Mesmo com cinco filhos para criar, mulher decide que vai ser Juíza; vende doces no centro de Rio Branco pra pagar curso

A acreana Maria Adriana Castro decidiu, aos 30 anos, que vai ser Juíza de Direito. Nenhuma novidade em se tratando de pessoas determinadas. O problema dela é o rosário de obstáculos para serem ultrapassados até o dia da posse como magistrada, evidentemente sem data marcada. Ela é mãe de cinco filhos, é de família humilde residente no subúrbio de Rio Branco, o bairro Albert Sampaio, lhe sobrando uma alternativa para chegar a seu objetivo, a venda de doces pelo centro da capital, em uma mistura de camelô com mascate.

Adriana Castro não é uma pessoa comum. Em 30 anos de vida conta ter sobrevivido a experiências improváveis. Assume, na boa, por exemplo, ter tido vida errada em um determinado período, devidamente superado, sobretudo depois que ela decidiu usar em seu favor sua verve artística. Adriana é, nas disputas entre comunidades através da música, a competitiva MC Drika, nas rodas de hip-hop e rap.

O lado artístico de Adriana tem, segundo ela mesma, lhe ajudado em todos os sentidos, inclusive com algum ganho financeiro. Isso, no entanto, não lhe garante lastro financeiro suficiente para ela custear o curso preparatório que faz para conseguir o acesso à faculdade de Direito. A MC Drika troca de roupa e vai para as ruas oferecer doces a preços bem acessíveis. “Tem dia que chego a faturar até acima de 50 reais”, conta. No momento, inclusive, ela trancou o curso por estar tirando a habilitação para motorista. “Conseguindo a carteira, volto pra sala de aula urgente”, garante.

A MC Drika está nas redes sociais, com destaque para seu canal no YouTube, o mcdrikaacre. Enquanto não alcança bom rendimento com o canal na internet, ela pode ser achada pela região central da cidade com as mãos cheias de bombons e outros doces. Drika vai ficar nessa até a faculdade, quando finalmente realizará um sonho que nasceu a partir da história de uma Juíza da qual ela muito fã, a Maria Tapajos, um espelho que refletiu exemplo no Acre nos 1990 e 2000, até sua morte, em 2008, vencida pelo câncer. “A história dela me fez colocar isso na cabeça e eu vou conseguir”, revela Adriana ao Acrenews.