EVANDRO CORDEIRO
Mailza à coluna: “Quer dizer que eu fui uma boa senadora, uma ótima vice, como dizem, ai serei uma governadora ruim?”
A vice-governadora do Acre, Mailza Assis (PP), segue uma agenda natural de quem vai sentar na cadeira de governador e, por direito, disputar um segundo mandato em 2026. Em seu escritório, a rotina de receber representantes de grupos políticos e de organizações da sociedade civil para tratar dessas coisas do futuro só é quebrada pela agenda oficial do Estado, quando precisa se deslocar pro interior ou assumir a gestão em viagens do ‘zero um’, como é carinhosamente chamado nos bastidores o governador mais popular da história do Acre. Essa semana, a rigor, ela recebeu a adesão oficial de um partido, o PRD, resultado da fusão entre Patriotas e PTB, o primeiro de uma fila que deve se formar naturalmente. Recebeu, também, dezenas de pessoas, algumas das quais com solitárias manifestações de apoio e outras representando alguma organização social ou grupos políticos. Essa sequência prevista de assumir o Governo e buscar uma reeleição só não acontecerá sob algumas hipóteses, uma delas Deus, a quem ela cultua e obedece, dizer não. O governador Gladson Cameli (PP) não pode mais disputar e mesmo que ele desista de se afastar para disputar o Senado, ainda assim ela segue candidata, salvo o próprio aderir a uma outra arrumação política. No mais, como disse esses dias o secretário de Governo Luiz Calixto, ela não é a provável candidata, “ela é a candidata” do Palácio Rio Branco. O próprio Gladson também tem dado sinais, embora todos conheçam seu modus operandi, que é deixar pra decidir quase sempre aos 45 do segundo tempo. Esses dias ele disse que Mailza é o “plano A”, embora tenha adicionado o nome do presidente da Assembléia Legislativa, Nicolau Jr, também do PP, nesse patamar. Ele tem um condão poderoso nesse sentido. Politicamente, no que toca vira ouro. Tem outros nomes, sim, um desses o do prefeito de Río Branco, Tião Bocalom (PL), e até do senador Márcio Bittar (UB), mas estariam do plano do “B” pra frente. Os números das pesquisas e o poder de influência direta de Cameli com o eleitor vão determinar mudanças, ou não, desses planos, até ano que vem. Enquanto o tempo se encarrega de ir encaixando as coisas, a vice Mailza, com seu barulhento silêncio, vai fazendo seu papel. O estilo dela é incomum para pretensos candidatos a um cargo tão importante como o de governador. Ela é contemplativa, resiliente, mansa e os marqueteiros geralmente resmungam, mas pode ser que o eleitor adore. Esse comportamento costuma passar muita segurança. Como vidraça, em função da posição na qual está, tem sido questionada e, ato contínuo, tem se saído muito bem das ciladas. O fato de nunca ter sido votada é um desses inconvenientes questionamentos. Em uma conversa com ela esses dias, a meiga vice de Gladson tornou pueril o argumento dos algozes. “Quer dizer que fui uma boa senadora, como dizem os números e o reconhecimento das pessoas, estou sendo uma vice também muito elogiada e aí serei uma governadora ruim só porque vou ter que me submeter ao voto? Ora, tenha paciência”, foi lacônica. Mailza sempre foi uma improvável aos olhos humanos. Nunca fez parte de grandes corporações, grupos políticos, não representa organizações financeiras e
não foi votada e acabou chegando onde chegou. Será que isso não seria suficiente para o incauto entender que algumas histórias transcendem a física? Para esses personagens não tem obstáculo intransponível.