ARTIGO
Em artigo, DJ Black questiona sobre a COP 30: “E a Amazônia real, vai ficar de novo na promessa?”
Em 2025, Belém do Pará será palco da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Um evento global, com líderes internacionais, chefes de Estado, ministros, empresários e ativistas. Todos reunidos para, mais uma vez, “discutir o futuro do planeta”. Mas a pergunta que ecoa do chão batido da floresta é simples e urgente: até quando vamos ficar só nas conversas?
A Amazônia arde em fogo real. Não é metáfora. São hectares inteiros de floresta destruídos por queimadas ilegais, pelo avanço de garimpos, pelo desmatamento predatório. Enquanto isso, os verdadeiros guardiões da floresta – o seringueiro, o agricultor familiar, os povos indígenas -seguem à margem dos holofotes e das decisões. A COP 30 só terá valor se, desta vez, a floresta for ouvida por quem vive nela, e não apenas por quem a explora de longe.
Quantas COPs já passaram? Quantas promessas foram feitas? Quantos bilhões foram destinados a projetos “verdes” que nunca chegaram nas mãos de quem precisa? Os acordos são assinados em salas com ar-condicionado, longe da realidade de quem depende do rio limpo pra beber, da terra viva pra plantar, da árvore de pé pra sobreviver.
A realidade do Norte do Brasil não se resolve com discurso técnico nem com marketing ambiental. O que muda a vida de quem está lá é infraestrutura, crédito para produção sustentável, regularização fundiária justa, combate firme ao crime ambiental, acesso à educação de qualidade, saúde básica funcionando, e internet que conecte, não que isole.
A COP 30 não pode ser mais uma vitrine para fotos bonitas e acordos de fachada. Precisa ser o ponto de virada onde as ações falem mais alto que os discursos. Onde os bilhões investidos deixem de sustentar ONGs distantes e passem a empoderar quem planta, cuida, pesca, coleta e protege. Onde os indígenas deixem de ser “temas de painel” e passem a ser protagonistas da solução.
Se o mundo quer salvar a Amazônia, tem que começar ouvindo quem vive dela – e não sobre ela. Os povos da floresta não são coadjuvantes. Eles são os verdadeiros especialistas ambientais.
Portanto, fazemos um chamado claro e direto aos líderes da COP 30: chega de prometer para 2030, 2050, 2100. A Amazônia não aguenta mais esperar. O seringueiro não come crédito de carbono. O indígena não bebe offset de emissão. O agricultor não planta com discurso.
Chegou a hora de parar de fingir que estamos salvando o planeta enquanto destruímos o chão de quem vive nele.
Querem salvar a Amazônia? Comecem salvando o povo da Amazônia.
Dj Black Junior