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Ex-guarda mirim, Juiz de Direito do Acre elogia Polícia Militar pela disciplina e valores que lhe passou na adolescência

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Ensinamentos que envolvem disciplina, respeito e garantem valores, assim o juiz de direito Cloves Augusto Alves Cabral Ferreira, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco, avalia os projetos sociais desenvolvidos pela Polícia Militar do Acre ao longo dos mais de 100 anos de existência, fazendo a história da instituição se confundir com a do estado e dos acreanos.

Juiz Cloves Augusto Ferreira foi Guarda Mirim na década de 80. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Hoje, quem vê o magistrado ocupando um cargo no Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) não imagina a trajetória dele até alcançar seu objetivo. Em 1982, um encontro mudaria sua vida, pois ao entrar no projeto da Polícia Militar, chamado de Guarda Mirim, Ferreira diz que os ensinamentos o molduraram como novo cidadão.

“Foi uma experiência marcante para a minha vida ser Guarda Mirim. Me ajudou muito em um momento difícil, até mesmo na relação familiar, e me deu valores de futuro que foram importantes para depois eu ter um trabalho. Foi por meio desse projeto que consegui meu primeiro emprego em uma copiadora e foi ali que aprendi uma profissão”, relembra.

Entre as atividades de plastificar e fotocopiar, ele encontrou o edital de concurso do Colégio Militar em Manaus. “Ou seja, a Polícia Militar do Acre me ajudou a ir para Manaus e até conseguiu uma bolsa, porque não tínhamos condições de pagar na época. A PM me ajudou demais nisso”, conta.

Projeto Guarda Mirim atende centenas de crianças e jovens no Vale do Juruá. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Enquanto era aluno do projeto da PM, ele diz que aprendeu muito sobre o respeito, pilar básico para a convivência com as pessoas. O juiz recorda que chegou a morar no Quartel da Polícia Militar.

“Naquele tempo, a Guarda Mirim tinha um programa, inclusive de internação. As pessoas que, às vezes, não tinham condições de estar naquele momento com seus familiares moravam lá no quartel da PM. Tinha um alojamento. Inclusive, chamávamos quem morava no quartel de ‘laranjeira’. Então, fui laranjeira da Polícia Militar”, relembra.

Foi também a PM que lhe despertou o amor pela música, porque o alojamento dele ficava ao lado das instalações da banda da PM, conhecida por seus projetos voltados à comunidade.

“Quando cheguei no Colégio Militar, fui para a banda de música e me tornei músico. Hoje, vendo minha história, eu digo para quem é Guarda Mirim que é preciso sonhar. Estar ali me fez sonhar em ser militar. Eu não consegui seguir a carreira militar, mas hoje estou aqui como juiz”, destaca.

Práticas desportivas fazem parte desse projeto, que atende muitos jovens no estado. Foto: Ingrid Kelly/Secom

Descoberta e acompanhamento

O 6º Batalhão da Polícia Militar, que cuida da área do Vale do Juruá, é um dos mais atuantes com esse projeto atualmente. No Quartel da Polícia Militar, essas crianças e adolescentes são incentivados a uma orientação de descoberta socioprofissional com o intuito de despertarem para uma visão mais ampla e humana do mundo, por meio de palestras educativas, visitas técnicas e institucionais, diversas atividades desportivas, lazer e cultura de um modo geral, como novas possibilidades que permitam melhorar o desenvolvimento das atividades que visam o crescimento físico-intelectual dessas crianças.

O mais importante é que, desta forma, o batalhão atua de forma integrada com a comunidade e demais instituições públicas e privadas, não somente as de segurança, mas todas as que diretamente ou indiretamente tenham como foco principal o bem-estar do povo acreano, uma integração que tem gerado frutos cada vez mais satisfatórios.

‘Mudou minha vida’

Clara Melo, de 9 anos, mora no Bairro da Cohab, em Cruzeiro do Sul. Ela participa do projeto Guarda Mirim do 6º Batalhão e diz que o projeto mudou a vida dela.

