ACRE
“O PIOR JÁ PASSOU” Secretário de Saúde do Acre, Alyson Bestene avalia um ano da guerra contra a Covid-19
Evandro Cordeiro
O odontólogo Alysson Bestene Lins, 46 anos, é um dos homens mais discretos do “time” do governador Gladson Cameli (Progressistas), embora dirija a secretaria mais complexa, a da saúde, especialmente diante de uma pandemia global. Com esse estereótipo, era de se esperar que ele só fale o necessário. E quando tira um minutinho para se comunicar, parece obcecado por um único assunto, o enfrentamento ao coronavirus, um elemento infeccioso cujas vítimas morrem asfixiadas. Em uma conversa dessas de elevador com o Acrenews, dado seu pouco tempo disponível, Alysson faz uma breve avaliação dos 12 meses de batalha, incluindo ônus e bônus do cargo.
Responsável por garantir o andamento de sua pasta da forma minimamente capaz de salvar vidas, carrega sob os ombros, ao mesmo tempo, o peso de ter que improvisar de vez em quando, dado o ineditismo da pandemia, que pegou todo mundo de surpresa. Em compensação, o nome desse jovem senhor tem sido a pauta diária das rodas onde se fala de saúde – e, como não poderia deixar de ser, em política.
Ao ser convidado a abordar tantos assuntos, inclusive de cunho pessoal, mesmo sem tempo, o cirurgião dentista desencarna por um instante do papel de líder dessa missão de guerra para se apresentar como um sujeito sensível, frágil, que enche os olhos de lágrimas ao contar os mortos pela doença, dentre os quais a propria mãe, dona Antonieta Lins.
Veja o que disse mais o secretário de Saúde:
Acrenews – Secretário Alysson, o pior momento da pandemia já passou, está passando…?
Alysson Bestene – Essa temporada que nós vivenciamos aí, um período com pacientes acabando na espera, no aguardo de leitos de UTI, foi um período de aproximadamente 30 dias, um volume de pacientes numa média de oito a doze pacientes, na fila das UTIs, isso de todas as unidades hospitalares do Acre, não somente na rede pública, mas também na rede privada. Foi um momento proveniente do aumento desse número de casos expansivos nesse período sazonal, de inverno, de enchente, de período de dengue também, e a questão migratória lá em Assis Brasil. Tudo isso convergiu para o aumento do número de casos da Covid e que, consequentemente, desencadeou para praticamente 100% da rede ocupada. O governo fez todo esforço para diminuir essas demandas, ampliando leitos. Não somente aqui na capital, mas também no Juruá e também agora nós estamos expandindo para Brasileia, para aquela região do Alto Acre.
O esforço da vacinação, das medidas restritivas para evitar o aumento do número de casos, para bloquear esse crescimento e diante de todo esse esforço, agora a gente passa a ter um equilíbrio e começa a ter uma queda dessa curva epidemiológica, diminuindo assim os números de casos. Isso é um trabalho conjunto, de esforço, Governo do Estado, da Secretaria Estadual de Saúde, em conjunto com as demais secretarias municipais de saúde e todo o esforço por parte do governo com relação às outras instituições para tomar as medidas assertivas para diminuir essa quantidade de casos. É uma doença que acomete não somente o estado do Acre, mas também vários estados, com esse aumento no número de internações, mas aqui no Acre a gente vem mantendo um equilíbrio nas ações para que a gente consega cada vez mais diminuir o número de casos e, consequentemente, o número de óbitos e de ocupação de leitos. Então tudo isso tem tem agora nos dados uma sensação melhor, de um trabalho mais equilibrado, diminuindo a dor das famílias que tiveram entes infectados e mortos.
Então fico feliz. Graças a Deus estamos chegando um momento aonde há uma esperança de cada vez mais a gente tá diminuindo esses óbitos, esses números de casos. Com a vacinação ampliando a gente vai ter aí uma população mais imunizada e preservando assim mais vidas. Aliás, esse é o objetivo do nosso governador para que a gente cada vez mais salve e preserve vidas.
Acrenews – Tem um equilíbrio, menos leitos ocupados, mas nenhum relaxamento das restrições ainda, né isso, secretário?
Alysson Bestene – Sim, a gente tem verificado esse recuo, um equilíbrio. As nossas previsões, nossos trabalhos técnicos apontam que após os dias 10, 15 de abril, a gente teria esse equilíbrio no número de casos e a tendência de queda. Porém diante da letalidade do vírus, também a mutação, a forma da contaminação a gente não pode sossegar nenhum momento.
Todas as medidas vão continuar sendo reforçadas. As medidas restritivas e também as ações de combate a pandemia tanto no que diz respeito a um plano de imunização, ampliar as ações de imunização da parte do governo monitorar É capacitar cada vez mais, entregar as vacinas para os municípios, a gente tem avançado também na parte de equipamentos nos município para que eles possam ter todas as condições de ampliar a questão da imunização.
