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ESPORTE

Gil – Ponteiro arisco que trocou a bola pelos estudos e o trabalho

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MANOEL FAÇANHA

O ponteiro Gilvandro Soares de Assis faz parte de uma família de craques do futebol do acreano. O pai, Antônio Soares de Assis, conhecido por Toinho, integrou o elenco campeoníssimo do Grêmio Atlético Sampaio (GAS), na longínqua temporada de 1967, além de ter chegado a desfilar com as camisas do Paysandu-PA e do Santana-AP, onde virou ídolo atuando de meio-campista. O tio Jerico, irmão do pai, foi atacante do Independência. Já os primos Dim, Ley e Nego, todos da família Soares de Assis, brilharam nos gramados por equipes de ponta do futebol acreano nas décadas de 1980 e 1990. Conhecido como Gil, ele iniciou a carreira futebolística na base do Rio Branco, aos 15 anos, mas as primeiras peladas ocorreram na quadra de cimento no Conjunto Habitasa.

Grêmio Atlético Sampaio (GAS) – 1967. Em pé, da esquerda para a direita: Toinho (pai de Gil), Viana, Palheta, Pional, Chico Alab e Rocha. Agachados: Amílcar, José Augusto, Babá, Rui Macaco e Ailton. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Rápido, habilidoso e finalizador, Gil, ao lado dos primos Dim e Ley, formou o trio de baixinhos da família Soares de Assis que conquistou três títulos na base do Estrelão: 1984/1986/1987. “Tínhamos um time altamente ofensivo. Eu, pela direita, o Ley atuando pelo lado esquerdo e o Manoel ou Henrique ou ainda Bolinha na posição de centroavante. Já o Dim era o meia-ofensivo que pensava o jogo e nos deixava na cara do gol”, comentou Gil, afirmando ainda que fez sua estreia na elite do futebol local em 1984, aos 16 anos de idade, mas sem lembrar precisamente qual o adversário.

Nascido dia 5 de março de 1968, na cidade de Rio Branco-AC, Gil vestiu as camisas de três clubes: Rio Branco (1983-1987), Vasco da Gama (1989) e Juventus (1990). O ex-atacante também contou que figurou por três consecutivos anos na seleção acreana (1985/1986/1987). Outras duas experiências como atleta ocorreriam durante o Campeonato Municipal de Brasiléia, atuando pelo Atlético Brasileense (1988), e no futebol boliviano, vestindo a camisa do Petrollero (1988).

Campeonato Brasileiro de Juniores – 1985. Seleções do Acre e Rio de Janeiro posam no gramado do estádio Serra Negra. Gil é o segundo agachado da esquerda para a direita. Foto/Acervo Gilvandro Soares
Seleção Acreana de Juniores – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Kleber, Cid, Sérgio Ricardo, Luciano, Fernando e Oton. Agachados: Papelim, Gil, Ley, Siqueira e Marquinhos Araújo. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Seleção Acreana de Juniores – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Calderón (médico), Dódi, Hudson, Rocha, Oton, Sérgio Ricardo, Luciano, Cid, Kléber, Maurício Generoso (preparador físico), Illimani Suares (técnico) e Jacinto Silva (massagista). Agachados: Siqueira, Gil, Ley, Papelim, Júnior Cascão, Fernandinho, Mário Sérgio e Marquinho. Foto/Acervo Mário Sérgio

Os títulos, escalação na “marra”, gol histórico e seleção ideal

Rio Branco (juniores) – 1986 – Jair, Carlos, Sérgio, Kléber, Francisley e Maurício Generoso (preparador físico). Agachados: Gil, Oton, Manoel, Papelim, Célio e Rol. Acervo Pessoal/Flávio Quintela