“Fez até eu sair mais da tela do celular, me disciplinou e me deu educação. Além disso, mudou minha visão sobre a PM, porque eu tinha medo da polícia, mas hoje, convivendo com os policiais, me inspiro neles”, conta.

O reflexo na educação a fez escolher também uma profissão. Assim como seus instrutores no projeto, ela sonha em ser policial. Assídua no jiu-jitsu, ela conta que os policiais a fazem planejar um futuro melhor.

Crianças aprendem respeito, civismo e são orientadas por policiais. Foto: cedida

“Tenho me espelhado muito neles, que me inspiram cada vez mais para ser alguém na vida e não desistir dos meus sonhos”, afirmou.

No último sábado, 26, houve o Campeonato Interno de Jiu-jitsu na quadra da Polícia Militar, em Cruzeiro do Sul. Na ação, também foram arrecadados alimentos não perecíveis para doações futuras. Atualmente, o projeto atende 340 crianças e jovens, tendo aulas no 6º Batalhão, Rodrigues Alves e Vila São Pedro, por meio do 2° Pelotão.

Kelyane Maia, de 13 anos, aprende dia a dia a essência da arte marcial. Integrar o projeto a fez abrir os olhos para o que ela quer e até onde pode chegar.

“O projeto ajudou bastante para eu me exercitar mais e soltar mais o celular, além de dar mais amor para os meus pais. A profissão que penso seguir é a de policial do Giro [Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva], porque eles me ajudam e me inspiram”, declarou.

Micael Lima, de 10 anos, também sonha em ser policial um dia. Ele conseguiu criar uma ligação importante no projeto. “Aqui eu aprendi muita coisa e tenho muitos sonhos. Quando eu crescer, quero ser policial”, disse.

Muitas das crianças que fazem parte do projeto Guarda Mirim sonham em ser policiais. Foto: cedida

Dedicação e entrega

O major da reserva Francisco de Almeida, ex-comandante da Guarda Mirim do 6º BPM, estima que pelo menos 3 mil crianças e adolescentes tenham passado pelo projeto desde abril de 1994, quando ele iniciou na cidade.

Atualmente funciona em dias alternados, às segundas, quartas e sextas-feiras nos períodos da manhã das 7h às 11h e à tarde das 13h às 17h, com os alunos do contraturno escolar.

“A Guarda Mirim tem como finalidade principal instruir menores de 10 a 17 anos de idade reforçando-lhes os bons princípios como honestidade, ética e respeito à liberdade, com assistência e orientação nos campos da atividade humana. Com isso, visa afastar os menores das ruas contribuindo com suas famílias para a educação e formação humana, e, deste modo, trabalhar de modo preventivo contra a ociosidade e a marginalidade”, explica o major.

Pelo menos 3 mil crianças e adolescentes passaram pelo projeto Guarda Mirim no Vale do Juruá, desde abril de 1994, quando ele iniciou na região. Foto: cedida

Nas práticas desportivas, além do futebol, o major relembra que foram incluídas outras modalidades, como Taekwondo, quando foram formados seis faixas pretas no projeto. Logo após, o Jiu-jítsu passou a ser praticado.

“Na verdade, a polícia está e deve estar em função do cidadão de bem. E, por este motivo precípuo, combate a criminalidade por meio da prevenção, que, durante muito tempo, se fez somente com o policiamento ostensivo-preventivo. Mas hoje, o termo prevenção venceu alguns limites de entendimento, ganhando algumas categorias, como a prevenção primária, que são os chamados projetos sociais”, explica.

Com anos dedicados a este projeto social que mudou e permanece mudando vidas, o major acredita que esta ação é um motor de mudança social.

“O que mais impacta são as histórias de superação e transformação aliadas à alegria percebida no sorriso e brilho nos olhos dos pais quando veem seus filhos nas formaturas da Guarda Mirim. A sociedade precisa saber que pode contar com a Polícia Militar, que é uma parceira com presença constante e marcante na comunidade”, finaliza.

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