ACRE
Dinopera Nicinha: Acreana morta em 2016 é homenageada com nome científico de formiga recém-descoberta
Por Wanglézio Braga / Com foto de Hilário Povoas de Lima
O Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu homenagear a acreana, Nicinha de Souza Magalhães, dando nome a uma espécie de formiga gigante recém-descoberta. Dinoponera Nicinha ou simplesmente D. Nicinha, foi descrita pelo Laboratório de Mirmecologia Neotropical da instituição que publicou a novidade na edição de N°7 da revista Ciência da UFPR.
Nicinha nasceu em Xapuri, interior do Acre, e ganhou notoriedade pelo trabalho na região de garimpo ao longo do Rio Maierá em Rondônia (RO). Magalhães era uma das líderes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), um movimento social fundado na década de 1970 que procura defender os direitos das pessoas atingidas pela construção de barragens. Ela foi assassinada em 2016 em um acampamento de pescadores localizado às margens da BR-364, na Zona Rural de Porto Velho. O acusado pela morte foi julgado e pegou 15 anos e seis meses de cadeia em regime fechado.
De acordo com a revista, a formiga D. Nicinha foi “encontrada durante uma pesquisa na UFPR que realizou a revisão taxonômica do gênero Dinoponera, conhecido por possuir as maiores formigas do mundo, que chegam a ultrapassar 3,5 centímetros de comprimento total”.
A ‘big’ formiga foi registrada nos estados do Amazonas (AM) e RO. A nova espécie foi encontrada em ambientes florestais com alto índice de chuvas e densa cobertura de árvores de grande e médio porte.
“Em Porto Velho, as formigas foram encontradas em uma região próxima a áreas que sofrem impacto de uma usina hidrelétrica (…) A principal característica que diferencia a nova espécie das demais é o formato do nodo peciolar (a cintura da formiga). Em D. nicinha, quando visto lateralmente, esse nodo possui a margem dorsal convexa e com os ângulos anterior e posterior na mesma altura. Outra característica é o corpo brilhante e coberto por pêlos dourados”, descreve a publicação.
“São formigas excepcionais, não somente pelo tamanho descomunal, mas também pela importância cultural para algumas comunidades brasileiras (…) Embora o Brasil conte com uma comunidade de estudiosos ativos sobre as formigas e internacionalmente reconhecidos, ainda é possível descobrir novas espécies de insetos relativamente grandes”, disse O professor John Edwin Lattke Bravo, do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFPR, as repórteres Camille Bropp e Aline Fernandes França que assinam a matéria na revista. https://ciencia.ufpr.br/portal/elza-soares-e-nicinha-magalhaes-sao-homenageadas-em-nomes-cientificos-de-formigas/