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ACRE

Jornalista e filosofo César Negreiros segue com sua crônica contando os bastidores do assassinato de Plácido de Castro

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em

César Negreiros

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

Três dias depois, uma lancha atracava, na madrugada, no porto do seringal do Riozinho, na ocasião desceu o oficial Figueredo Aranha, acompanhado de uma tropa de praças do Exército, que contava com o auxílio do sub-delegado Alexandrino e dos seus capangas de confiança. A expedição tinha sido preparada pelo Delegado-auxiliar Josias Lima, que já respondia um processo na justiça local, por uma tentativa fracassada de matar o seringalista nas dependências do Hotel 24 de Janeiro.   Depois de um prolongado tiroteio em direção do barracão, os militares invadiram o local, mas para surpresa dos invasores encontraram apenas três mulheres apavoradas com os disparos e uma criança de cinco anos gravemente ferida na barriga, enquanto dormia num quarto dos fundos. Como não haviam encontrado o seringalista para acertar as contas, os invasores enfurecidos passaram a espancar covardemente um empregado português que teve até um braço quebrado, para revelar o local que o patrão estava escondido. Diante da gravidade das agressões promovidas pelos militares, o estrangeiro veio a morrer poucos dias, em decorrência da sessão de tortura conduzida pelo subdelegado, com o aval dos oficiais do Exército.  “Em face de muitas provocações, que culminaram com a prisão do seu irmão e o ataque ao barracão do seu amigo, o coronel Plácido de Castro resolveu armar gente em Capatará e em Bagaço, preparando-se para o que desse e viesse. Então o prefeito apavorou-se. Encheu a casa de gente armada, colocando metralhadora em cada porta”, revela o autor do livro 11 anos na Amazônia.   

Diante de uma iminente luta sangrenta entre os dois grupos rivais, o juiz de direito da Comarca da Villa Rio Branco, João Rodrigues do Lago, encaminhou uma carta do próprio punho ao coronel Plácido de Castro, pedindo que a paz fosse restaurada, novamente na região do Vale do Acre. Sem os arroubos da juventude, o coronel gaúcho acatou prontamente a recomendação do magistrado com a seguinte mensagem: “Entretanto, se o depositário do poder público entender que não deve continuar a mandar assaltar a casa dos meus amigos inermes e suspender esse aparato bélico dentro da própria Intendência, a paz que ele acaba de perturbar, não serei eu quem vá interromper a marcha pacífica da vida acreana, na qual a minha responsabilidade moral é maior do que a dele”, respondeu Plácido de Castro.

A trama macabra – Em seguida, o coronel Francisco de Oliveira pede um encontro com o amigo Plácido de Castro na divisa do seringal Capatará, para o acerto desta paz entre os dois grupos políticos. Assim que o coronel Oliveira retornou dessa entrevista com o herói da Insurreição Acreana no seringal Capatará, ele tinha a certeza de que o coronel Plácido de Castro nada intentaria e que mais não desejava do que a garantia de seus direitos constitucionais, enquanto o coronel Gabino Bezouro assumiu o compromisso de mandar desarmar a força policial na Villa Rio Branco e retirar os soldados armados até os dentes que ficavam à paisana nos arredores da Intendência Municipal. Portanto, era dia 8 de agosto quando o coronel Plácido de Castro, acompanhado do irmão Genesco, adentraram as ruas de terra batida à margem direita do Rio Acre, montados a cavalo. Visitou o juiz de direito João Rodrigues do Lago, depois passou pelo Hotel da Maroca para almoçar, antes de passar na Casa Aviadora para reposição da mercadoria do barracão. (Segunda parte)

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