ARTIGO
Crônica de domingo | Beth Passos
Meu pensamento que explode na mente de imediato é: por que a sexualidade de alguém deve ser problema ou relevante para mim? Acho que se tivesse uma resposta aceitável para isso já seria assunto resolvido. Isso não pode porque é “perigoso” para as crianças… A ideia de um personagem gay na turma da Monica é absurda porque estão enfiando a homossexualidade nas crianças… Mais…. E quanto aos meus filhos e filhas que possuem contato com a violência desenfreada desde cedo em desenhos, escola, tv, jogos… Não deveria eu ter medo de que se tornassem agressivos também, seguindo esse pensamento? E as novelas que mostram mulheres sexualizadas e importunadas o tempo todo por homens sem limites, não deveria ser.um problema? E minhas filhas que assim como eu não conseguem terminar a frase sem interrupções, não deveria ser também um problema? Na sala da minha filha, estão todos focados em falar mal de Round 6 no momento porque é violento, porque isso e aquilo e eu concordo. Mas a maioria ali joga videogames bem piores e não conseguem ultrapassar a camada superficial da reclamação no quesito violência e refletir que a maior violência da série que eu nem assisti ainda não está no sangue.
Por que a sexualidade de alguém é problema? Por que a sexualidade de um personagem fictício é problema???
A polêmica da vez é o quadrinho da DC em que o filho do Superman revela que é bissexual e tasca beijos molhados na boca de outro rapazote.
A sociedade é organizada para garantir os privilégios masculinos obtidos a partir da dominação das mulheres. Para isso funcionar, é preciso garantir a formação da família tradicional, onde há um homem que controla uma mulher e crianças. Porque nascemos e somos heterossexualizados: tudo que é produzido na cultura, leis, religiões, normas, valores, ditam a heterossexualidade como a única via de comportamento possível, “normal” e aceitável, então punem outros tipos de comportamento, que hoje estão inseridos e merecem respeito.
O Superman é o símbolo de masculinidade aspiracional dos tempos atuais. Ele é invencível, forte, bonito, poderoso, “bom”. E também resolve tudo na base da violência. Espanca, mas não mata. Louis Lane também é um símbolo aspiracional para meninas. Ela é bonita, inteligente, assertiva, independente. No entanto, só arranja encrencas por seu temperamento, sempre se pondo em perigo. E se apaixona pelo herói que sempre aparece para salvá-la no final do dia. O casal Louis e Clark é o modelo das relações heterossexuais da modernidade. Em que a mulher parece independente e o homem parece “frágil”, mas a verdade é que ela só arruma problemas e ele precisa mostrar sua força para consertar tudo. Parece romântico, mas só reforça o sentimento de superioridade de meninos diante das meninas, com pitadas de condescendência.
Que mundo é esse em que estamos vivendo. Conseguiram sacanear até o homem de aço, o Deus imortal e indestrutível, só não contavam com a geração Nutella! Estou rachando o bico de rir, desde que começou a “polêmica” dos personagens fictícios e de plásticos. Se os personagens fossem reais com certeza agora estariam destruindo todo este planeta de pessoas surreais!!!
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