GERAL
Há 17 anos, os acreanos se assistiam em Amazônia – De Galvez a Chico Mendes, minissérie de Glória Perez
Por Wanglézio Braga / Fotos Memória Globo e Youtube
Há 17 anos, os acreanos assistiam a história de anexação do território do Acre ao Brasil retratada através da minissérie Amazônia – De Galvez a Chico Mendes. Exibida pela Rede Globo, no dia 02 de janeiro de 2007, a produção teve a acreana Glória Perez como autora, baseando as narrativas nas obras Terra Caída de José Potyguara e O Seringal de Miguel Ferrante.
A minissérie contou com a direção de Marcelo Travesso, Pedro Vasconcellos, Carlo Milani, Roberto Carminatti e Emilio Di Biasi. A Direção-geral foi do Marcos Schechtman.
“Sempre tive muita vontade de contar a história de minha terra, um lugar completamente isolado e ignorado pelos brasileiros. (…) Dei o nome de Amazônia à minissérie porque a conquista do Acre, a última região anexada ao território brasileiro, possibilitou que a Amazônia fosse nossa”, disse a autora ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo.
A minissérie teve três fases, tendo um pouco de ficção, romance, aventuras e emoções. Foram 72 dias de gravação no Acre e no Amazonas, com um total de 350 cenas, para 55 capítulos. Por aqui, serviram como locações florestas, igarapés e rios, centros históricos e as cidades cenográficas. Segundo a Globo, foram enviadas do “Rio de Janeiro cerca de 20 toneladas de equipamento e mais de 16 mil peças de figurino, confeccionadas especialmente”.
Apesar de ser uma produção cara, a minissérie estreou com uma média de 33 pontos e 48% de share. À época, a crítica televisiva apontava o excesso de personagens e as fases paralelas da minissérie como prováveis problemas de audiência. “Para se ter ideia, JK, que foi exibida um ano antes, no mesmo período, marcou 31 pontos no primeiro mês. Já a produção de Gloria Perez, 24. A média final da primeira foi de 25 pontos, da segunda, 22. Uma diferença considerável para produções exibidas praticamente nos mesmos moldes”, analisou uma matéria no portal Observatório da TV.
1ª FASE
A primeira abordou o conflito vivido por seringueiros e bolivianos na exploração da borracha. Na trama, Glória Perez mostrou a resistência da ocupação boliviana liderada por Luis Gálvez. O imperador recebeu ajuda financeira do Governador do Amazonas, Ramalho Junior, para os primeiros passos de independência do nosso território. Na edição, foi retratada a posse de Galvez como presidente do novo “país” até a chegada de Plácido de Castro, que serviu como militar, demarcando terras nos seringais. Na fase final da primeira parte foi exibido o movimento armado contra a Bolívia até a conquista, passando ainda pelo Tratado de Petrópolis e a incorporação do Acre ao Brasil, sendo um território brasileiro.
2ª FASE
A segunda fase da minissérie foi retratada pelo início da decadência da borracha e os problemas nos grandes seringais como no Santa Rita, relatando as relações de trabalhos entre seringueiros e os coronéis. Nesta fase, também ocorreu desfechos de relações amorosas dos personagens principais. A história do Mestre Irineu Serra (Milton Gonçalves) foi um dos destaque na segunda fase da minissérie. Ele leva a ayahuasca para Rio Branco e funda, em torno da bebida, uma comunidade religiosa atualmente conhecida como o Santo Daime. Além disso, foi apresentada a infância de Chico Mendes (Brunno Abrahão) e suas primeiras experiências no seringal.
3ª FASE
A última fase da minissérie se passou a partir dos anos 80, com a história do líder seringueiro Chico Mendes. Interpretado por Cássio Gabus Mendes, Chico Mendes chamou atenção do mundo ao denunciar o aumento do desmatamento na floresta, momento esse que pedia também a preservação da floresta. A minissérie encerra com a morte de Chico Mendes.
MINISSÉRIE CARA
Uma reportagem divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, em 30 de dezembro de 2006, revelou que a minissérie de Glória Perez foi uma das mais caras da emissora: R$ 500 mil por capítulo (contra uma média de R$ 400, gastos nas minisséries anteriores da casa).
ESTREIAS
De curioso, Amazônia – De Galvez a Chico Mendes marcou a estreia na televisão de muitos atores: Brendha Haddad, Sóstenes Vidal, José Ramos, Val Perre, Eunice Bahia, Luci Pereira, Magdale Alves, Marcio Vito, Suyanne Moreira, entre outros nomes. Vale lembrar que Brendha é acreana e foi a única atriz que participou das três fases da minissérie.
CURIOSIDADES
Hans Donner, Alexandre Pit Ribeiro e Roberto Stein foram os responsáveis pela abertura da minissérie que teve como tema “Caminho das Águas”, interpretada por Maria Rita. No centro da tela, uma árvore grandiosa que ao deslizar a câmera dava sensação de mostrar a floresta Amazônica. À medida que se distanciava do tronco, a formação da árvore ao lado de outras e assim surgia o nome da minissérie.
Às margens do rio Acre, a equipe da TV Globo construiu duas cidades cenográficas que reproduziam o mesmo local, porém em épocas distintas do final do século XIX. Uma delas é Puerto Alonso, após a chegada de Luiz Galvez (José Wilker), que depois passou a se chamar Porto Acre. As cidades foram levantadas em uma área de mais de dois mil metros quadrados em apenas um mês.
ELENCO PRINCIPAL
José Wilker, Alexandre Borges, Cássio Gabus Mendes, Vera Fischer, Christiane Torloni, Débora Bloch, Giovanna Antonelli, Lima Duarte, Francisco Cuoco, Vanessa Giácomo, Cristiana Oliveira, Dan Stulbach, Humberto Martins, Júlia Lemmertz e Letícia Spiller.