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Francisco Cuoco morre aos 91 anos
Ex-feirante, galã da televisão e astro das novelas entre as décadas de 1960 e 90, ele deixa três filhos e personagens marcantes na dramaturgia brasileira
Por Revista Quem
Francisco Cuoco, um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, morreu aos 91 anos, na manhã desta quinta-feira (19). O ator ficou conhecido pelos galãs e protagonistas de novelas como Pecado Capital, O Astro, Selva de Pedra e O Sétimo Sentido, entre dezenas de outros e, na última década, fazia mais participações. Cuoco deixa três filhos, Tatiana, Rodrigo e Diogo, e netos. A informação foi confirmada a Quem por Mauro Alencar, pesquisador e amigo pessoal de Cuoco.
Cuoco esteva internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há cerca de 20 dias, e sofria complicações de saúde devido à idade. A causa da morte foi por falência múltipla dos órgãos. O velório será sexta, das 7h às 15h, aberto ao público, no Funeral Home, na Bela Vista, em São Paulo. O enterro será às 16h, fechado para familiares e amigos.
“O Hospital Israelita Albert Einstein confirma o falecimento de Francisco Cuoco, nesta quinta-feira, 14h54, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Dr. Milton Glezer, clínico geral no Hospital Israelita Albert Einstein. Dr. Eliezer Silva, diretor-executivo de sistemas de saúde do Hospital Israelita Albert Einstein”, diz o comunicado do hospital enviado à imprensa.
Morte de Francisco Cuoco:
Rosamaria Murtinho, amiga do ator, também confirmou a informação a Quem. “Estou muito triste, mas é verdade. Ele faleceu hoje pela manhã, estava sofrendo muito. A filha dele veio de Londres e os filhos também estavam no hospital. Conseguiram se despedir. A última imagem dele foi da família”, declarou ela, que soube a notícia por Gina Rodrigues, ex-mulher dele.
Cuoco foi feirante e sonhava em ser advogado
Paulista, Cuoco era filho de um imigrante italiano, o feirante Leopoldo, e da dona de casa Antonieta. O casal, que tinha ainda uma menina, Grácia, era muito humilde, e o ator trabalhava com o pai na feira durante o dia. À noite, estudava e tinha planos de se tornar advogado. O interesse pela interpretação veio ainda criança e via circos mambembes se instalarem no terro baldio em frente à casa da família, no bairro do Brás. Encantado pelo que via, o menino fazia pequenas encenações e sonhava com o mundo do cinema.
Cuoco pensava em estudar Direito, mas optou por fazer a Escola de Arte Dramática de São Paulo, onde ficou por quatro anos. Ele entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia e no Teatro dos Sete, duas companhias importantes que foram fundamentais para o teatro brasileiro. No palco, ele fez Werneck, de O Beijo no Asfalto (1961), de Nelson Rodrigues. Premiado em 1964 como melhor ator coadjuvante na peça Boeing-boeing pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Cuoco entrou na televisão no Grande Teatro Tupi, onde peças de prestígio eram apresentadas ao público da extinta TV Tupi.
Nesta época, entre 1960 e 1964, Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão, 12 anos mais velha que ele. Em 66, se casou com Gina Rodrigues, mãe de seus filhos, em uma união que terminou amigavelmente em 1984 – de 2014 a 2017 se relacionou com a estilista Thaís Almeida, 53 anos mais nova. Gina acompanhou o auge da carreira do ator, que brilhou na TV: fez Marcados Pelo Amor (1964), Redenção (1966), Legião dos Esquecidos (1968), Assim na Terra Como no Céu (1970), seu primeiro trabalho na Globo, O Cafona (1971) e Selva de Pedra (1972).
Nesta última, ele fez parceria com Regina Duarte, com quem também esteve em Legião dos Esquecidos e Sétimo Sentido (1982). A dupla foi das mais populares, quando a atriz era, então, a Namoradinha do Brasil. Cuoco foi Roque Santeiro na versão da novela censurada em 1975, e, no mesmo ano, fez um dos personagens mais icônicos de sua carreira: Carlão, o taxista de Pecado Capital.
Foi no remake da trama, em 1998, que Cuoco se indispôs com Carolina Ferraz. Os dois formavam um triângulo amoroso com Du Moscovis, mas brigaram e, em entrevista feita quando ele tinha 65 anos, afirmou que a atriz, então com 30, se recusou a beijá-lo. “Ele pediu desculpas depois, disse que eu era excelente profissional. Não tenho o que comentar, só tenho respeito pelo Cuoco. Essas coisas que acontecem no ambiente de trabalho, às vezes saem de lá (…). Depois trabalhamos juntos, fizemos o remake do O Astro (2011) e a gente se deu muito bem, isso já foi superado, é passado”, afirmou Carolina à revista Veja Rio.
No cinema, que era seu sonho quando ainda era feirante, Cuoco atuou menos. Esteve em Grande Sertão (1968), Traição (1998) e Gêmeas (1999), e trabalhou com Renato Aragão em Um Anjo Trapalhão (2000) e Didi – O Caçador de Tesouros (2006). Em 2005 fez Cafundó ao lado de Lázaro Ramos e em 2015 encerrou os trabalhos no teatro com Real Beleza (2015).
Os sucessos de Cuoco na televisão foram muitos, em tramas como O Astro (1977), Feijão Maravilha (1979), Eu Prometo (1983), O Outro (1987), O Salvador da Pátria (1989). Os papéis de protagonismo foram diminuindo, mas o ator continuou ativo e esteve em Cobras & Lagartos (2008), Passione (2010), O Astro (2011) e Sol Nascente (2016). Seus últimos trabalhos na TV foram participações, como em Salve-se quem Puder (2020) e No Corre (2023).
Fase final: depressão e isolamento
Na pandemia, Cuoco ficou recluso, e ainda em 2020 foi diagnosticado com depressão, um quadro comum a muitos idosos que se encontraram confinados por meses. Ao apresentador Pedro Bial contou que Tatiana, Rodrigo e Diogo o ajudaram a superar o momento. “Devagarinho, com ajuda dos filhos, eu fui me recuperando. Acho que hoje em dia estou bem melhor”, afirmou no Conversa com Bial, em 2021. Ali também contou que gostaria de volta às telas. “Acho que ainda tenho o vigor para isso”, disse ele, que em chorou ao chegar para gravar No Corre.
Um ano antes, Cuoco tinha enfrentado um processo de paternidade movido pelo modelo Anthony Junior, que alegava ser seu filho. Tanto ele como a mãe do rapaz negaram o fato e um exame de DNA deu negativo.