Nívea, Esther e Theo: histórias transformadas pela adoção

No Dia das Crianças, além de celebrar a alegria e os sonhos da infância, é também momento de refletir sobre o direito de toda criança a crescer em um lar repleto de amor. Essa é a realidade vivida por Esther e Theo, dois irmãos biológicos que encontraram uma nova família por meio da adoção.

Esther, de 5 anos, e Theo, de 4, estavam inscritos no Cadastro Estadual e Nacional de Adoção. Em maio de 2024, a adoção foi oficialmente concedida, unindo os irmãos à servidora pública Nívea Melo, que havia iniciado o processo em janeiro de 2023. O primeiro contato entre eles aconteceu em novembro do mesmo ano.

A juíza Rosilene Santana, responsável pela decisão, destacou que a adoção é uma das formas de garantir o direito fundamental de crianças e adolescentes à convivência familiar. Esse conceito foi traduzido de forma espontânea por Esther: “Quando eu vi minha mãe pela primeira vez, eu amei ela. Eu abracei ela, dei um beijo nela. A gente assiste desenho, dorme e toma banho, vai pra aula, tem carro, tem comida, tem banana… eu tenho família, ando de bicicleta, passeio com a mamãe, eu vou pra escola, pra igreja, tenho tudo”.

Nívea optou por um perfil de adoção tardia — até dois irmãos com idade de até sete anos — considerando sua rotina de trabalho, igreja e atividades extras. “Eu imaginava que uma criança maior já acompanharia no que a gente fizesse. Mas é uma troca. Na prática, eu entrego a minha vida, eles entregam a vida deles e a convivência é construída juntos, o que fez nossas histórias serem ressignificadas”, afirmou.

A experiência trouxe também reflexões pessoais. “No início, eu queria filhos para suprir o meu desejo de ser mãe. Mas quando eles chegaram, isso transformou meu pensamento. A necessidade deles de ter uma mãe gritou mais alto. Na verdade, eles proporcionam mais para mim do que eu para eles – eles me fazem mãe”, completou.

A adoção, realizada de forma monoparental, também impactou toda a família de Nívea. Seus pais se tornaram avós e os irmãos, tios. “As crianças trouxeram uma vivência totalmente diferente. Mudou o cheiro, as roupas, os brinquedos espalhados… Nosso jeito de ver a vida e de se tratar mudou. Antes era uma rotina entre adultos, agora estamos todos interligados com essas duas pessoinhas que precisam de atenção”, contou.

O avô, Franceide Carvalho, emocionou-se ao relatar a nova rotina. “Crianças são seres de luz, são anjos. É sensacional você acordar e toda manhã eles darem bom dia. Eles percebem quando a gente está triste, aí já fazem um carinho e dizem ‘vovô não fica triste’. Ser avô está sendo uma experiência única”, compartilhou.

Enquanto a entrevista era gravada na brinquedoteca da Biblioteca Pública, Theo explorava os livros infantis. Sua participação no vídeo publicado no Instagram do Tribunal foi breve, mas cheia de entusiasmo: “Feliz Dia das Criançaaaas!”