Leilão da Peixes da Amazônia dia 15 próximo põe fim a um projeto ‘político’ bilionário da era petista no Acre

A Peixes da Amazônia S.A., criada em 2011 como empresa público-privada, será leiloada nos dias 15 e 30 de setembro e 15 de outubro de 2025, em modalidade online, após ter sua falência decretada em novembro de 2024. O leilão disponibilizará o parque industrial, máquinas, equipamentos, móveis e utensílios avaliados em mais de R$ 26 milhões, com preços decrescentes: R$ 19 milhões na primeira data, R$ 17 milhões na segunda e R$ 15 milhões na última oportunidade. O pagamento poderá ser parcelado, com entrada mínima de 50% e saldo em até 12 meses.

O empreendimento surgiu como uma promessa de desenvolvimento econômico para o Acre, especialmente durante a gestão do então governador Tião Viana (PT), que inaugurou o complexo em 2013 em evento que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com área de 60 hectares, o projeto reunia laboratório de alevinagem, fábrica de ração, 122 tanques, sendo 80 voltados à criação de pirarucus, e frigorífico. No auge, em 2015, chegou a processar 70 toneladas de pescado por dia, gerando 450 empregos diretos.

O potencial do empreendimento atraiu atenção nacional e internacional, incluindo visitas do então presidente da Bolívia, Evo Morales, e do ministro Mangabeira Unger, além do interesse de investidores estrangeiros em 2017. A expectativa era que o projeto se consolidasse como polo de piscicultura sustentável, beneficiando cerca de 2,5 mil famílias de piscicultores representadas pela Acrepeixe.

No entanto, a Peixes da Amazônia enfrentou problemas financeiros graves. Em 2018, entrou em recuperação judicial, acumulando dívidas estimadas em R$ 12 milhões. A situação se agravou com o descumprimento do plano de recuperação, furtos e abandono das instalações. A Justiça considerou o estado do complexo como de “total abandono”, e o Ministério Público do Acre destacou comportamento de “descaso” da empresa com credores e trabalhadores.

O leilão agora representa a tentativa final de recuperar parte do investimento público e privado, mas especialistas alertam que a operação dificilmente recompensará o capital perdido. A Peixes da Amazônia se tornou um símbolo das promessas de desenvolvimento não cumpridas durante a era PT no Acre: embora tenha surgido como projeto de grande impacto social e econômico, o resultado foi prejuízo financeiro, perda de empregos e frustração de produtores rurais.

A venda do complexo deve atrair interessados que apostem em recuperação industrial e logística, mas o futuro econômico do empreendimento ainda é incerto. Para analistas, o leilão evidencia a importância de planejamento sólido, fiscalização rigorosa e gestão profissional, elementos que faltaram para que a Peixes da Amazônia se consolidasse como polo de sucesso no estado.