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COLUNA DO PROFESSOR RAIMUNDO FERREIRA — As versões da história
Para quem tem curiosidade de ler e observar o que está registrado, mesmo sobre a história considerada oficial, deve fazer com as devidas ressalvas e buscar outros registros sobre a mesma temática, pois, conforme podemos observar, até os acontecimentos da atualidade são apresentados com versões diferenciadas e muitas vezes sem ter nada a ver com realidade, imaginem o que está registrado sobre os fatos e acontecimentos do passado como sendo a verdade da história? Estamos propondo esta reflexão sobre estes aspectos para alertar as pessoas, sobre as versões que tomamos conhecimento referentes à história oficial, que poderá conter boas narrativas, versões bem elaboradas, com sequências lógicas dos acontecimentos etc., no entanto, as falhas poderão existir exatamente pelo fato de que a história real e verdadeira dos acontecimentos poderá não está contido, ou seja, as versões oficiais poderão ser a escolha de uma versão com viés carregados de interesses pessoais ou de grupos, que impõem suas verdades e vontades particulares. Já que falamos de versões, vamos tecer pequenos comentários, certamente com nossa versão, sobre um importante personagem da história do Acre. Esse cidadão de família conhecida na Espanha pela notabilidade dos seus membros militares, que atuaram na Guerra de Sucessão e especialmente na literatura, pois, tinha origem na família de Miguel de Cervantes, do grande pintou Diego Velásquez e do cientista Miguel de Unamuno. Estudou Jornalismo, Ciências Jurídicas, Diplomacia entre outros e tinha o espírito aventureiro, ao ouvir falar do eldorado da Amazônia, resolveu conhecer essa região. Em Manaus trabalhou de jornalista e conheceu os textos em espanhol que falavam das disputas desse Território acreano entre a Bolívia, Brasil e até o Peru. Se interessou pelo caso, conversou com o governo do Amazonas, Ramalho Júnior, que tinha interesse em anexar esse território a seu estado, acertaram tudo secretamente, foi providenciado estruturas de barcos, armas, munições e homens, e o espanhol partiu para tomar de assalto o território e depois providenciar a anexação, acontece que o espanhol tinha outros planos na mente. A primeira parte foi cumprida conforme o combinado, mas depois que expulsaram os bolivianos de Puerto Alonso e assumiram o comando da situação, o espanhol forjou uma rebelião e em 14 de julho de 1899, decretou a Independência do Acre, tornando-se o imperador, criando todas as características e símbolos que prescreve a liturgia de um país independente e justificando que, ‘já que não podemos ser brasileiros, os seringueiros recusam-se também de tornarem-se bolivianos’. Luis Galvez Rodríguez de Árias, reinou como imperador por seis meses e foi deposto, assumindo um seringalista cearense Antônio de Souza Braga, que governou por um mês e intregou novamente para Luís Gdlvez, que reassumiu o comandou por quarenta e seis dias, de 30 de janeiro a 15 de março. Aí o governo brasileiro juntamente com o governo da Bolívia, juntaram-se e resolveram acabar de vez com essa brincadeira de autonomista de Luis Galvez. O Acre foi entregue para a Bolívia, mas os ânimos ficaram acirrandos, aconteceram muitas confusões, rebeliões e inclusive a própria Revolução Acreana, que no momento não vamos entrar no mérito, mas em 17 de novembro de 1903, com as negociações do Tratado de Petrópolis, capitaneado pelo Barão do Rio Branco, que pagou parte em dinheiro (libras esterlinas), e parte em infraestruturas para Bolívia (estrada de ferro Madeira Mamoré), o Acre foi definitivamente anexado, como a unidade mais ocidental do Brasil.