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ARTIGO

Defensor Público aposentado e advogado militante, Valdir Perazzo escreve sobre a regularização fundiária e os valores Judaico-Cristão

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A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA (URBANA E RURAL) E OS VALORES JUDAICO-CRISTÃOS

Dr. Plínio Correia de Oliveira, em tudo que escreveu deixou muito claro que o objetivo da bandeira da reforma agrária levantada pela esquerda, ao longo desses últimos 60 (sessenta) anos, nunca foi para resolver o problema dos que não possuem terra. É uma tese de mobilização revolucionária, no escopo de se chegar ao socialismo. E o papel do cristão não pode ser o mesmo, isto é, impulsionar uma causa revolucionário.  O Cristão deve ser um contrarrevolucionário.

Depois da leitura de “Reforma Agrária – Questão de Consciência”, publicação feita para comemorar os 50 anos da primeira edição, de autoria de Dr. Plínio Correia de Oliveira (1908-1995), reforcei ainda mais essa convicção do que linhas atrás afirmei. Disse o “Cruzado do Brasil”: “Historicamente, o primeiro e mais importante passo para impor o igualitarismo socialista sempre foi a Reforma Agrária”.

Um documento básico do MST, não deixa dúvida de que o objetivo da reforma agrária é o projeto socialista; não é resolver problema de quem não tem terra. No VI Encontro Nacional do MST ficou decidido: “As ocupações e outras formas massivas de luta pela terra vão educando as massas para a necessidade de tomada do poder e da implantação de um novo sistema econômico: socialismo”.

É evidente que o MST não inventou isso. A ideia de que a reforma agrária é uma bandeira para mobilizar no escopo de se chegar ao comunismo vem de longe. Vem do movimento comunista internacional. Liou-Chao-Tchi, Secretário do Partido Comunista Chinês, sobre o que pretende chegar com a reforma agrária disse: “Reforma Agrária é uma luta sistemática e feroz contra o feudalismo…Seu objetivo não é dar terras aos camponeses pobres, nem aliviar sua miséria: esse é um ideal de filantropos, e não de marxistas”. n.g.

No mesmo tom do que disse o Secretário Geral do Partido Comunista Chinês, é o discurso do líder guerrilheiro argentino-cubano, morto na Bolívia, Tche Guevara. Eis o que dizia sobre a bandeira da reforma agrária: “a base das reivindicações sociais que guerrilheiro deve levantar é a mudança da estrutura da propriedade agrária. (…) A luta deve desenvolver-se, pois, continuamente sob a bandeira da reforma agrária”.

Parte-se, portanto, do pressuposto verdadeiro (autêntico) de que reforma agrária defendida pela esquerda nunca foi para dar terra às pessoas pobres. Mesmo porque a esquerda é contra o direito de propriedade.

Tenho um amigo que diz que todo livro um dia tem sua vez. Ao longo da minha vida fui confirmando essa verdade. Faz um ano ou dois que vi exposto no shopping de Rio Branco o livro “Pioneiros do MST”, de autoria de Eduardo Scolese, com o subtítulo de “Caminhos e descaminhos de homens e mulheres que criaram o movimento”. São vários depoimentos de pessoas que ajudaram na construção da Pastoral da Terra e, posteriormente, do MST.

Pois bem. Aleatoriamente, para escrever esse artigo, li o depoimento de Agnor Bicalho Vieira, que era conhecido, inicialmente, na Pastoral da Terra, e, posteriormente, no movimento do MST, como “Parafuso”.  Quando deu seu depoimento ao autor do livro, que investigava a vida dos pioneiros, já estava – e esse dado é importante – com 66 (sessenta e seis) anos de idade, os filhos já todos adultos e independentes.

Sobre a educação de “Parafuso”, mormente a educação cristã, escreveu o autor na página 104: “Em casa, a educação era rígida. O pai, por exemplo, proibia os filhos de jogar futebol e os obrigava a leituras diárias de trechos da Bíblia, além de estudar o catecismo. Na casa da família havia uma Bíblia em quatro volumes, raridade na época, principalmente entre os lavradores”.

