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GOSPEL

Mestre Irineu, fundador da doutrina do Santo Daime, ganha um longa-metragem de uma hora e vinte de duração

Produtor do filme é o fotojornalista acreano Raimundo Paccó, radicado em Belém (PA) e que fala sobre a produção com exclusividade ao AcreNews

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Por Tião Maia, para AcreNews 

Um longa-metragem com duração de uma hora e vinte minutos, a ser lançado em junho, em Belém (PA) e em outras regiões do país, conta a história do maranhense que se radicou no Acre no início do século passado o qual ficou conhecido por mestre Raimundo Irineu Serra, que morreu em Rio Branco nos anos 70.

O filme é chamado de “Consagração” e conta a história de Irineu Serra como criador da doutrina do Santo Daime, única religião genuinamente brasileira, retratada no filme. Poucas doutrinas religiosas estiveram tão envoltas em uma mistura de curiosidade, estranhamento, preconceito e até, durante certo tempo, modismo, como a que envolve o uso da ayahuasca. É isso que o filme também mostra.

“O filme tem enfoque também na vida do homem antes de ele se tornar o guia espiritual de milhares de pessoas no mundo inteiro, inclusive eu”, diz o diretor do filme, o acreano Raimundo Paccó, repórter cinematográfico nascido em Rio Branco e radicado no Pará desde os anos 80.

Para realizar o filme, Paccó e equipe se embrenharam nas florestas do interior do Acre e registaram o cotidiano e o cerimonial dos que convivem diariamente sob a doutrina nascida na selva. Em 2016, Paccó iniciou as gravações de um documentário envolvendo o Santo Daime. Intitulado ‘Consagração’, a obra permanecia guardada na ‘gaveta’ do fotojornalista, inacabada, precisando ser finalizada. Com o edital da Lei Aldir Blanc, a jornalista e editora Natia Ney Machado, percebeu ali a possibilidade de trazer o documentário à luz.

O filme mostra como o mestre Irineu chegou no Acre refazendo o caminho que ele fez para se tornar essa figura tão importante dentro da doutrina. Foram quatro locações nos estados: do Acre, Amazonas, Maranhão e Pará. “Fomos na comunidade onde o mestre Irineu nasceu, em São Vicente Ferrer, no interior do Maranhão, uma pequena cidade encravada em uma região muito pobre e abandonada pelo poder público. Encontramos muitos parentes direto do mestre ainda vivos, como uma tia de 98 anos que, apesar de cega, ainda lembra do sobrinho famoso e tão amado por todos”, disse Paccó. “Durante as gravações conhecemos outros parentes que consagram o Daime. Em uma viagem, ainda jovem depois de encontrar o seu caminho dentro do Daime, o mestre levou a doutrina para a comunidade no Maranhão. Hoje em dia lá há uma igreja dentro da comunidade onde o mestre nasceu. Outras locações foram o Seringal Mapiá, no Amazonas, onde passamos 25 dias filmando as festas de São Pedro e São João. Tivemos a autorização do padrinho Alfredo para filmar toda a cerimônia, coisa que até então nunca tinha sido feito”, acrescentou.

A direção do filme também esteve na aldeia dos Yawanawas, para mostrar a origem da bebida. “Como sabemos a bebida entrou na vida do homem branco através das comunidades indígenas proveniente dos Andes peruano, para finalizar fizemos as igrejas espalhadas pelo Pará dentro da linha do Santo Daime”, disse.

O filme também conta a vida de Irineu antes de se tornar o guia espiritual e revela onde ele nasceu e como era a sua vida no Maranhão. “Mostramos sua vida antes de ele se tornar o mestre Irineu. Ele vivia como qualquer outro homem que nasceu na pobreza em um lugar sempre abandonado pelo poder público”, disse.

Paccó deixou Rio Branco ainda muito cedo, no início da década de 1980, para estudar, como muitos fizeram na época. “Sou de uma geração do Acre maravilhoso muito diferente do atual Acre, que vemos agora, um lugar que está perdendo as suas origens e sua identidade e seu legado, que lutava pelos seus propósitos. Hoje em dia não reconheço o Acre do qual sempre tive muito orgulho de ter nascido e vivido os melhores momentos da minha infância e início de adolescência. Me tornei repórter fotográfico muito cedo em Manaus onde morava. Já se vão 33 anos de profissão tinha uma inquietação dentro do meu coração para fazer um trabalho contando a história da minha terra e dos meus amigos. Confesso que, de primeira, não era esse o tema que queria abordar, queria fazer um filme contando as histórias de quando era jovem mostrando a minha geração e meus amigos um Acre que nem lembra de longe esse acre de hoje”, revelou.

Paccó revela ainda que começou muito cedo sua vida profissional. “Meu primeiro contato com o jornalismo foi na primeira FM de Rio Branco, acho que do Acre, Rádio Rio Branco FM 93,3. Meu amigo Eié Santos convidou a mim e ao Thallis para fazer um programa a noite de sábado. Isso me despertou para a comunicação. Logo em seguida descobri a fotografia e já se vão 33 anos de trabalho. Passei por várias redações, jornais como Amazonas em Tempo, Correio Braziliense, Folha de São Paulo, Jornal de Brasília, Jornal do Comercio de Pernambuco. Nos anos 2000 assumi o comando da fotografia do jornal O Liberal, em Belém, onde fiquei 4 anos, e atualmente trabalho como freelancer para vários jornais e agências internacionais fazendo a cobertura da Amazônia”, acrescentou.

“Descobri que tudo o que envolve essa história do Daime no Acre acaba tendo relação com memórias antigas minhas. Coisas da infância, de adolescência. A gente às vezes se afasta das origens, mas elas não se afastam de nós”, reflete Paccó.

A mistura de vídeo e fotos que compõe o documentário possuía uma edição inicial, mas tanto Nátia Ney como Paccó chegaram à conclusão sobre a necessidade de uma nova montagem. “Há correções a serem feitas, realinhando o material”, explica a editora, que passou a se cercar de uma equipe experiente para a empreitada. Nomes como o de Márcio Cruz e Arthur Santos, braços direito e esquerdo na sala de edição.

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