ACRE
João Correia cita ayahuasca ao negar que defende aliança do MDB com PT e provoca jornalista adepto do Daime, que reage: ‘Um ataque leviano’
O jornalista Altino Machado, que professa sua fé no Santo Daime, reagiu a declarações que considerou preconceituosas contra sua religião, feitas pelo ex-deputado João Correia no programa Tribuna Livre desta segunda-feira, 11, veiculado pela TV Rio Branco, canal 8.1, afiliada da TV Cultura. Para negar que tenha interesse em uma aliança de seu partido, o MDB, com o PT, João considerou isso uma alucinação nos moldes que o chá resultado da mistura do mariri com a chacrona causaria. Altino chamou isso de leviandade e preconceito.
Veja a reação do jornalista em sua página no Facebook:
UM ATAQUE LEVIANO –– O ex-deputado João Correia, do MDB, exagerou durante entrevista ao programa Tribuna Livre, da TV Rio Branco, na noite desta segunda-feira (22). Durante anos, foi opositor ferrenho do PT, mas passou a defender aliança do partido com o MDB. Questionado pelo jornalista Evandro Cordeiro, negou. Disse que é um “delírio” e acrescentou:
–– Quem inventou essa presepada deve procurar a Apadeq [Associação de Parentes e Amigos dos Dependentes Químicos do Acre]. Sabe por que? Eu acho que está abusando da ayahuasca; está abusando, digamos assim, da alucinação. Isso nunca existiu. Isso é absolutamente falso.
Chega a ser criminosa a declaração de João Correia carregada de mentira, intolerância e preconceito contra uma bebida de uso ancestral em rituais religiosos de povos nativos e por entidades ayahuasqueiras no país inteiro, sendo que algumas se projetam na recuperação de dependentes químicos.
Famoso pelo uso excessivo de bebida alcoólica, João Correia perdeu o freio de sua língua verborrágica. Não era o que se esperava de um professor aposentado da Universidade Federal do Acre, que já ocupou cargos relevantes no Estado, além de ter sido eleito deputado estadual e federal.
O nome de João Correia já esteve envolvido no escândalo conhecido como Máfia das Sanguessugas (2006) e sobre si pesou a acusação de desvio de 10% dos valores acordados na execução dos contratos com o empresário Luiz Antônio Vedoin na concessão orçamentária de municípios para a compra de ambulâncias. Durante o processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, fez greve de fome e foi absolvido em dezembro de 2006.
Deixou a Câmara dos Deputados em janeiro de 2007, quando se encerrou a legislatura. No mesmo ano, foi indiciado pela Polícia Federal por envolvimento com a Máfia das Ambulâncias e denunciado pelo Ministério Público.
Dois anos depois, a Justiça Federal o condenou a dois anos e meio de prisão por sonegação fiscal referente a valores recebidos entre 1996 e 1998, quando era deputado estadual. Conseguiu converter a pena em prestação de serviços e pagamento de multas.
Nas eleições de outubro de 2010, foi o candidato peemedebista ao Senado pelo Acre. Naquela ocasião, envolveu-se em polêmica ao trocar socos e pontapés com um jornalista durante uma entrevista que antecedeu a eleição. Nas urnas, os 117.848 votos recebidos lhe renderam apenas a quarta colocação naquele pleito.
Mandei mensagem a João Correia, via WhatsApp;
–– Rapaz, fiquei decepcionado com a sua declaração sobre a ayahuasca.
Ele respondeu:
–– Entendo, Altino.
Com a palavra o Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre e a Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras.
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