Na parte assistencial, no que diz respeito aos hospitais, a gente tem reforçada com equipamentos, equipe, tudo o que está a nossa disposição para fazer dá toda a parte assistencial no combate à Covid nesses pacientes que estão contaminados, criando rede de oxigênio, a tomografia, exames, tudo que é necessário para o combate a pandemia na parte assistencial a gente tem buscado também. Então todos os passos que a gente está dando é para enfrentar esse vírus durante todo o ano de 2021 e sequencialmente no ano de 2022. Então vamos ter uma rede toda estruturada para atender bem a população do Acre.
Acrenews – Secretário, de vez em quando o senhor cai em si, diante de tão trágica situação, com pessoas morrendo aos montes? Quais foram os piores momentos?
Alysson Bestene – Sim, sim. Tem hora que, meu Deus…São momentos difíceis desde o início, momentos nos quais realmente a gente tem uma preocupação, se solidariza com às famílias enlutadas, porque nós tivemos percas significativas – eu mesmo me deparei com uma perda grande, perdi minha mãe – e assim, para mim tem sido bem difícil (se emociona fortemente). Eu sinto muito quando a gente vê uma pessoa passando por esses momentos de óbitos, sofrendo muitas vezes no leito dos hospitais, então isso mexe muito com o emocional.
Eu tenho buscado estar sempre dentro dos hospitais, não somente aqui na capital, mas no interior, acompanhando de perto, conversando com os pacientes e sentindo a dor desses pacientes, dessas famílias e é através dessa aproximação, desse trabalho intenso é que nós tentamos superar todas as dificuldades, inclusive a que eu tive de forma pessoal, que foi perder minha mãe, também me colocando no lugar do próximo, para que a gente possa fazer um bom trabalho e cada vez mais preservar e salvar vidas que esse é o principal lema do Governo, do governador Gladson para a gente enfrentar essa pandemia. Então a gente agora vem superando gradualmente esse momento difícil e tenho certeza que a gente vai ter momentos melhores para cada vez mais atender a população de forma digna, responsável, de forma transparente e dar melhores condições em prol de salvar a vidas.
Acrenews – Como o senhor avalia o governador Gladson diante dessa batalha de um ano já?
Alysson Bestene – Desde o primeiro momento o governador foi pra linha de frente. Lembro que ele reuniu os secretários diretamente envolvidos com a pandemia e colocou como meta, em primeiro lugar, a vida. Ele foi bem claro: vamos poupar o máximo de vidas possível. Ele é um líder que a gente admira, tem um coração enorme.
É incansável. Tem buscado fazer todos os esforços necessários para salvar e preservar vidas. Foi em busca da vacina, fez articulação com outros estados, vêm fazendo…não tem descansado um minuto nesse propósito de salvar vidas. A gente tem uma avaliação muito positiva. Olhando para outros estados, no Acre nunca deixou de ter assistência para a população, nem na falta de oxigênio, nem na falta de leitos, nem na falta de aparelhos e nem na falta de profissionais. Tudo nós tivemos buscando sempre dar toda assistência necessária ao nosso povo, nossa população, às famílias do nosso Estado. Então a gente tem uma avaliação positiva. Lógico que para isso, para estar dando conta do recado, a gente não tem parado. A gente continua trabalhando para cada vez mais dar todas as condições necessárias para atender bem a população.
Acrenews – É impossível falar contigo sem falar em política, uma vez que seu nome tem sido cotado nas mais diversas elucubrações. Então, é verdade que seu nome poderia surgir na chapa majoritária encabeçada pelo governador Gladson Cameli?
Alysson Bestene – Com relação à composição política para 2022, com relação à composição de chapa, o que eu sei é que hoje eu e o governador Gladson compomos uma chapa em prol de um claro objetivo: cada vez mais salvar e preservar a vida, combater esse vírus, vencer esse vírus aqui no Acre. O meu propósito junto ao governador, na equipe do qual me sinto honrado de fazer parte, de ter recebido esse convite, é me dedicar dia-a-dia junto com às pessoas que estão do meu lado, os profissionais da saúde, da gestão, da administração de tudo isso, os quais quero inclusive agradecer, agradecer também a todas as equipes que se envolvem nesse propósito de cada vez mais preservar e salvar vidas, que a gente tem uma boa relação com todos e eu tenho me envolvido e me esforçado cada vez mais, dioturnamente, em busca de salvar e preservar vidas.
Essa é minha chapa com o governador Gladson. Cada vez mais é vencer esse vírus. Agora com relação a parte política mesmo, a política partidária, cuja eleição se aproxima, em 2022, é de composições de chapas majoritárias e proporcionais que a gente precisaria se preocupar nesse momento, não fosse a pandemia. Por isso a gente vai deixar isso mais pra frente. Eu sou um admirador do trabalho do governador, sou amigo pessoal e também sempre tive nas trincheiras do nosso partido, o Progressista, batalhando para que tivéssemos uma oportunidade a frente do governo e realizar um bom trabalho. Então para 2022 continuarei na mesma pegada.
Serei mais um soldado que está aí à disposição para ajudar a dar continuidade nesse projeto do Gladson e para o que eu for chamado, seja para disputar, ou mesmo para compor uma chapa, estarei à disposição. Mas repito: o principal objetivo agora é vencer essa pandemia, é vencer o desafio da saúde em prol da nossa população.
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