Vê-se pelo texto acima que o pai era cristão e dava – o que era raro entre os trabalhadores rurais, como admite o autor do livro – uma educação cristã à família. Nas entrelinhas também se percebe que o autor do livro não admirava o pai que lia a Bíblia para o filho. Disse que o pai obrigava sua família ouvir textos da Bíblia. Talvez sugerindo que a religião deveria ser escolhida na vida adulta. Ou que a família deveria ser laica.

Em 1976 “Parafuso” tornou-se um militante da Comissão Pastoral da Terra. Transcrevo o que o autor escreveu à fl. 111: “Foi nas CEBs, em 1976, que Agnor ganhou o apelido de Parafuso, por conta da semelhança com o irmão Prego, e ajudou a organizar a Comissão Pastoral da Terra no estado, criada um ano antes em nível nacional”.

Com essa entrada de Agnor (Parafuso) na Pastoral da Terra (Igreja Católica), se presumiria que o personagem passaria a ser um católico ativo. Que teria aprofundado sua fé a partir dos rudimentos católicos que recebeu na infância, com os ensinamentos do austero pai.

Segue nos dois parágrafos abaixo transcritos o que aconteceu com Agnor depois de ter entrado na Pastoral da Terra, e se tornado um militante da heresia da teologia da libertação.

“Sem conceitos na cabeça, apenas com prática, Parafuso estava com 36 anos quando, em 1978, foi escolhido pela Pastoral da Terra de Santa Catarina para representar os três estados do Sul num congresso da entidade em João Pessoa, na Paraíba.

Voltou de lá depois de uma semana.

Estava entusiasmado com os discursos de Leonardo Boff que havia ouvido, e não parou mais de ler e de falar sobre Karl Marx. Até os filhos e a mulher tiveram de aguentar as declarações apaixonadas daquele novo marxista”.

Parafuso, com sua entrada no movimento da Igreja, sob inspiração da Teologia da Libertação (Pastoral da Terra), ao invés de crescer nas virtudes cristãs (fé, esperança e caridade), tornou-se marxista, um adversário da Igreja Católica. “O comunismo é intrinsicamente perverso”, como disse Pio XI.

Se poderia esperar que Parafuso com a idade (quando deu o depoimento estava com 66 anos), viesse a se reconciliar com a Igreja Católica, de quem aprendeu os rudimentos da fé ainda na infância com o pai austero.  Não foi o que aconteceu. Tornou-se definitivamente adversário da Igreja Católica.

São suas palavras, transcritas pelo autor do livro,  encerrando o depoimento que deu: “A religiosidade desapareceu. O menino que decorava a Bíblia sob as ordens enérgicas do pai hoje se diz um homem sem religião. “Tem muita falsidade nos credos religiosos.  Não acredito nesse tipo de deus que a turma fala. Acredito na justiça”. Seu ateísmo perdurou na velhice. Foi o resultado de sua militância na “teologia da libertação”.

Um verdadeiro paradoxo. O personagem passou a militar numa pastoral da Igreja Católica (Pastoral da Terra), e se tornou um ateu. A conclusão lógica é que a teologia da libertação é uma interpretação comunista dos Evangelhos. E o comunismo é incapaz de promover o bem, como dizia Pio XI. “A doutrina católica é o completo oposto do “ódio social”.

Do livro “O COMUNISMO E O FIM DOS TEMPOS”, de autoria do Bispo Fulton Sheen e outros, à guisa de conclusão, de Alocução de 13.05.1950, do Santo Padre Pio XII, socorro-me do Santo Magistério: “A Igreja não condena o comunismo apenas porque é ateu. Ela também o condena por ser uma teoria e uma práxis destruidora de toda ordem social e econômica de convivência”.

Muitos cristãos de boa-fé apoiam a bandeira da reforma agrária na crença (falsa) de que é uma política pública de solidariedade com os pobres. Ledo engano! Trata-se de uma bandeira revolucionária. A política pública, diametralmente oposta a reforma agrária, de solidariedade com os pobres é a REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA (URBANA E RURAL), que lhes dá dignidade de moradia e que gera emprego e renda.

 

 

 

 

 

 

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