Oitenta anos de Raimundão, o primo de Chico Mendes que conheceu todos ciclos econômicos do Acre

Neste 14 de julho de 2025, celebramos as oito décadas de vida de Raimundo Mendes de Barros, o Raimundão, figura emblemática e primo de Chico Mendes. Nascido no coração da floresta amazônica, Raimundão não é apenas um guardião da memória e dos ideais de seu primo, mas também um representante vivo da complexa relação entre a conservação ambiental e os interesses econômicos do Acre. Hoje, vive sob proteção da Justiça em função de sua luta.
Sua trajetória reflete a incessante busca por um desenvolvimento que harmonize a riqueza natural com a prosperidade de seus habitantes.

A vida de Raimundão é um testemunho da luta extrativista, um modelo econômico que busca valorizar os produtos da floresta em pé, como a borracha e as castanhas, em contraposição a práticas predatórias. Essa visão, defendida por ele e por Chico Mendes, ressoa fortemente nas discussões atuais sobre a bioeconomia e as cadeias de valor sustentáveis, que o Acre tem buscado impulsionar. A defesa dos direitos dos povos da floresta e de seu modo de vida tradicional é intrinsecamente ligada à manutenção de um ecossistema saudável, que por sua vez, oferece recursos para um desenvolvimento econômico duradouro e inclusivo.
Ao longo de seus 80 anos, Raimundão presenciou as transformações econômicas e sociais da região. Ele vivenciou os ciclos da borracha, as pressões do desmatamento, os “Empates” e a chegada de novas fronteiras agrícolas e pecuárias. Sua experiência é crucial para entender os desafios e as oportunidades que o Acre enfrenta ao tentar equilibrar a expansão do agronegócio, com seus impactos e benefícios, com a necessidade premente de preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que são a base de um futuro econômico resiliente.
A voz de Raimundão, que ecoa a sabedoria de gerações de extrativistas, nos lembra que a sustentabilidade não é um obstáculo, mas sim um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico do estado. Seus oitenta anos são um convite à reflexão sobre como o Acre pode continuar avançando, gerando renda e oportunidades, sem comprometer seu patrimônio natural e cultural. A busca por modelos que valorizem a floresta, o manejo sustentável e a agregação de valor aos produtos amazônicos é o caminho para conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental, um legado pelo qual Raimundão dedicou sua vida.
No final, fica a questão: como o Acre pode, na sua visão, conciliar o crescimento do agronegócio com as práticas de desenvolvimento sustentável defendidas por figuras como Raimundão?