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Gladson prestigia sessão que marca 49 anos de carreira da desembargadora Eva Evangelista, a primeira mulher magistrada do Acre

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O governador Gladson Cameli esteve presente na sessão solene que marca os 49 anos de dedicação à magistratura acreana decana Eva Evangelista. Ela, que foi a primeira mulher a ocupar esse cargo no estado, se aposentou nesta quarta-feira, 11, mesma data em que comemora seus 75 anos, recebeu uma série de homenagens diante de sua trajetória no Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).

Com apresentação do coral Cancioneiros da Paz, a sessão emocionou autoridades e todos os presentes na homenagem.

Durante o evento no edifício sede do TJ, Cameli destacou a contribuição da desembargadora e o papel fundamental que desempenhou, se tornando um exemplo para a sociedade acreana.

“Desembargadora, vossa excelência tem quase 50 anos da sua vida dedicada ao Poder Judiciário e, paralelamente, a todos os setores da vida pública do nosso estado. Esse é o legado vivo da juíza, esposa, mãe, amiga e autêntica acreana Eva Evangelista.

Governador destacou trajetória da desembargadora no estado. Fotos: Diego Gurgel/Secom

O governador relembrou algumas palavras ditas por ele também em sessão solene na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), no dia 29 de agosto, quando os deputados, amigos e diversas autoridades homenagearam a desembargadora. Cameli destacou também toda a trajetória da magistrada no Acre, alcançando os mais altos cargos da Corte acreana e fazendo história no estado.

“Desembargadora Eva Evangelista representa a força e a coragem das mulheres acreanas. Por meio da linguagem do coração é possível resumir todas essas palavras em duas: honra e gratidão. Os meus sinceros desejos de que o exemplo de magistrada, mulher, esposa, mãe e avó da desembargadora Eva Evangelista possa servir de espelho para a nova geração de juristas acreanos”, enfatizou.

Cameli relembrou, ainda, que conhece o trabalho da magistrada de perto e que sua trajetória é admirável: “Sei que o coração dela está apertado porque é notório no semblante dela, e sou uma testemunha como governador, porque tive a oportunidade de acompanhá-la nos locais mais distantes. Eu digo a ela que isso não é um adeus, é um até logo, porque ela ainda tem muito o que contribuir com o nosso estado e cabe a nós valorizar essa servidora pública que ama o seu estado”.

Para marcar o aniversário da decana, Cameli entregou um buquê de flores a ela.

A presidente do Tribunal de Justiça do Acre, Regina Ferrari, destacou que Eva Evangelista foi um farol para o Judiciário acreano.

“É uma longa caminhada que muito honra o estado do Acre, onde ela serviu nos locais mais distantes. Sempre esteve a serviço do nosso cidadão. Subiu barrancas do rio Iaco, foi para todos os rincões mais longe e, assim, ela combateu o bom combate e hoje ela termina a corrida, mas ela está preparada para novas lutas e novas corridas, tendo certeza que ela é muito forte, tem muita alegria, muita compassividade no seu coração e ela haverá de estar ainda ajudando os cidadãos no exercício para a magistratura. Ela é um farol para todos nós. Ela inspira todos os juízes e juízas e, portanto, a ela toda a nossa reverência neste dia em que ela se despede de nós”, destacou.

Eva Evangelista foi a primeira mulher a assumir como juíza no Acre e teve trajetória marcada pelo combate à violência doméstica e Justiça comunitária. Fotos: Diego Gurgel/Secom

A homenageada do dia, Eva Evangelista, relembrou sua trajetória e destacou que deve continuar atuando em uma das causas que mais defendeu em sua vida: o combate à violência contra a mulher.

“Espero que não se possa transigir com esta causa. Não há como transacionar nesse aspecto. O Judiciário tem que agir, o sistema de Justiça também, para que no nosso Estado cada vez mais reduzam os índices de feminicídio, não só feminicídio, mas também daquela violência que é a primeira que começa; que é a violência psicológica contra a mulher. Uma violência que atinge toda a família, em primeiro lugar os filhos e a família, e se espalha pela sociedade”.

Para o futuro, ela garante que deve permanecer na luta pelo direito das mulheres, crianças e daqueles que mais necessitam da Justiça pelo seu braço social.

Todos os membros da Corte destacaram a contribuição da juíza no âmbito social e também educacional, já que é professora aposentada.

As falas do filho e do neto também revelaram a face da desembargadora dentro do âmbito familiar, sendo protagonista, fortaleza e apoio a todos.

A desembargadora também ressaltou a parceria entre os poderes, destacando que o Acre é o primeiro estado do país a aprovar a lei de grupos reflexivos para autores de violência doméstica.

Este é um espaço de reflexão, conscientização, reeducação e responsabilização dos autores de violência doméstica, para a efetiva implantação dos serviços de responsabilização e educação do agressor, de maneira a garantir uniformidade de atuação dos diversos atores envolvidos, assim como a promoção de atividades educativas e pedagógicas destinadas à discussão e conscientização dos agressores.

“Somos o único estado do país a aprovar esta lei, o que mostra o compromisso dos nossos deputados e também do governador nessa luta com relação à violência contra a mulher”, disse a magistrada.

Sessão marcou 49 anos de atuação da desembargadora e sua aposentadoria. Fotos: Diego Gurgel/Secom

Desembargadora faz parte da história do Acre

Filha de migrantes nordestinos chegados ao Acre na década de 1940 e mãe de três filhos, Eva Evangelista foi a primeira mulher magistrada do estado do Acre, cargo que assumiu em 1975, aos 27 anos, na Comarca de Sena Madureira, tendo se tornado a desembargadora do TJ-AC aos 33 anos, por promoção, em 1984. Também foi a primeira mulher a exercer a presidência da Corte de Justiça, no biênio 1987-1989, a primeira corregedora-geral da Justiça (cargo que exerceu por duas vezes) e a primeira mulher a presidir o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Acre (biênio 1985-1987 e, posteriormente, nos biênios 1993-1995 e 2003-2005), assumindo o governo do Estado, em quatro oportunidades.

Atualmente coordenava projetos importantes, como o programa da Justiça Comunitária; Projeto Cidadão; de apoio às mulheres em situação de violência doméstica e familiar, da Justiça Restaurativa; ouvidoria da mulher e também da comissão de conflitos fundiários. Além disso, também é professora aposentada do curso de Direito da Universidade Federal do Acre (Ufac). Em quase meio século dedicado ao TJ, ela coleciona 16 homenagens e honrarias concedidas em reconhecimento de sua contribuição.

A Rádio Difusora Acreana foi citada no discurso do desembargador Nonato Maia ao recordar a atuação da magistrada nas eleições que eram transmitidas pela rádio.

“Naquela época, eleição era como se fosse Copa do Mundo. Então, lembro-me de que em um dos pleitos mais acirrados quem estava à frente era a Dra. Eva Evangelista”, pontuou.

Ao fim da sessão, a desembargadora recebeu das mãos da presidente do TJ uma placa de reconhecimento pelos serviços prestados. Além disso, entregou a primeira de 49 rosas que foram entregues a ela pelos membros da Corte, autoridades e demais presentes. O ato final foi com a família retirando a toga, simbolizando assim a aposentadora da magistrada.

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