ESPORTE
Conheça a história da quarta partida, o maior imbróglio jurídico do futebol acreano
MANOEL FAÇANHA
Boa parte da nova geração de torcedores não conhece uma dos maiores imbróglio da história do futebol acreano, a qual foi batizada pela velha guarda da crônica esportiva de “quarta partida”, num duelo envolvendo as equipes do Independência e do Juventus e válida pelo título do Campeonato Acreano de 1972, mas com desfecho ocorrido somente no mês de dezembro de 1973.
Na busca de resgatar parte dessa história que chegou no último dia 2 de dezembro aos 53 anos, o site Na Marca da Cal voltou a escrever sobre o assunto.
Conheça a história do imbróglio
Naquela época, a Federação Acreana de Desportos (FAD) era presidida pelo dirigente Carlos Simão e as equipes do Juventus e Independência eram presididas pelos irmãos Elias e Eugênio Mansour, respectivamente.
Na final do primeiro turno da competição, o Juventus venceu o Internacional por 2 a 0, enquanto no returno, o Independência conquistou o título de forma invicta e sem sofrer gols. Um cenário propicio de adrenalina para as duas torcidas. Os dois primeiros jogos das finais registraram dois empates (2 a 2 e 0 a 0) e bastaria mais um empate para a torcida tricolor soltar o grito de campeão, algo ocorrido, mas no entendimento dos juventinos, não era bem assim, pois o Clube do Povo reivindicava os gols da partida extra do primeiro turno contra o Internacional-AC.
Veja os fatos
Conforme a peça “Futebol Acreano em Revista”, a Federação Acreana de Desportos (FAD), preocupada com o desfecho da competição, teria importado o árbitro paulista Oscar Scolfaro, e marcando a grande final para o dia 13 de janeiro de 1973, mas um acordo entre os dirigentes teria adiado a partida. Uma semana depois, não ocorrendo consenso entre os dirigentes, o presidente Carlos Simão baixou uma portaria proclamando o Independência campeão. Foi um estopim para o início da maior batalha judicial jamais vista por um título do futebol local.

A decisão da FAD, porém, não durou muito, isso pelo fato da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), hoje CBF, baixar uma resolução ordenando uma quarta partida. Chateado com a situação, o presidente Carlos Simão (FAD) pede licença do cargo por 90 dias e deixa o pepino na mão do vice-presidente Adel Derze, esse baixando uma portaria e marcando a quarta e decisiva partida para o dia 03 de maio de 1973, mas acontece que o Independência não apareceu para o duelo, assim com a FAD declarando o Juventus campeão.
Ocorre que o Independência, através do advogado do clube, Adherbal Maximiano Caetano Corrêa, não satisfeito com a decisão, baixou nota de protesto, onde alegou que a FAD havia desrespeitado o inciso ‘g’ do artigo 18 do estatuto da entidade, isso fundamentado no fato que o Independência havia participado do Torneio Início e, para disputar a quarta partida, seriam necessários 72 horas de intervalo, como preceituava a portaria 13, de 30 de abril de 1973. No entanto, o presidente da mentora Adel Derze, mesmo sendo declarado torcedor do Independência, não aceitou os argumentos dos cartolas tricolores e manteve o título para o Juventus.

Quase seis meses depois, o Conselho Nacional de Desporto-CND, decidiu pela realização de uma quarta partida. O presidente Adel Derze cumpriu com a determinação e marcou o jogo para o dia 2 de dezembro de 1973, no Stadium José de Melo, com arbitragem de José Ribamar Pinheiro de Almeida, assistido por Antonio Soares e Sebastião Pedrosa.
Escalações
O Juventus foi escalado com: Milton; Zé Maria, Mauro, Mustafa e Antônio Maria; Roberto Pitola, Pingo Zaire e Hermínio; Edson Carneiro, Eliézio e Elísio. Já o Independência foi a campo com: José Augusto; Uchoa, Palheta, Jorge e Flávio; Eró, Manoel e Escapulário; Aldemir, Bebé e Tonho.
Como foi a decisão
Com a bola rolando, as equipes empataram por 1 a 1, resultado que provocou uma prorrogação de meia hora. Um novo empate, mas agora sem gols, levou a decisão do título para as cobranças de penalidades, dando, assim, ares de dramaticidade àquela inesquecível partida, onde o Tricolor de Aço, mostrando mais eficiência e sangue frio, derrotou o Clube do Povo por 4 a 3. Eró, Aldemir, Palheta e Escapulário marcaram para o Independência, enquanto, Mauro, Hermínio e Zé Maria fizeram os gols juventinos. Erraram ou desperdiçaram suas penalidades os atletas Flávio (Independência) e Mustafa e Antônio Maria (Juventus).



