GERAL
Ex-soldado do Exército tenta resgatar cabo dependente químico que perambula pelas ruas do centro de Rio Branco
Evandro Cordeiro
O ex-soldado do Exército Brasileiro Márcio Charly está na terceira tentativa de ajudar um ex-superior seu na caserna, o ‘cabo Lima’, um sujeito esquálido que perambula pelas ruas de Rio Branco, supostamente escravo da dependência química. O ex-colega de farda disse ao AcreNews que tem tentado ajuda-lo, sugerindo levar ele a uma clínica, sem êxito, até agora.
Cabo Antônio Barbosa Lima, o ‘Cabo Lima’, é um velho conhecido de quem transita pelo centro de Rio Branco. Ele circula sempre de bermuda, sem camisa e descalço, nas condições análogas às dos dependentes químicos. Como teria se aposentado pelo Exército, onde ficou pelo menos 25 anos, muitas pessoas acabam lhe reconhecendo. Segundo o ex-colega de farda, no entanto, o velho cabo sempre rejeita às ajudas.
Márcio Charly serviu o Exército de 1996 a 1999, no 4° Bis. Era do pelotão de comunicação, enquanto o ‘Cabo Lima’ servia no rancho. Era seu superior, hierarquicamente. Ainda hoje quando o encontra trocam continência, na esperança de empolgar o amigo a deixar a vida mendiga. Charly chegou a ir na casa da mãe do cabo, revela um clima de sofrimento da família e a sensação de impotência generalizada.
O ex-soldado Charly informa ter procurado o comando local do Exército, em busca de socorro para o colega. O EB possui diretrizes para acolher e tratar militares com dependência química, reconhecendo a importância de oferecer suporte adequado a esses profissionais.
O Exército implementou o Plano de Prevenção à Dependência Química, que estabelece políticas de prevenção, identificação precoce e tratamento para militares afetados por substâncias psicoativas. Esse plano enfatiza a importância de ações educativas e de suporte psicológico, visando a recuperação e reintegração do militar ao serviço ativo.
Militares diagnosticados com dependência química têm acesso a tratamento especializado por meio do FUSEX (Fundo de Saúde do Exército). Este plano de saúde oferece cobertura para internações, terapias e acompanhamento psicológico em clínicas credenciadas, garantindo um ambiente propício à recuperação.
A questão, segundo Márcio, é o dependente aceitar. Enquanto o velho cabo recusa, o amigo promete não desistir. “Vou sempre tentar ajudar ele, convidar, na esperança de um dia ele aceitar”, afirmou.