No Acre, famílias precisam de 8,6 meses para pagar a CNH, que custa R$ 3,3 mil, uma das maiores proporções do país

No Acre, o custo para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) chega a R$ 3.302,33, e o morador precisa comprometer 30% da renda média por 8,6 meses para arcar com o valor total — um dos períodos mais longos do Brasil. O dado faz parte de levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), que revela o peso financeiro do documento para famílias do Norte e Nordeste.

A pesquisa considera o critério utilizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), segundo o qual destinar até 30% da renda mensal é o limite considerado saudável para manter o equilíbrio financeiro. Acima disso, há risco de endividamento.

Enquanto no Acre e na Bahia o processo leva mais de oito meses, nos estados do Maranhão e Amazonas são necessários cerca de sete meses de esforço financeiro. Em contraste, regiões mais ricas, como São Paulo e Distrito Federal, registram custo equivalente a até dois meses de renda, tornando o acesso à habilitação mais viável e menos oneroso.

A diferença expõe a desigualdade regional: o Distrito Federal, por exemplo, tem renda domiciliar média de R$ 3,5 mil e cerca de 5 mil condutores habilitados a cada 10 mil habitantes. Já no Norte e Nordeste, onde a renda média não ultrapassa R$ 1,5 mil, o número de motoristas cai para entre 1 mil e 2 mil por 10 mil habitantes.

Segundo a Senatran, a obtenção da CNH continua fora do alcance de parte significativa da população de baixa renda, o que ajuda a explicar a evasão no processo formal de habilitação e o aumento de motoristas circulando sem documento. O estudo cruzou dados dos Detrans estaduais, autoescolas e do IBGE, destacando que o formato atual de acesso à CNH ainda é incompatível com a realidade socioeconômica de milhões de brasileiros.