV não conseguiu. Foi trabalhar na iniciativa privada, a montadora de helicópteros Helibras. Pode acontecer, mas até agora está restando a ele uma função bem abaixo, que seria dividir a interlocução com o Estado com o senador Sérgio Petecão (PSD), que vai para base do Governo Lula. Essa função, no entanto, é um negócio meio vago, sobretudo porque Lula, do Acre, só precisará da bancada, e olhe olhe. E no meio desse time recém-eleito não tem ninguém sobre o qual Jorge Viana tenha ascendência. Interlocutor de quem, então?
Para não soar como arrogante essa opinião, lembro que a política muda como as nuvens, como repetia a exaustão o ex-deputado estadual Luiz Pereira. Amanhã poderá ser um novo dia. Todavia existem cenários inacreditáveis, improváveis. Sem os votos que um dia teve dos acreanos, JV dificilmente conseguirá chegar onde quer chegar em 2026, sobretudo se as duas cunhas em sua brecha, Gladson e Alan, permanecerem no pique que estão. Tem ainda dois caminhos para o ex-rei: seguir o exemplo de Marina Silva, que ressurgiu onde só era conhecida superficialmente, ou sabotar o Acre. Apesar de ele ser um sujeito que não sai do tamanco, não acredito em nenhuma dessas hipóteses.