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“O Rio que esquecemos de cuidar”, escreve o professor Raimundo Ferreira sobre a situação do manancial que cruza a cidade de Rio Branco 

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RIO QUE ESQUECEMOS DE CUIDAR

O Rio Acre já foi mais do que uma mancha barrenta serpenteando o mapa do estado. Era o espelho d’água de uma gente que lavava roupa, corpo e alma em suas margens. Era o caminho por onde deslizavam canoas cheias de histórias, barcos maiores transportando sacos de farinha, mercadorias diversas, redes atadas e pessoas alegres, cheias de esperança. Hoje, o rio ainda segue o mesmo curso — mas passa em silêncio. E mais sujo.

 

Caminhar pela beira do rio, em plena tarde quente de Rio Branco, é como visitar um velho amigo doente. O cheiro já não é mais só de lama e resíduos da floresta — há algo de detergente, de esgoto, de descuido. Plásticos boiam com a leveza cruel de quem não tem culpa de estar ali. O rio não reclama em voz alta. Continua sua jornada, como pode, arrastando um fardo invisível de indiferença.

 

Os peixes desapareceram. As crianças já não se banham como antes. E a água, que antes se bebia direto do balde, agora passa por tantos filtros que até perde o gosto. Mas o que realmente se perdeu foi a relação de respeito. O rio virou lixeira, canal de esgoto, depósito daquilo que a cidade não quer aceitar. E isso, no fundo, diz mais sobre nós do que sobre ele.

 

Alguém já disse que os rios são como espelhos das cidades. Se isso for verdade, o Rio Acre anda refletindo uma cidade que se esqueceu de cuidar do que tem de mais precioso e vital. Porque cuidar do rio é cuidar de si mesmo — é lembrar que somos parte do ciclo, e não os donos dele.

 

Ao nosso ver, ainda podemos fazer alguma coisa. Ainda dá para realizar a limpeza, tirar o lixo, devolver os peixes, tratar a água, tratar o rio como um parente antigo que sempre esteve ali — mesmo quando o esquecemos. Mas isso exige mais do que promessas de palanque. Exige consciência diária, educação nas escolas, ação nas ruas — e, principalmente, dedicação e amor. Um amor que se traduz em atitude.

 

Porque, no fim das contas, o Rio Acre só está poluído porque a gente permitiu. E é a gente — e somente a gente — que pode salvá-lo.

 

Salve o Rio Acre!

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