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Insetos crisopídeos podem ser aliados da soja no Acre, diz pesquisa da Embrapa
“Uma pesquisa realizada na Embrapa Acre mapeou a presença de insetos em lavouras de soja e em fragmentos florestais vizinhos, usando armadilhas Malaise para capturar a diversidade de espécies. Nosso objetivo foi entender quais pragas e inimigos naturais circulam entre a lavoura e a mata, já que esses ambientes estão interligados”, explica Rodrigo Souza Santos, biólogo e pesquisador da instituição.
“Dentre os insetos capturados, os crisopídeos chamaram atenção. Apesar do tamanho discreto, suas larvas são predadoras vorazes de pulgões, cochonilhas, moscas-brancas, ácaros e ovos de lagartas. Identificamos espécies dos gêneros Gonzaga, Leucochrysa e Ceraeochrysa, sendo que Ceraeochrysa cubana representou mais de 71% de todos os crisopídeos nas áreas amostradas”, destaca Santos.
“Essa espécie se adapta tanto a ambientes agrícolas quanto naturais, e tem grande potencial para programas de manejo integrado de pragas em soja. Os adultos, embora se alimentem principalmente de pólen e néctar, desempenham papel essencial na reprodução e dispersão da espécie”, acrescenta.
“A presença abundante desses insetos reduz a necessidade de inseticidas, ajuda a minimizar perdas na cultura e contribui para a preservação ambiental. Manter fragmentos florestais próximos às lavouras é estratégico, pois eles funcionam como refúgio de onde os inimigos naturais podem migrar para a lavoura”, explica o pesquisador.
“Conhecer a fauna entomológica de uma cultura e seu entorno é fundamental para práticas agrícolas mais sustentáveis. Valorizar inimigos naturais, como os crisopídeos, é um passo essencial para conciliar produtividade e conservação ambiental”, finaliza Santos.
Entre lavouras e matas acreanas, esses discretos insetos de olhos cintilantes atuam como verdadeiros guardiões da soja, lembrando que os maiores aliados da agricultura muitas vezes estão escondidos nos detalhes quase invisíveis da natureza.