GERAL
Floriano Bandeira construiu o primeiro hotel luxuoso de Cruzeiro do Sul, o Plínio; ele também é gente que fez o Juruá
Por Eré Hidson
Filho de Manoel Bandeira e Francisca Euflosina, vindos do Nordeste para o Alto-Juruá, especificamente na Vila Thaumaturgo, atualmente município de Marechal Thaumaturgo, para trabalhar na produção de borracha.
Nascido em 7 de dezembro de 1939, no início da Segunda Grande Guerra, Floriano Alves Bandeira é natural da Vila Thaumaturgo, no então território do Acre.
Casou-se com Maria José de Melo Bandeira, a dona Zete, com quem teve os filhos Plínio Willy de Melo Bandeira, do Pllínio Hotel, comerciante e pecuarista; Floriano Alves Bandeira Junior, comerciante e pecuarista.
De seringueiro a pecuarista a empresário próspero no setor hoteleiro e loja de eletrodomésticos e confecção e também tecidos para cortes.
Conhecido pela sua marca registrada, o trabalho e a fartura, o famoso barriga cheia, em estar sempre próximo aos seus colaboradores.
Em entrevista concedida por dona Zete Bandeira, viúva, que nos lembra muitas passagens interessantes da vida de Floriano Bandeira, que economizou dinheiro durante dois anos, cortando seringa no Alto-Juruá, logo em seguida, mudou-se para Cruzeiro do Sul, comprou casa e trouxe toda sua família para Cruzeiro também.
“O Floriano sempre foi muito apegado a família e aos parentes, homem muito católico e altruísta por convicção, que fez muitas caridades em silêncio. Aliás, um dos preceitos Cristãos: faz com uma mão que a outra não veja”, conta a viúva.
Montou o primeiro negócio no mercado de Cruzeiro do Sul, foi o primeiro comerciante a ter geladeira a querosene e vendia suco gelado. Foi pioneiro nessa área também.
Mais tarde, com a ajuda do amigo Mamede Badarane, conheceu diversas fábricas em São Paulo e passou a expandir seus negócios.
Montou a Casa Bandeira na metade dos anos 50 aproximadamente. Inicialmente, mexeu com confecção. Em uma das muitas viagens que fez a São Paulo, fechou uma loja e comprou todo o jeans desta loja e trouxe para Cruzeiro do Sul.
“Foram dois dias contando esse jeans e contando dinheiro”, diz ele.
Dona Zete destaca ainda a chegada do Sétimo Batalhão de Engenharia e Construção em Cruzeiro do Sul, que compravam muito tecidos para o fardamento da Casa Bandeira.
Já na metade da década de 70, criou o Plínio Hotel. Primeiro hotel a ser sinônimo de conforto e modernidade em Cruzeiro do Sul.
Passagem interessante desse episódio, foi que a concorrência hoteleira na época, com influência ao prefeito da época, embargaram a construção do seu empreendimento. Era numa época de eleição, o então candidato a prefeito, João Tota, tinha certeza que ganharia. Passou em frente da casa do Floriano e teria dito: “Recomece a construção do hotel amanhã mesmo, estou lhe autorizando”.
Portanto, João Tota também foi importante para essa construção, que recebeu inúmeras celebridades nacionais, políticos importantes e outras autoridades.
Renato Aragão, o Didi, Dedé Santana, Erasmo Carlos, Zezé de Camargo, Mara Maravilha, Agnaldo Timóteo, Reginaldo Rossi, Wando, Wanderley Andrade, José Augusto, Paulo Ricardo e outros se hospedaram no Plínio Hotel.
Zete Bandeira lembra uma passagem interessante a cerca das celebridades que se hospedaram no Hotel. Quando a então cantora e atual apresentadora Angélica se hospedou lá, era tanto fã que o corpo de bombeiros precisou tirar ela pela sacada do hotel, porque uma multidão obstruiu as escadas e as dependências hotel. Mas ressalta que no dia subsequente ao show de Angélica, ela recebeu milhares de crianças e deu um show de atenção, algo muito especial e bonito.
Outro episódio jocoso que aconteceu no Hotel Plínio, foi no cenário político. “Chegamos a ter em épocas de eleição, até quatro candidatos ao Governo hospedados no hotel e nós tínhamos que ter habilidade, em função dessas disputas eleitorais, para não causar confusão entre eles no hotel”, historia.
Ela relembra ainda do então governador Jorge Viana, hospedado no hotel, e também o então prefeito Aluísio Bezerra, que, por engano, levou a chave do quarto de Jorge Viana, casando certo mal-estar. Com muita habilidade e atenção conseguiram resolver, terminando em um clima de ternura.
Com um hábito peculiar, Floriano levava pra São Paulo farofa de frango pra comer em viagem e dividir com os amigos.
Era tudo muito difícil naquela época. Eram três dias de viagem de Cruzeiro a São Paulo. Ele mandava carta pelo correio, ele voltava de viagem e a carta só chegava depois dele chegar.
Em umas dessas viagens, na época que começaram a construir a BR 364, Floriano fretou um avião de médio porte pra trazer suas mercadorias, vindo somente com o piloto em viagem para Cruzeiro do Sul, o avião começou a vazar óleo e o piloto de maneira habilidosa, fez o pouso no meio da BR 364.
Com o objetivo de fazer seus filhos felizes, com todos ainda pequenos, começaram a pegar gosto por animais, então Floriano comprou a primeira fazenda.
Destaca-se que o próprio Floriano, juntamente com os peões, ia pra lida no trabalho braçal. Com uma garrafa de café e outra de água, dois terçados, um pra cada braço e estava pronto para a labuta.
Portanto de um homem comum da Amazônia, de seringueiro, a produtor rural, a pecuarista e, no final, um próspero comerciante.