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POLÍTICA

“O Gladson Cameli entrará para a história como um governo de muitas realizações”, diz Alysson Bestene, o homem da Segov

Publicado

em

Jorge Natal para o Acrenews

“A articulação política é orientada pelo diálogo, pelo respeito e pela transparência”

O governador Gladson Cameli não prometeu, ao longo de sua última campanha, inaugurar uma nova forma de fazer política. Mas era preciso pôr fim ao “toma lá dá cá” que havia marcado os governos anteriores, inclusive o seu. Sua missão nunca foi acabar com o que chamam de “velha política”, associada à corrupção diante de supostos escândalos revelados nas operações da polícia ou pelos órgãos de controle.

Nas duas campanhas, foi eleito pelo Progressista e continua em suas fileiras. Também nunca foi crítico da política tradicional, mesmo quando foi parlamentar (ocupou o cargo de deputado federal por duas vezes e a metade de um mandato de senador). Neste momento, forma o seu governo deixando de lado a lógica de composição com os partidos. Também não priorizou as chamadas bancadas temáticas, que se unem por setor, como a bancada evangélica ou a bancada das terceirizadas.

Para aprovar as suas reformas e manter a sua base de sustentação, promete ampliar o diálogo. “As marcas principais do nosso governo são o diálogo e a liberdade”, enfatizou o secretário de Articulação Política, Alysson Bestene, que, além de ser amigo pessoal do governador, é o seu homem de confiança nas relações institucionais.

Em meio à disputa que está acontecendo nos bastidores da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o secretário reiterou a intenção do governo de fazer o que chama de “Novo Acre”. Alguns parlamentares não estão gostando desses novos critérios de escolhas para os mais diversos cargos no governo.

Diante desse quadro, o Acre News conversou com Alysson, que formulou o conceito de “governo de todos”, na tentativa de explicar a lógica da relação entre Executivo e Legislativo no Acre. Também falou das atribuições de seu cargo e sobre a votação expressiva que o governador obteve, fato que o deixou empoderado, diante da fisiologista política acreana. Vejam os principais trechos da entrevista:

O que é articulação política?
ALYSSON BESTENE – É a ação de liderança do governado e de seus líderes de governo, seus líderes de partido, para manter uma coalizão coesa e convencida da necessidade de votar a agenda do governador. São ainda relações institucionais e diálogo com representantes do movimento social.

Quais os instrumentos para se fazer a articulação política?
ALYSSON BESTENE – O instrumento principal e mais legítimo é a persuasão, a defesa da consistência técnica e da necessidade objetiva da agenda governador. Por outro lado, nos governos de coalizão, essa persuasão sempre levou também a compartilhamento de poder, pois na negociação sempre há concessões de parte a parte. Essas concessões não precisam ser espúrias, elas podem ser técnicas, podem ser feitas tendo como base o redesenho das medidas. Quando essa negociação leva a um redesenho das medidas, em geral, a expectativa é de que aqueles parlamentares ou os indicados por eles, que tenham melhores condições de tocar adiante aquela parte modificada da agenda, participem do processo de gestão.

Qual o limite entre articulação política e fisiologismo?
ALISSON BESTENE – São coisas diferentes. O fisiologismo, o clientelismo, é uma prática de troca de favores em dois momentos: o Executivo troca favores com o Legislativo, que troca favores com o eleitorado, sobretudo com os cabos eleitorais e com as bases organizadas. Isso se dá fundamentalmente porque não existem mecanismos de transferência de renda, nem benefícios sustentáveis que tornem o eleitor independente desse tipo de favor, fazendo com que ele passe a ser um eleitor voltado para ideias, princípios e valores, como ocorre nos países democráticos onde já se superou o estágio do clientelismo. A negociação de coalizão e de apoio político não é clientelista. É programática e tem a ver com valores, com ideias e com necessidades, sobretudo com as emergentes.

Qual é a tônica deste segundo mandato?
ALYSSON BESTENE – É atender as pessoas, ou seja, o cidadão. Temos grandes ações como, por exemplo, a entrega da nova maternidade, que será moderna e com mais leitos. A nova maternidade vai atender a demanda de todo o estado. Também temos obras estruturantes como o Anel Viário, a Ponte da Sibéria e o Viaduto da Avenida Ceará. Tivemos ainda um aumento significativo na produção de grãos, quebrando o paradigma de que não produzíamos alimentos. Além de oferecermos serviços de qualidade, temos o propósito de gerar emprego e renda para a população. O nosso estado é promissor e vamos atrair mais investimentos.

Quantos deputados o governo tem em sua base de sustentação?
ALYSSON BESTENE – O ano legislativo só começa no dia primeiro de fevereiro. Com diálogo, respeito e honestidade podemos ter entre dezessete a dezoito deputados com esse perfil.

O que há de novidades neste início de governo?
ALYSSON BESTENE – O governador é um ser humano que ama as pessoas e o Acre. Ele já demonstrou isso durante a maior crise sanitária do mundo, que tem uma grave consequência econômica. Neste momento, o Gladson não quer inventar a roda, ou seja, fazer promessas mirabolantes. Vamos fazer o básico, com ações factíveis em todas as áreas. Temos o prato extra e o fardamento nas escolas. Vamos criar as condições para o escoamento da produção rural. E vamos buscar alternativas junto ao governo federal para recuperar a BR 364. Como todas essas e outras ações, sem exageros, vamos lamentar o governador não poder concorrer a um terceiro mandato consecutivo.

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