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ESPORTE

Irmãos Mansour: quatro indivíduos da mesma família dedicados a um único clube

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Os irmãos Elísio, Elias (presidente) e Eliézio, com a faixa de campeões estaduais de 1969. Foto/Acervo Elísio Mansour

 

Por Francisco Dandão

Também conhecido como Clube da Águia, o Atlético Clube Juventus foi fundado nas dependências do Instituto Nossa Senhora das Dores (o Colégio dos Padres), situado à Av. Epaminondas Jácome, nas imediações da ponte de concreto, em Rio Branco, Acre, no dia 1º de março de 1966.

O embrião do novo clube, de cuja fundação participaram, entre outros, os professores Elias Mansour Simão Filho, Antônio Anelli e Dinah Gadelha Dias; os treinadores Aníbal Tinoco e Walter Félix de Souza (Té); e o então atacante Clóter Olímpio Boaventura (Touca), foi o time de estudantes da referida escola, que fazia excursões pelo interior do estado desde 1965.

Juventus – 1966. Em pé, da esquerda para a direita: Aníbal Tinoco (técnico), Touca, Elísio, Carreon, Roney Neves, Ayrton Ibyanez, Campos Pereira e Elói. Agachados: Zé Melo, Chico Muniz, Tancremildo, Estevão, Nemetala e Carlos Mendes. Foto/Acervo Tancremildo Maia.

O Juventus nasceu grande, rivalizando com os tradicionais Atlético, Independência e Rio Branco. Uma grandeza que foi se solidificando ao longo do tempo, traduzida no número de títulos conquistados: nove na época do regime amadorístico (1966, 1969, 1975, 1976, 1978, 1980, 1981, 1982 e 1984) e cinco durante os anos profissionais (1989, 1990, 1995, 1996 e 2009).

Ainda no período do amadorismo, o clube conquistou dois títulos do Copão da Amazônia (1981 e 1982), torneio criado em 1975, que reunia times do estado do Acre e dos territórios federais do Amapá, de Roraima e de Rondônia.

Em competições contra clubes do cenário regional/nacional, no regime do profissionalismo, a partir de 1989, foram três as participações do Juventus, todas na Copa do Brasil. Em 1990, o time foi eliminado nos pênaltis pelo Rio Negro amazonense; em 1996, a eliminação foi para o Cruzeiro-MG; e em 2010, quem o derrotou foi o Atlético Mineiro.

Tendo como mascote uma águia e usando nos uniformes (camisas, calções e meiões) as cores grená, branco e preto, a história do clube está diretamente ligada à família Mansour, cuja residência foi usada, durante muito tempo, como espaço informal para a concentração dos jogadores.

Veja-se no desenrolar da matéria um resumo biográfico dos irmãos Elias, Eduardo, Elísio e Eliézio, enquanto pilares na construção do Juventus.

Ataque do Juventus, em 1970. Da esquerda para a direita: Elísio, Nemetala, Eliésio e Nilson. Foto/Acervo Elísio Mansour

Elias Mansour – Dirigente

Elias Mansour Simão Filho, também conhecido pelo apelido de Lilias, nasceu em Brasiléia-AC, no dia 17 de setembro de 1941. Começou seus estudos primários na sua cidade natal, mas mudou com a família para a capital, onde cursou o ginásio e o segundo grau.

Em seguida, migrou para o Rio de Janeiro para cursar Filosofia. Nessa etapa da sua vida explodiu o golpe militar de 1964 e como os estudantes universitários eram alvos certos dos golpistas, ele teve que voltar às pressas para o Acre.

Elias Mansour, presidente eterno do Juventus, morreu aos 43 anos, em 1985. Foto/Acervo Jornal O Rio Branco.

Foi daí que Elias optou por ser um educador e dedicar a sua vida à formação de jovens, os quais sempre orientou para não deixaram os estudos de lado, imprimindo neles o próprio espírito de liderança.

Fanático por futebol, e por acreditar que o esporte era uma excelente ferramenta para afastar a juventude dos vícios, ele resolveu também trilhar esse caminho na seara educacional.

Assim, em março de 1966, Elias Mansour, ao lado de entusiastas como, entre outros, Antônio Anelli, Walter Félix de Souza, Dinah Gadelha e Clóter Olímpio Boaventura, ajudou a fundar o Atlético Clube Juventus, numa das salas do Instituto Nossa Senhora das Dores (Colégio dos Padres).

Juventus (juvenil) – 1967 – Dobi, Zé Vieira, Elias, Arnaldo, Elias Mansour (presidente), Otávio, Juca, Antônio Maria, Mauri e Elízio. Agachados: Eliézio, Milton, Ernanes, Messias, Nilson e Lauro Julião. Foto/Acervo Milton Ferreira.

Dadinho – Atacante/comentarista/dirigente

Francisco Eduardo Pinheiro Mansour, chamado pelos amigos pelo apelido de Dadinho, nasceu em Brasiléia-AC, no dia 25 de abril de 1943.

Vestiu duas camisas, na condição de atacante, entre os anos de 1962 e 1966: as do Independência e do Rio Branco.

No Estrelão, inclusive, jogou ao lado de dois supercraques do futebol acreano: Dadão e Jangito.

Rio Branco – 1966. Em pé, da esquerda para a direita: Tião, Lustosa, Nabor, Benevides, Escurinho, Pedro Pereira e Zé Palito. Agachados: Dadão, Hélio Amaral, Jangito, Dadinho e Madureira. Foto/Acervo Benevides.

Nos seus anos de bola, ficou conhecido pelo apelido de “Canela de Vidro”. Isso pelo costume de cair ao chão simulando faltas, sempre que era tocado pelos zagueiros adversários.

