Fundada em 2019, na Vila Campinas, em Plácido de Castro, interior do Acre, a quadrilha Explosão Junina surgiu do desejo de manter vivas as tradições das festas de São João e de fortalecer a cultura popular. Desde sua criação, o grupo se dedica à arte e à valorização das manifestações tradicionais, promovendo a identidade do povo acreano por meio da dança, música e encenação. A apresentação da junina está marcada para esta terça-feira, 24, às 21h.
A quadrilha é a atual campeã do Festival de Quadrilhas de Plácido de Castro, título que representa a trajetória de esforço, união e amor pela cultura popular. Além disso, ao longo do ano, o grupo também realiza ações sociais com adolescentes e crianças, a grande maioria em situação de vulnerabilidade social.
“Sinto muito orgulho dessa junina, pois somos de uma comunidade pequena, mas sempre tentamos levar o nosso melhor, pensando no bem que isso traz para os jovens e adolescentes da nossa comunidade”, declarou o presidente e um dos fundadores da quadrilha, Neeck Paes.
No dia 10 de março de 2025, a quadrilha Explosão Junina foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural do Estado do Acre, pela Lei nº 4.530/2024, proposta pelo deputado estadual Pedro Longo e sancionada pelo governador Gladson Camelí.
Arraial Cultural
O governo do Acre, por meio da Fundação Elias Mansour (FEM), realiza de 24 a 29 de junho, na Gameleira, em Rio Branco, o tradicional Arraial Cultural 2025. Durante as festividades haverá o 23º Concurso Estadual de Quadrilhas Juninas do Acre.
“A gente vem desenvolvendo um trabalho desde janeiro deste ano, estamos esperando ficar entre as oito melhores juninas do estado, mas independentemente do resultado, eu acho que só chegar ao concurso e fazer o nosso trabalho é uma conquista”, afirma a coreógrafa cofundadora da quadrilha, Ingreddy Asfuri.
Temas e lendas
Para a apresentação no Concurso Estadual de Quadrilhas do Arraial Cultural, a Explosão Junina vai contar a história Lampejo: a Luz do Florescer. Uma narrativa de fé, devoção e esperança iluminada pelo fogo de São João.
No coração do sertão nordestino, onde o sol castiga e a terra não responde, Clarice, a noiva da quadrilha de São João, é uma jovem cheia de fé e coragem. Apesar da severa seca que assola a região e das dificuldades crescentes, ela acredita que a força da fé e o poder da comunidade podem transformar a dura realidade. Em sua mente e coração, a promessa de São João, feita com devoção e esperança, será a chave para a mudança.
Clarice, prestes a se casar com Zé da Luz, enfrenta um momento crítico. A terra não dá frutos, a mortalidade infantil aumenta e a desesperança se espalha. As mulheres do vilarejo, temerosas do futuro, já não se casam mais, deixando para trás sonhos e promessas de uma vida plena. O noivo, Zé, já não vê mais possibilidades naquela terra árida e pensa em partir em busca de uma vida melhor. No entanto, Maria, firme em sua fé, insiste em ficar, acreditando que tudo pode mudar com a força de sua devoção.
A noite de São João chega, iluminada pelas fogueiras que dançam ao ritmo do vento e das músicas alegres da quadrilha. Enquanto a comunidade se reúne para celebrar, Clarice, em um momento de profunda reflexão, faz uma promessa a São João: se a vida voltar a sorrir para o vilarejo, ela se casará com Zé da Luz, celebrando não apenas o amor, mas também a força da fé, que mantém todos unidos.
E, como um lampejo de luz em meio à escuridão, o milagre começa a acontecer. As chuvas, tão esperadas, começam a cair e, com elas, vem a renovação da terra. A vida floresce novamente, e as esperanças renascem. As mulheres do vilarejo, inspiradas pela fé e coragem de Maria, retomam seus sonhos de futuro. Zé da Luz, tocado pela fé de Clarice e pelas mudanças visíveis, decide ficar. O amor deles, agora fortalecido pela promessa feita à luz das fogueiras, torna-se a base de um novo começo para todos.
