GERAL
Josimar Coelho, criador da Poupança Aruaque, deixa legado de cooperação e pioneirismo no Acre
Nos anos 1970, quando o Acre ainda dava seus primeiros passos em direção à modernização econômica e social, um nome começou a se destacar pela capacidade de unir pessoas e ideias em torno de um mesmo propósito: Josimar Coelho, idealizador da Poupança Aruaque, uma iniciativa que marcou a história financeira e comunitária do estado.
Em uma época em que o acesso a bancos era restrito e as distâncias entre comunidades tornavam o crédito quase inacessível, Josimar enxergou uma solução nascida da própria realidade acreana. Com espírito empreendedor e profundo senso de coletividade, ele criou a Poupança Aruaque — uma proposta de poupança comunitária, feita de confiança, disciplina e solidariedade. A ideia era simples, mas poderosa: cada participante contribuía com pequenas quantias regularmente, formando um fundo comum que servia tanto para incentivar o hábito de economizar quanto para oferecer ajuda em momentos de necessidade.
A Aruaque cresceu como um símbolo de cooperação local. Reuniões eram realizadas em igrejas, associações e escolas, onde Josimar explicava a importância de guardar dinheiro e planejar o futuro. Ele falava com clareza e entusiasmo sobre o valor de se pensar coletivamente, mostrando que a prosperidade de um dependia também da prosperidade de todos. A iniciativa ganhou força especialmente entre famílias de trabalhadores rurais, pequenos comerciantes e servidores, tornando-se um instrumento de cidadania e esperança em tempos de dificuldades econômicas.
Muitos participantes da Poupança Aruaque lembram de Josimar como um homem sereno, de fala firme e presença constante. Ele acreditava que a educação financeira era uma forma de emancipação e que ninguém deveria depender apenas do favor ou da sorte. Seu lema era “guardar para crescer”, uma frase que resumia o espírito da época e o propósito do projeto: fortalecer pessoas para que pudessem realizar sonhos, construir lares e garantir uma vida mais estável aos filhos.
Ao longo dos anos, a Poupança Aruaque inspirou outras iniciativas comunitárias semelhantes, espalhando pelo Acre um modelo de economia solidária que hoje pode ser visto como precursor de programas modernos de microcrédito e finanças populares. A influência do projeto se manteve viva nas lembranças de quem participou e nas histórias transmitidas de geração em geração.
Josimar Coelho faleceu nesta semana, deixando um legado de trabalho, solidariedade e visão social. Seu corpo está sendo velado no Cemitério Morada da Paz, em Rio Branco, onde o sepultamento ocorrerá nesta quinta-feira, 23. Amigos, familiares e antigos participantes da Poupança Aruaque se reúnem para prestar as últimas homenagens a um homem que dedicou a vida a ensinar que poupar é mais do que guardar dinheiro — é acreditar no futuro.
A história de Josimar é também a história de um Acre que se reinventava, que aprendia a fazer do pouco o suficiente para construir algo duradouro. Sua iniciativa simples, nascida da necessidade e da esperança, tornou-se um marco de autossuficiência e união comunitária. A Poupança Aruaque permanece como símbolo desse espírito, lembrando que grandes transformações podem começar com pequenos gestos — e com pessoas que acreditam no poder da coletividade