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ESPORTE

Esportes: Em artigo, professor Francisco Dandão escreve ‘O sol nasceu pra todos’

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O ideal de todo torcedor de futebol é que o seu time do coração vença dando espetáculo. Da mesma forma, o desejo desse mesmo torcedor é o de que todos os jogadores dos respectivos elencos ostentem a mais refinada técnica, do tipo que trata a bola com a intimidade de uma antiga amante.

No mundo real, porém, tudo isso fica no campo da utopia. Nem sempre as vitórias acontecem adornadas pelo manto do espetacular. Da mesma forma, num elenco de, digamos, 30 jogadores, nem vinte por cento prima pela fineza com aquela que antigamente a gente chamava de “deusa branca”.

Essas divagações me ocorrem por conta da história que eu fiquei sabendo, por esses dias, de dois centroavantes que vestiram em tempos idos a camisa do Brasil, ambos artilheiros: Leônidas da Silva, que jogou nas décadas de 1930 e 1940, e Leônidas da Selva, que jogou na década de 1950.

O Leônidas da Silva foi o homem que inventou a bicicleta no futebol, lance de dificílimo exercício e que somente os verdadeiros virtuoses conseguem executar. Defendeu o país na Copa de 1938 e jogava tanto que ganhou o apelido de “Diamante Negro”, marcando gols de todas as formas.

O Leônidas da Selva, cujo nome de batismo era Manoel Pereira, artilheiro nos clubes que defendeu, chegou a jogar pelo Brasil em torneios sul-americanos (Taça Oswaldo Cruz e Taça do Atlântico), mas era tão atrapalhado com a bola que só a dominava apontando-lhe um revólver.

Um gostava de receber a bola nos pés, fazia jogadas de estilo, matava a esfera no peito, cabeceava com perfeição, jogava de cabeça erguida e descobria os mais improváveis espaços. O outro só gostava de bola dividida, de preferência mais perto do zagueiro. Os dois, entretanto, artilheiros natos.

Falei até aqui do geral, mas já chego no particular e meto o futebol acreano na conversa, que na aldeia de Galvez, Chico Mendes, Plácido de Castro e outros menos votados também teve os “espelhos”, de face torta ou lisa, dos Leônidas: o craque e o grosso, mas ambos com apurado faro de gol.

Nesse âmbito regional, eu lembro de pelo menos dois centroavantes que tratavam a bola com o maior esmero: Touca, artilheiro nas décadas de 1940 a 1960, que dava bicicletas como o Leônidas da Silva; e Ayrton Baú que, também como o Leônidas da Silva, cabeceava com absoluta precisão.

Quanto aos centroavantes da aldeia que, apesar de artilheiros, chutavam mais o capim do que a bola, aí a lista se estende: Bruno Couro Velho (Rio Branco), Madureira (Andirá), Salvador (Independência), Bebé (Atlético), Walter Prado (Juventus)… É isso aí. O sol nasceu foi pra todos!

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