Uma vez fundado o Juventus, ele trocou os seus amores antigos para ajudar na construção do Clube da Águia, cujo um dos fundadores foi o seu irmão Elias Mansour Simão Filho.

Entre a segunda metade da década de 1970 e a primeira parte da década de 1980, ele atuou como comentarista da Rádio Difusora Acreana.

Jornalistas Eduardo Mansour (esquerda) e Zé Leite (direita) entrevistam Garrincha, em 1973. Foto/Acervo Francisco Dandão

Em 1988, Dadinho foi escolhido para presidir o Juventus, conduzindo o clube ao título do último campeonato amador do Acre (1988) e ao primeiro da era profissional (1989).

Quando deixou a presidência ainda trabalhou como diretor da gestão seguinte do Clube da Águia, sob o comando do empresário Roberto Chaar.

Francisco Eduardo Pinheiro Mansour, o Dadinho, faleceu aos 55 anos, no dia 21 de novembro de 1998, vítima de infarto.

Elísio – Ponteiro-esquerdo/dirigente

Elísio Manoel Pinheiro Mansour nasceu em Brasiléia-AC, no dia 27 de março de 1949.

Atacante canhoto de dribles curtos e muita velocidade, Elísio começou a carreira de futebolista no juvenil do Independência, em 1964, aos 15 anos. Em 1965, ainda adolescente, foi para o time principal do Rio Branco, levado pelo zagueiro Campos Pereira.

Os irmãos Eliézio e Elísio, atacantes do Juventus no início da década de 1970. Foto/Acervo Elísio Mansour

Um ano depois, entretanto, com a fundação do Atlético Clube Juventus, de cujo corpo dirigente fazia parte seu irmão Elias Mansour, ele se mudou para o Clube da Águia, onde permaneceu até o encerramento da carreira de atleta, em 1973.

Um incidente de percurso fez com que Elísio e a bola se divorciassem muito cedo. É que ele estourou o joelho direito, aos 23 anos, jogando as partidas finais do campeonato de 1972, contra o Independência.

Juventus – 1972 – Em pé, da esquerda para a direita: Deca, Mustafa, Pope, Hermínio, Pingo e Antônio Maria. Agachados: Edson Carneiro, Carlitinho, Elísio, Nilson e Carlos Mendes. Foto/Elísio Mansuor

Paralelamente ao futebol de campo, Elísio jogou futebol de salão e se notabilizou como guitarrista. Na primeira atividade, junto com os parceiros Simão (goleiro), Mustafa, Nilsinho, Dadão, Curu e Carlos César, ele quase nunca perdeu uma partida. E como guitarrista, ele fez parte de Os Bárbaros, um dos maiores grupos musicais do Acre em todos os tempos.

Conjunto musical Os Bárbaros, recebidos na Catedral de Nossa Senhora de Nazaré pelo bispo Dom Giocondo Maria Grotti, em 1968. Da esquerda para a direita: Dadinho, Tufic, Elísio, Dom Giocondo, Edu e Maury. Foto/Acervo Elísio Mansour

Eliézio – Centroavante

Eliézio Pinheiro Mansour nasceu em Rio Branco-AC, no dia 12 de fevereiro de 1952.

Dono de um chute fortíssimo com o pé esquerdo, Eliézio, também conhecido como Nego ou “Bofete”, estreou no comando do ataque do juvenil do Juventus em 1966, pouco depois de completar 14 anos.

 

Nego Mansour jogou Rio Branco, Juventus e Independência, mas brilhou no rubro-negro. Foto/Acervo Elísio Mansour
Juventus – 1970. Em pé, da esquerda para a direita: Pope, Deca, Antônio Maria, Milton, Nelcirene e Vute Vilanova. Agachados: Carlos Mendes, Elísio, Nemetala, Eliézio e Nilson. Foto/Acervo Elísio Mansour

 

Na temporada seguinte, envolvido numa troca com o ponteiro Zé Vieira (o Zé da Porca), ele jogou alguns dias no juvenil do Rio Branco. A estada no Estrelão, entretanto, durou pouco e ele voltou para o Ninho da Águia.

Logo depois do retorno ao Juventus, ele quebrou a perna direita durante um treinamento, no mês de abril. Parecia o fim precoce de uma carreira promissora. Mas ele deu a volta por cima e conseguiu entrar em campo, totalmente recuperado, no mês de setembro.

A estreia no time principal do Juventus deu-se em 1968, numa derrota para o Atlético. Apesar da derrota, ele jogou bem e foi mantido na equipe.

Juventus – 1972. Em pé, da esquerda para a direita: Mauro, Mustafa, Milton, Pingo, Zé Maria e Bina. Agachados: Edson Carneiro, Walter Prado, Eliézio, Hermínio e Laureano. Foto/Acervo Francisco Dandão

Problemas nos meniscos dos dois joelhos forçaram Eliézio a pendurar as chuteiras aos 23 anos, em 1975. Apesar disso, a pedido do treinador Ronivon Santiago, ele ainda disputou o campeonato acreano de 1977, pelo Independência.

Juventus 1981. Em pé, da esquerda para a direita: Eliézio (comissão técnica), Álvaro Curu (técnico), Zé Antônio, Tião Nemetala, Auzemir e Viana (diretor). Agachados: Mundoca, Casquinha, Fugiwara, Jorge Tijolo e Adrian. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Eliézio Pinheiro Mansour, o Nego, faleceu aos 52 anos, no dia 31 de março de 2004, vítima de complicações do diabetes.

 

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