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ARTIGO

O Acre só será a ‘terra do peixe’ quando produzir soja e milho suficiente para fazer ração, diz superintendente da pesca

Publicado

em

Por Jorge Natal

A aquicultura no Acre só será viável quando produzirmos, em larga escala, os principais insumos que compõe a ração (soja e milho). Além disso, é preciso haver uma política de estado com incentivos, assistência técnica e uma infraestrutura apropriada. Dessa forma, quiçá, o Acre possa ser o “endereço do peixe na Amazônia”, como dizia um ex-governador.

O técnico agropecuário e perito agrário, Paulo Ximenes, não só acredita nisso como está executando projetos para recuperar o setor. Há apenas três meses no cargo de superintendente da Pesca e Aquicultura, ele montou um planejamento e está andando pelos municípios para firmar parcerias.

“Ao lado de outros profissionais, das mais variadas áreas, já trabalhei como perito agrário no assentamento Cumaru. Incentivamos os agricultores a aumentar e a diversificar a produção”, relembrou Ximenes. “Depois disso, trabalhei para a Justiça Federal como perito ad hoc”, destacou ele, deixando a entender que tem experiência e o perfil para o cargo.

Militante da oposição ao longo dos últimos 20 anos, membro de família tradicional em Tarauacá, Paulo Jean da Silva Ximenes, de 46 anos, disputou as eleições de 2022 pelo PSD, aproximando-se dos três mil votos e foi premiado com o cargo, politicamente muito importante no Estado porque cuida de uma numerosa colônia de pescadores, que já elegeu muita gente por aqui.

Vejam a entrevista:

Acre News – Qual é a missão da superintendência da Pesca e Aquicultura?

Paulo Ximenes – Antes quero dizer que é um desafio organizar esse setor no Acre. Somos compostos por várias modalidades: a pesca artesanal, a pesca esportiva, a pesca industrial e a aquicultura, além da regularização dos barcos pesqueiros. Onde tem água da União, a superintendência estará presente.

Acre News – O senhor fez um planejamento e definiu algumas ações e estratégias. Comente sobre isso.

Paulo Ximenes – A política do setor pesqueiro é forte, mas nunca teve divulgação e ações efetivas do governo. Estamos trabalhando para mudar essa realidade, principalmente porque estamos numa posição geograficamente estratégica. Queremos produzir e exportar o pescado. Começamos a executar um projeto antigo, que é a limpeza e a desobstrução dos nossos rios e igarapés. Também pretendemos trazer uma Capitania dos Portos para Rio Branco, ou seja, a Marinha.

Acre News – Recentemente, a Fundação Oswaldo Cruz afirmou que o Acre é o segundo estado que mais consome peixes com mercúrio. Comente sobre essa pesquisa?

Paulo Ximenes – Essa informação ainda não chegou à superintendência nem ao Ministério da Agricultura. Ela não foi registrada nos órgãos, portanto, não é oficial. O peixe que vem para o Acre é fiscalizado. É provável que esse peixe entre no estado de forma clandestina.

Acre News – Como poderemos produzir e exportar peixes com o atual preço da ração?

Paulo Ximenes – A produção da nossa própria ração é um grande desafio. Já temos produção de alguns ingredientes da ração, ou seja, a soja, o milho, o farelo de osso, de vísceras e o sangue bovino. Através de emendas parlamentares, pretendemos criar mini fábricas de ração, que serão administradas pelas associações dos produtores. Também precisamos de estudos e técnicas de manejo. A superintendência está em contato com engenheiros de pesca e aquicultura para que, num breve período, eles possam vir ao Acre. Para a mobilização, contaremos com as associações de produtores e colônias de pescadores.

Acre News – E como estão os pescadores artesanais?

Paulo Ximenes – Eles estão esquecidos. Nós criamos o programa Saúde do Homem e da Mulher Pescadora. As mulheres, por exemplo, estão com um alto índice de problemas ginecológicos. Algumas nunca foram a um médico. Em parcerias com prefeituras e outros órgãos e instituições, levaremos essa espécie de saúde itinerante para as colônias de pescadores.

Acre News – O projeto Peixes da Amazônia nunca funcionou e se tornou um elefante branco. Por que?

Paulo Ximenes – Nós pedimos ao Ministério para que ele fizesse um estudo sobre o Peixes da Amazônia. Queremos saber o que deu certo e errado na concepção e execução do empreendimento. E se é possível retomar o projeto, afinal, estamos no corredor de exportação para o Pacífico.

Acre News – Durante muito tempo, o cargo que o senhor ocupa foi usado de forma politiqueira, notadamente com a expedição de carteira para pessoas que não eram pescadores. Essa ingerência não vai acontecer na sua gestão?

Paulo Ximenes – Jamais. Estamos sendo bastante criteriosos na expedição de carteiras, uma vez que ela é para beneficiar realmente quem precisa. Existem pessoas que estão na pesca e não precisam, enquanto outros precisam e não possuem a carteira. A nossa presença física nos municípios também contribuirá para inibir essa prática.

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