ACRE
Coordenadoria da Infância e Juventude apoia Operação Anjos na Estrada
Na terça-feira, dia 20, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Instituto Anjos de Maura Oliveira realizaram a abertura da Operação Anjos na Estrada no auditório do Sebrae/Acre. A iniciativa vai realizar ações e palestras alusivas ao enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes.
A juíza Rogéria Epaminondas, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Rio Branco, compareceu a agenda, representando a Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Acre. A magistrada evidenciou que pelo fato de o Acre ser um estado de fronteira é importante o fortalecimento da rede de proteção, com o enfoque na pedofilia, bem como outros crimes e abusos contra crianças e adolescentes.
O superintendente da PRF, Getúlio Azevedo, afirmou que a campanha educativa está sendo realizada em todo o país. A primeira escola a receber a ação foi o Instituto São José, no período vespertino. A palestrante é Maura de Oliveira, líder da organização não-governamental e também escritora. Em suas obras, ela contou os traumas de sua infância, onde passou por violações enquanto estava em situação de rua.
Menina de ontem
Aos 6 anos de idade, Maura foi retirada das ruas por um comerciante português, no Rio de Janeiro, para sua primeira casa. Mas o que seria o ambiente de amor, acolhimento e proteção contra os perigos do mundo, revelou-se hostil. Ao invés vez de contar com o amor de adultos responsáveis, a criança enfrentou o abuso sexual. No lugar do cuidado que a sua fragilidade física e emocional exigia, ela foi confrontada com violências físicas e psicológicas.
Aos 10 anos, foi para o Rio Grande do Sul, com a filha e genro do português. Ela seguiu em vulnerabilidade, sendo ameaçada até os 16 anos, quando a família foi transferida para a capital acreana.
No entanto, sua biografia não se reduziu a uma estatística de violência graças à intervenção da Justiça. “Posso dizer que nasci de novo em Rio Branco, conquistei minha liberdade por meio da Justiça, que fez valer meus direitos quando nem existia o Estatuto da Criança e do Adolescente”, declarou. “Não acredito em destino traçado, construímos nossa própria história, mas não sei se a minha vida teria o mesmo fim, se estivesse em outro local. Graças a Justiça do Acre, minha vida mudou completamente”, completou Maura.
Na época, o titular da 2ª Vara Criminal era o desembargador aposentado Francisco das Chagas Praça, que, de acordo com a descrição do livro “Menina de ontem”, demonstrou total atenção e sensibilidade a a dor da vítima. O magistrado, em 9 de maio de 1985, por meio de uma decisão sumária, concedeu a guarda provisória de Maura a uma amiga, visando sua proteção.
O alcance da Justiça permitiu uma reviravolta e um novo capítulo se iniciou. A jovem se formou em História, fundou uma ONG e assim segue uma vida engajada com a proteção de crianças e jovens.
[Ascom]