Além de conquistar três títulos de juniores pelo Estrelão (1984/1986/1987), o atacante Gil fez parte do elenco estrelado na conquista do título estadual de 1986, o único da sua carreira na equipe principal. Gil lembrou que, inclusive, marcou o segundo gol da vitória contra o Juventus por 2 a 0 e que sua escalação para a decisão foi a contragosto do técnico Coca-Cola. “Eu e o Oton fomos convocados para a seleção acreana na disputa do torneio de seleções, em Macapá-AP, mas o professor Coca-Cola vetou nossa liberação. Eu, porém, não o atendi e fui para competição. Aí, quando eu retornei ao clube, passei a não figurar nem entre os suplentes do time principal. Entretanto, à véspera daquela decisão, a quinta entre as duas equipes por um título estadual, o então presidente alvirrubro José Macêdo me encontrou nas proximidades do Stadium José de Melo e perguntou como eu estava para a partida decisiva diante do Juventus, recordou Gil, afirmando que foi “obrigado” a contar a verdade ao dirigente, esse mandando ele estar momentos antes do duelo no Stadium José de Melo que estaria relacionado. “Fiz o que o presidente mandou e tive a felicidade de entrar no transcorrer do duelo e marcar o gol mais importante da minha carreira”, afirmou Gil.

Rio Branco – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Paulo Maravalha (diretor), Paulo Roberto, Ilzomar, Roberto, Valmir, Marquinhus e Chicão. Agachados: Gil, Jorge Luiz, Oton, Paulo Henrique e Venícius. Acervo Pessoal/ Jorge Luiz.

A respeito de uma seleção ideal de jogadores do futebol acreano, Gil não titubeou, mas pediu uma ressalva para incluir cinco reservas de luxo. Confira: Ilzomar; Paulo Roberto (Mauro), Chicão, Neórico e Sabino; Oton (Gilmar), Paulo Henrique (Carioca) e Mariceudo; Roberto Ferraz (Dim), Gil e Paulinho (Ley). O ponteiro arisco ainda elegeu o meia Mariceudo como o maior craque de sua geração. “O Tubarão era um meia completo. Um cracaço que tive a honra de ver e jogar ao seu lado”, disse o ex-atacante.

Na temporada de 1986, jogadores do Rio Branco comemoram o título do Campeonato Acreano. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Gil também elegeu Sebastião de Melo Alencar e José Macedo como os dirigentes ideais. Illimani Suares, Coca-Cola e Maurício Generoso foram relacionados como os melhores treinadores com quem trabalhou. José Ribamar e Mário Jorge foram suas indicações como melhor árbitro e assistente, respectivamente.

Rio Branco – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: (…), Roberto Boca de Cantor (massagista), Paulo Roberto, Francisley, Valmir, Maurício Generoso (preparador físico), Marcos, Kleber Café, Felipe, Chicão e Clóvis (vice-presidente). Agachados: Tita (roupeiro), Vagner, Rol, Sérgio, Carlos, Manoel, Gil e Raimundo. Sentados: Marquinhus, Anderson, Ivo, Itamar, Vinícius, Ulisses Torres e Henrique. Foto/Acervo Gilvandro Soares.
Rio Branco – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Augusto, Paulo Roberto, Chicão, Oton, Zenon, Anderson e Tita (massagista). Agachados: Gil, Ulisses Torres, Jorge Luís Jacaré, Ivo e Venícius. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Carreira encerrada aos 22 anos e cargos importantes na segurança pública

Copão da Amazônia – 1987. O atacante Gil é travado pela zaga do Trem-AP na primeira partida das finais ocorrida no Stadium José de Melo. Foto/Acervo Manoel Façanha.

Com a carreira encerrada precocemente, aos 22 anos, Gil explicou que a opção de cedo deixar os gramados foi motivada pela dedicação aos estudos (ele tem graduação nos cursos de economia e gestão pública), além do trabalho que exercia, à época, no Banco do Estado do Acre (Banacre).

Hoje, aos 53 anos, o ex-atacante faz parte do quadro de funcionários aposentados da Polícia Civil. Na carreira fora dos gramados, Gil, além de ter feito parte do quadro de funcionários do Banacre, exerceu cargos importantes na segurança pública no período de 20 anos de administração dos Partido dos Trabalhadores (PT) no estado. “Fui diretor na Polícia Técnica, secretário adjunto de segurança de três governadores (Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana) e ainda assessor especial (área de segurança) e diretor na SAI”, comentou o ex-atacante.

Torcedor apaixonado pelo Botafogo-RJ, Gil é casado e pai de quatro filhos (Beatriz, Iago, Gilvandro Júnior e Maria Valentina. Recentemente voltou a morar na cidade de Brasiléia e raramente acompanha o futebol local.

Fac símile da página de Esportes do Jornal Opinião de 23 de abril de 2021.
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