O açaí produzido no Acre acaba de conquistar um importante reforço econômico: o fruto foi incluído na lista de produtos contemplados com o bônus do Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF). A medida representa um alívio financeiro para centenas de agricultores familiares que enfrentam variações de mercado e clima adverso.
O PGPAF é uma política pública federal que assegura ao produtor rural um desconto automático no pagamento das parcelas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) sempre que o preço de venda do produto fica abaixo do valor de referência estipulado pelo governo. A diferença entre o valor de mercado e o preço mínimo é compensada por meio de um bônus direto, calculado e aplicado sem a necessidade de solicitação.
Incentivo direto ao campo
No Acre, o açaí é cultivado tanto em áreas de várzea como em sistemas agroflorestais. Municípios como Tarauacá, Feijó, Cruzeiro do Sul e Marechal Thaumaturgo lideram a produção no estado, com destaque especial para Feijó, que recebeu o selo de Indicação Geográfica de Procedência — a primeira do tipo para o açaí no Brasil, reconhecendo a qualidade e tradição do produto local.
Com a inclusão do açaí no PGPAF, agricultores familiares dessas regiões passam a ter maior segurança de renda. O bônus representa uma compensação real contra a instabilidade do mercado, especialmente em períodos de excesso de oferta ou quando o preço pago ao produtor é reduzido por atravessadores.
Produção estratégica e crescimento sustentável
Em 2023, o Acre produziu aproximadamente 4 mil toneladas de açaí, sendo 1.791 toneladas em Tarauacá e cerca de 1.500 em Feijó, segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura. A cadeia produtiva vem sendo incentivada por políticas estaduais de distribuição de mudas, capacitação técnica e estruturação de agroindústrias para beneficiamento do fruto.
Agora, com o apoio direto do governo federal via PGPAF, o açaí acreano passa a integrar o grupo de produtos estratégicos não apenas para a segurança alimentar, mas também para a economia sustentável da Amazônia.
Proteção contra perdas e inadimplência
O funcionamento do bônus é automático: se o produtor financiou a produção de açaí pelo Pronaf e o valor de mercado caiu abaixo do preço mínimo garantido, a diferença será abatida da parcela do financiamento. Isso evita inadimplência, protege a continuidade da produção e fortalece a permanência do agricultor no campo.
Essa conquista representa mais do que uma correção de mercado — é o reconhecimento da importância da agricultura familiar como pilar da economia regional, da soberania alimentar e da proteção da floresta.