POLÍTICA
Coronel Ulysses pede à Marinha a instalação de base de fuzileiros navais para o combate do tráfico de drogas no Vale do Juruá
Ulysses explica que as organizações criminosas forçam comunidades ribeirinhas e índios da região a “proteger suas rotas fluviais como olheiros”, ou a ajudá-los a abrir “picadas” (caminhos no meio da selva Amazônica) para escoarem drogas. Ulysses entregou nesta quarta-feira (15) o pedido ao comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) almirante de esquadra Carlos Chagas Vianna Braga. E alertou: “da forma como está, o Brasil corre risco de perder a soberania da Amazônia, não para outros países, mas para o crime organizado”.
BRASÍLIA (15.05.2024) – O deputado Coronel Ulysses (União–AC) solicitou ao Comando da Marinha a instalação, em caráter de urgência, de uma Base de Fuzileiros Navais em Cruzeiro do Sul–AC, para intensificar o combate ao tráfico de drogas no Vale do Juruá. Requerimento nesse sentido foi protocolado ontem por Ulysses na Câmara dos Deputados.
Nesta quarta-feira (15), Ulysses entregou o pedido pessoalmente ao comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), almirante de esquadra Carlos Chagas Vianna Braga. O ato ocorreu durante visita de integrantes da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da qual Ulysses é vice-presidente, àquela organização militar, sediada no Rio de Janeiro.
Durante o encontro, Ulysses fez a Chagas um relato sobre a ação de criminosos e traficantes na região do Juruá, explicando que “a região é hoje a principal rota de atuação do Comando Vermelho”. O comandante ficou sensibilizado com a situação e garantiu a Ulysses que seu pedido será analisado pelo Alto Comando da corporação, para uma resposta o mais rápido possível.
Para o deputado, o patrulhamento fluvial rotineiro dos rios daquela região é urgente, e indispensável, porque, “infelizmente, a região do Vale do Juruá se encontra tomada por facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro, que atuam no tráfico internacional de drogas, em especial, de cocaína”.
A audácia e o terror imposto por essas narco-organizações criminosas têm forçado comunidades do Vale do Juruá a “proteger suas rotas fluviais como olheiros”, ou a ajudá-los a abrir “picadas” (caminhos no meio da selva Amazônica) para escoarem a produção de drogas, notadamente a cocaína. “E da forma como está, o Brasil corre risco de perder a soberania da Amazônia, não para outros países, mas para o crime organizado”, alertou Ulysses.
A presença dessas organizações criminosas na região do Juruá é devido sua aproximação da Província de Ucayalli, na Amazônia peruana, onde, segundo dados da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Vida Sem Drogas (DEVIDA) do Peru, em 2022 havia 14.531 hectares de plantações de coca na região, sendo quatro vezes maior do que a área registrada em 2020.
Ulysses avalia que o avanço do narcotráfico em áreas isoladas da Amazônia é preocupante e exige uma ação rápida, efetiva e constante do governo federal, por meio de Segurança Pública e também das Forças Armadas, sendo a participação da Marinha de extrema importância, pois o principal modal de transporte utilizado por traficantes que atuam na região é o fluvial.
“Criminosos recrutam ‘soldados do tráfico’ nas periferias de cidades da região”, diz Ulysses
A região do Vale do Juruá abriga oito municípios – Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Feijó, Jordão e Tarauacá. Ali, diz Ulysses, “além de recrutar ‘soldados do tráfico’ nas periferias das cidades do Vale do Juruá, as organizações criminosas têm levado medo e terror às populações ribeirinhas, indígenas e seringueiros”.
Segundo Ulysses, a audácia e o terror imposto por essas narco-organizações criminosas têm forçado comunidades do Vale do Juruá a “proteger suas rotas fluviais como olheiros”, ou a ajudá-los a abrir “picadas” (caminhos no meio da selva Amazônica) para escoarem a produção de drogas, notadamente a cocaína.
“Assim, para inibir a ação desses criminosos, o patrulhamento fluvial dos rios da região é medida indispensável”, enfatizou Ulysses. Com suas embarcações destinadas ao patrulhamento fluvial, a Marinha do Brasil já atua em outras áreas da Amazônia, como no Estado do Amazonas, realizando, em parceria com outras Forças, operações ribeirinhas de repressão ao tráfico de drogas.
Em uma dessas operações, realizada em fevereiro deste ano, uma patrulha da Marinha apreendeu mais de uma tonelada de maconha no Rio Icá, no estado do Amazonas.
Ulysses entende que, face à peculiaridade dos rios da hidrografia da Bacia do Juruá, que dificultam a utilização de grandes embarcações, a utilização tática de fuzileiros navais em patrulhas ribeirinhas potencializaria a atuação ora efetivada pelas Forças locais e federais na região, para inibir o tráfico de entorpecentes.
A região do Vale do Juruá possui uma hidrografia que permite a criação de rotas fluviais até Manaus. “Por ser uma região fronteiriça com o Peru, um dos principais produtores de cocaína do mundo, o ambiente se tornou atrativo para a atuação das narco organizações criminosas que aterrorizam nosso país”, explicou.
Juruá é prioridade da política de segurança pública
Ainda, segundo Ulysses, o avanço do tráfico de drogas no Juruá transformou a região fronteiriça em prioridade na política de segurança pública estadual. Explicou que o governo do Acre criou uma estratégia local de enfrentamento aos crimes transfronteiriços, que conta com recursos operacionais e de produção de conhecimento específico para conter a violência agregada ao tráfico de entorpecentes na região.
De acordo com Ulysses, apesar dos esforços das forças policiais do Acre e federais para reprimir a prática do tráfico de substâncias entorpecentes na região, é patente o déficit de recursos humanos e logísticos para promover estratégias eficazes que desestimulem o crime organizado na exploração das rotas da Bacia do Juruá.
“Para evitar tragédia maior, entendo ser indispensável e urgente a instalação de uma Base de Fuzileiros Navais no Vale do Juruá, no Acre. Nesse sentido, clamo ao Governo Central, por meio do Ministério da Defesa, para que tal medida seja implementada em caráter urgentíssimo”, afirma Ulysses no pedido enviado ao Comando da Marinha.