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Com a morte rondando, escritor relembra poema “Efêmero viver”

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Foto: Diego Gurgel/Secom

O poeta Alessandro Borges, acreano com obras reconhecidas internacionalmente, está inquieto com tantas mortes rondando pelos quatro cantos do mundo. A partida da cantora Nayara Vilela e de uma fã dele vítima de acidente, levou ele a fazer reflexões pelas redes sociais.


O poema “Efêmero viver”, do livro “Poesias de um surdo”, é a reflexão do momento.

EFÊMERO VIVER

Por Alessandro Borges

Efêmera é a vida que passa,
como nos prados, a flor que desfalece.
São mortais as mãos que lhe abraçam.
Vez por outra, seu encanto desvanece.

Esvai-se como brisa de suave momento,
perdendo beleza e esplendor de donzela.
Estúpido e sem graça é o tempo…
Que lhe suga o riso, vigor e primavera.

Feliz é o coração que sabe amar;
viver simplesmente de forma intensa,
como jardim, todos os dias florescerá…
Não haverá quem ofusque sublime veemência.

Por desertos, sóis, e noites escuras…
A breve vida de repente vai passando,
desfazendo-se em minúsculas gotas de chuva.
Feliz são aqueles que permanecem amando!

Do livro Poesias de um Surdo.

Lamento pela morte de uma adolescente

Alessandro Borges

Quando vi essa matéria confesso que jamais pensei que se tratasse de uma pessoa conhecida. Na verdade, Ingrid, a moça do acidente era fã incondicional do poeta da Baixada. Certa feita, sua mãe disse para a minha esposa que o amor de Ingrid pela minha poesia e por mim era tão grande que ela colecionava tudo que saia ao meu respeito. Agora pouco estive no velório de Ingrid para lhe fazer minha última homenagem e lembrei de quando a conheci lá na Escola Ilka Maria, num projeto de leitura que teve como poeta convidado esse amigo que vos escreve. Na época, Ingrid era apenas uma criança, mas ao me ver pela primeira vez logo se encantou pela minha poesia. Desde então, Ingrid passou a colecionar todos os meus livros. Até que hoje, infelizmente tive conhecimento dessa tragédia. Juro pra vocês meus amigos! Nessas horas, a gente fica sem palavras, porém mesmo assim, eu ainda busquei forças em Deus, e fiz minha última homenagem a essa jovem leitora que tanto amava minha poesia. Fiquem com um trecho do poema que declamei à Ingrid.


“Longe da terra, noutra esfera, onde cintila
Seu extraordinário brilho, de luares feito,
Palpitam galáxias em cuja órbita gira…
Se curva a beleza de tudo que é perfeito.”

.

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