POLÍTICA
Mais de 166 mil brasileiros poderiam passar a andar armados casos seja aprovado projeto que flexibiliza aumento de armas no país
Os novos senhores das armas no país seriam autoridades que vão de agentes de trânsito a parlamentares, diz consultoria do legislativa do Senado
Por Tião Maia, para AcreNews
Um total de 166.529 brasileiros podem passar a andar armados no país, caso seja aprovado, pelo Senado, o projeto de lei que amplia a posse e o porte de armas de fogo no país. A análise sobre o número de pessoas que passariam ter o direito às armas é de uma nota técnica elaborada pela Consultoria Legislativa do Senado Federal, ao estudar o projeto que está em tramitação no Senado Federal.
O documento mostra que as categorias mais beneficiadas com uma possível aprovação da matéria são a de oficiais de Justiça e a do Ministério Público, com 75 mil novas armas.
Veja, abaixo, a quantidade de novas armas e os beneficiados:
– 6.235 (defensores públicos)
– 700 (policiais de assembleias legislativas)
– 75.000 (oficiais de Justiça e do Ministério Público)
– 11.000 (agentes de trânsito)
– 30.000 (auditores e analistas de receitas)
– 8.000 (advogados públicos)
– 23.000 (agentes socioeducativos)
– 12.000 (peritos)
– 594 (membros do Congresso Nacional)
A nota informativa é assinada pelo consultor legislativo João Paulo Batista Botelho no último dia 14 de março. O projeto de lei está em análise no Senado Federal com relatoria do senador Marcos do Val (Podemos-ES) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
De acordo com o texto da proposta, os chamados CACs (caçadores, atiradores desportivos e colecionados) passam a ter direito de comprar até 16 armas. O projeto também extingue a necessidade de autorização de porte de armas para esses grupos.
O texto também aponta o fim das marcações nos projéteis disparados por pistolas, fuzis e outros armamentos. Atualmente, essas marcações são usadas por autoridades para rastrear armas e fiscalizar o desvio de arsenais.
A matéria tem sido debatida na CCJ do Senado desde o fim do ano passado, mas ainda não houve acordo para aprovação. Desde então, parlamentares se articulam para colocá-lo em pauta novamente e, consequentemente, pela aprovação.
Na reunião da comissão do dia 9 de março, depois de intensa discussão entre os senadores, foi adiada mais uma vez a votação do projeto após pedido de vista da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). A congressista alegou que o relator, Marcos do Val, leu um novo parecer acatando diversas emendas ao texto que seria votado, o que, segundo ela, promove alterações significativas na matéria, como a ampliação do porte de arma para diversas categorias, como membros do Congresso Nacional.
O tema é caro para o presidente Jair Bolsonaro e sua base eleitoral. Recentemente, o chefe do Executivo disse que é “quase zero” o número de pessoas com registro legal de porte de arma que têm envolvimento com grupos de extermínio e facções do tráfico.
“No Brasil são 600 mil CACs, logo, 25 [que estariam envolvidos com milícias] representam 0,00083% de todos que compram legalmente suas armas, quase zero”, escreveu o presidente nas redes sociais. CAC é a concessão de certificado de registro para pessoa física que deseja realizar atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro esportivo e caça.
Depois, Bolsonaro afirmou que o número de homicídios com armas de fogo diminuiu no país, sem citar quanto. Segundo o presidente, entre um dos motivos está a liberação do porte e da posse de armas.
“Vocês viram que os homicídios com armas de fogo caíram, menor número histórico. Entre outras coisas, a liberação das armas para o pessoal de bem. O cara pensa duas vezes antes de fazer besteira”, disse Bolsonaro durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada, em Brasília.
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