Em sua coluna desta quinta, 31, o professor Raimundo Ferreira questiona o impedimento que o homem faz de a natureza seguir seu curso

USO INADEQUADO DOS HABITATS

Observando ao redor, seja no interior ou nos centros urbanos, percebemos facilmente o quanto a natureza foi descaracterizada e transformada em habitat exclusivo para os seres humanos — que, muitas vezes, sequer respeitam ou reconhecem a perfeição e a importância dessa obra do Criador, oferecida generosamente para o usufruto de todos.

Na condição de parte integrante da natureza, o mínimo que o ser humano poderia fazer, para demonstrar sua gratidão, seria promover adaptações pontuais para sua comodidade, sem jamais impedir que a natureza continue desempenhando suas funções essenciais de manutenção e renovação da vida. Tampouco deveria sufocar os elementos vivos da natureza — como o solo e as fontes de água — com o descarte de materiais sintéticos e poluentes.

No entanto, em vez desse reconhecimento consciente e comportamento responsável, o que se constata são ações e atitudes contrárias à preservação ambiental. Por exemplo: ao redor de suas residências, o solo precisa “respirar” e não ser sufocado com asfalto, cimento ou lajotas; fontes e canais de água corrente não deveriam ser transformados em depósitos de esgoto in natura ou em locais de descarte de resíduos indesejados, entre outras práticas inadequadas.

Ou seja, comportamentos descuidados resultam no uso incorreto dos recursos naturais e, somados ao crescimento populacional desordenado e à ocupação irregular do planeta, agravam ainda mais a situação. E, considerando a ausência de uma educação ambiental eficaz, que contribua para a formação de uma consciência coletiva, a natureza se vê obrigada a reagir com respostas adversas — muitas vezes catastróficas — que se refletem no clima e, especialmente, no solo, causando deslizamentos, que, de certo modo, são tentativas da terra de se reacomodar diante das agressões sofridas.